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Vitinho Botafogo: A Liberdade Tática de Renato Paiva e o Novo Patamar do Lateral
Por Redação FutFogão em 25/05/2025 04:17
A noção de uma compreensão intuitiva do posicionamento dos companheiros, uma espécie de "confiança às cegas" no coletivo, encapsula a percepção de Vitinho sobre a abordagem tática de Renato Paiva no Botafogo. Desde que o estrategista português assumiu o comando técnico em fevereiro, o camisa 2, por sua própria declaração, tem experimentado uma expansão significativa em sua esfera operacional. Essa autonomia recém-adquirida transcende as meras responsabilidades defensivas ou a participação na construção de jogadas, agora abrangendo incursões proativas na área adversária, culminando em gols decisivos contra o Fluminense e o Carabobo.
"Eu posso fechar o olho e sei que o Artur vai estar por dentro, o Igor (Jesus) correndo no espaço, que eu vou ter apoio do Jair ", afirmou Vitinho , reiterando a essência dessa sincronia. Ele traçou um paralelo com sua experiência anterior na Inglaterra, onde vivenciou uma dinâmica de jogo posicional similar, enfatizando que tal coesão exige um período de maturação. O atleta lamentou a escassez de tempo para treinamentos práticos no cenário futebolístico brasileiro, indicando que grande parte dessa assimilação tática ocorre através de análises em vídeo e no cotidiano. Apesar dos desafios, ele expressou satisfação com a progressiva harmonia alcançada em campo.
A Filosofia Tática de Renato Paiva e a Adaptação de Vitinho
Embora conhecido por uma postura mais introspectiva fora dos gramados, reservando sua espontaneidade para o círculo mais íntimo, Vitinho concedeu entrevista, detalhando sua trajetória no Botafogo . Sua chegada, em setembro de 2024, ocorreu em um momento em que a equipe já se mostrava solidamente estruturada, o que, inicialmente, gerou uma percepção de um elenco "fechado". Contudo, a evolução de sua integração é notável, com o lateral exibindo hoje uma desenvoltura e um conforto significativamente maiores em suas atuações.
"Quando eu cheguei aqui, o time já estava montado, praticamente todas as peças. Acho que eu e o (Alex) Telles fomos os últimos. Tive que me adaptar", recordou o jogador, descrevendo o cenário inicial de sua chegada. Ele detalhou uma função mais restrita, operando predominantemente na última linha para atrair a marcação e, assim, criar espaços para atletas como Luiz Henrique e Savarino. A inflexão de sua posição sob Paiva é marcante: "Agora eu tô pegando mais a bola, posso vir mais por trás do jogo. Contra o Fluminense joguei mais por dentro, me deu mais liberdade pra jogar. É diferente." Essa transição de um esquema predefinido para a proposta tática de Paiva, que lhe confere maior liberdade, é um ponto crucial de sua adaptação e sucesso recentes.

Desempenho Físico e a Dinâmica da Lateral Alvinegra
Ao ser interpelado sobre a rotatividade observada na lateral do Botafogo , onde, apesar de ser o titular inconteste, Vitinho frequentemente é substituído por Ponte ao longo das partidas, o camisa 2 apresentou uma justificativa embasada em métricas objetivas: os "números do GPS". Estes dados, que quantificam o desempenho atlético em campo, como a distância percorrida, servem como um indicador crucial. Para Vitinho , essas estatísticas refletem diretamente as exigências do técnico Renato Paiva. A participação ativa em múltiplas fases do jogo, tanto na retaguarda quanto no apoio ofensivo, impõe um desgaste físico considerável aos atletas da posição.
"Acho que a resposta disso é o GPS", pontuou Vitinho , elucidando a lógica por trás das substituições. Ele destacou que, no sistema de Paiva, o lateral é uma das posições que mais exige esforço físico, com um volume de corrida significativamente maior em 2025 comparado a 2024. "Os números que bato hoje são números que eu batia na Inglaterra", revelou, traçando um paralelo com o futebol europeu de alta intensidade. A preferência do treinador por laterais que desempenhem tanto funções ofensivas quanto defensivas simultaneamente resulta em um desgaste acentuado. A capacidade de Paiva de contar com múltiplas opções qualificadas ? "Se entro eu, o Ponte, o Telles, o Cuiabano, (Paiva) sabe que pode contar" ? justifica essa gestão de energia, fundamental para manter o alto rendimento da equipe.
O Impacto da Chegada: Integração e Conquistas no Glorioso
A velocidade com que os acontecimentos se sucederam em sua vida e carreira foi notável. Em um período de apenas seis meses, o clube alcançou conquistas monumentais, sagrando-se campeão da Libertadores e do Campeonato Brasileiro. "Mal cheguei e as coisas aconteceram na minha vida", pontuou o lateral, referindo-se à vertiginosa ascensão. Contudo, essa trajetória também foi marcada por adversidades, incluindo uma lesão no joelho esquerdo no encerramento da temporada, que exigiu um processo de recuperação antes do início de 2025. Ele reconheceu os "momentos difíceis" enfrentados tanto por ele quanto pela instituição, mas expressou otimismo quanto à atual fase de superação e melhoria.
O embate contra o Fluminense, que culminou em seu primeiro gol pelo Botafogo , foi um marco emblemático. "Foi um jogo em que a gente conseguiu colocar tudo em prática dentro de campo, tudo que treinamos desde quando ele (Paiva) chegou", recordou Vitinho . Ele descreveu a metodologia de Paiva como "um trabalho diferente", traçando um paralelo com a abordagem de jogo posicional que vivenciou com Vincent Kompany na Inglaterra. A principal disparidade, segundo o atleta, reside na disponibilidade de tempo para treinamento: "a diferença entre o Brasil e a Inglaterra é que lá a gente tem tempo para treinar, aqui não temos por causa do calendário." Apesar das limitações inerentes ao calendário brasileiro, Vitinho sempre demonstrou convicção na qualidade do trabalho de Paiva, reconhecendo a necessidade de paciência para a assimilação tática. A atual fase, onde "nós estamos começando a entender agora sobre como é trabalhar com ele, o que quer", é vista com otimismo, com as coisas "fluindo" em campo.
As Perspectivas de um Craque: Entre o Campo e o Futuro
Questionado sobre a possibilidade de seguir carreira como treinador, Vitinho , aos 25 anos, considerou-se ainda jovem para uma decisão definitiva. No entanto, ele admitiu uma mudança de perspectiva após sua passagem pelo Burnley, sob a orientação de Vincent Kompany. "Depois que eu trabalhei com o Vincent Kompany lá no Burnley, comecei a enxergar o futebol de uma forma diferente. Comecei a ter mais vontade de aprender, sabe?", revelou. Essa experiência, somada ao aprendizado contínuo com Renato Paiva, despertou um interesse mais profundo pelas nuances táticas e estratégicas do jogo, deixando em aberto a possibilidade de um futuro na casamata.
A iminência de confrontos na Copa de Clubes contra equipes lideradas por estrategistas do calibre de Luis Enrique (PSG) e Diego Simeone (Atlético de Madrid) representa um desafio de elite. "É o mais alto nível do futebol, onde todos os jogadores querem jogar, todo mundo quer estar dentro do campo", enfatizou o lateral. Ele previu um patamar técnico elevadíssimo, que exigirá o máximo de ambas as partes. Vitinho observou que, embora o nível seja altíssimo, os adversários europeus também precisarão se adaptar ao estilo do futebol brasileiro. A preparação mental e física é, portanto, crucial: "temos que estar prontos mentalmente, fisicamente, para chegarmos lá e fazermos o nosso trabalho." A confiança na capacidade de replicar o desempenho do Brasileirão e do início da temporada é palpável, com a convicção de que o Botafogo fará jus à sua representatividade no cenário internacional.
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