Vitinho no Botafogo: Entre Cruzamentos Cirúrgicos e Oportunidades Perdidas

A recente atuação de Vitinho no Estádio Nilton Santos, que culminou na vitória por 2 a 1 do Botafogo sobre o Bahia pela 26ª rodada do Campeonato Brasileiro, foi marcada por uma ovacionada recepção de cerca de oito mil torcedores. O lateral-direito, camisa 22, exibiu uma notável progressão em seu desempenho ofensivo, especialmente na fase final das jogadas, coroando sua participação com um cruzamento rasteiro e preciso que resultou no gol de Santi. Contudo, apesar de sua solidez defensiva e contribuições na criação, um antigo desafio persiste em seu repertório: a conclusão das jogadas. Mesmo diante do Esquadrão, o atleta desperdiçou mais uma oportunidade clara de balançar as redes e solidificar sua performance.

Embora seus números em 2025 ? dois gols e três assistências ? sejam considerados razoáveis para um defensor de sua posição, a questão central reside na discrepância entre sua constante presença ofensiva e a ineficácia na hora de finalizar. Desde a temporada anterior, o jogador tem se notabilizado por aparecer em posições privilegiadas para marcar, mas frequentemente falha em converter essas chances. Em momentos cruciais, como nos anos das conquistas da Libertadores e do Brasileirão, Vitinho protagonizou lances de gols perdidos que pareciam inacreditáveis, em confrontos contra Criciúma e Grêmio.

A Persistência de um Vício: O Histórico de Oportunidades Perdidas

Este ano, antes do embate com o Bahia, a lista de oportunidades não concretizadas inclui partidas contra LDU, Mineiro, Vasco, Palmeiras, Bragantino e Sport, abrangendo competições como Libertadores, Brasileirão, Mundial de Clubes e Copa do Brasil. A repetição desses episódios levanta questionamentos sobre a capacidade do jogador de transformar seu volume ofensivo em resultados mais tangíveis para a equipe.

A pauta em torno da finalização de Vitinho não é alheia à comissão técnica. Indagado pela equipe de reportagem do Jogada10, o técnico do Botafogo , Davide Ancelotti, confirmou que a questão está sob análise e é alvo de um trabalho contínuo para aprimoramento. Ancelottinho detalhou a abordagem:

Há um trabalho de melhora individual nos treinos. O Vitinho está trabalhando a finalização porque, no nosso sistema, é um jogador que chega bastante à frente. Nossos pontas-direitas preferem jogar dentro do campo, então, a amplitude é dele. Temos jogadores que podem encontrar esse passe para ele, como o Montoro, Savarino e Marlon Freitas. Vitinho , muitas vezes, tem situações de finalização, mas é um lateral que defende bem, com intensidade, faz uma boa pressão e se incorpora muito bem na ultrapassagem.

A Visão do Comandante: Treino e Expectativas para Vitinho

No entanto, em um contraponto à expectativa natural de um jogador que frequentemente atua no ataque, o treinador italiano fez questão de sublinhar que a essência da função de Vitinho é, primordialmente, defensiva. Para Ancelotti, o lateral-direito titular do Alvinegro, com histórico de convocações para a Seleção Brasileira, não deve ser cobrado com o mesmo rigor de um atacante no que tange à conversão de oportunidades. Davide pontuou:

Vitinho não é um ponta. Tem que evoluir porque tem muitas situações. Se tem um lateral que faz dez gols, serei o treinador mais feliz do mundo. Ele tem que melhorar nesse aspecto. Mas a minha expectativa nele para finalizações é outra. Não quero, neste sentido, pressioná-lo.

Essa ponderação do técnico revela uma compreensão da multifuncionalidade do atleta, equilibrando a necessidade de aprimoramento com a preservação de suas características fundamentais e evitando uma pressão excessiva sobre um aspecto que, embora importante, não define sua principal contribuição ao esquema tático.