Textor Recebe Apoio Crucial de Marinakis para Recompra do Botafogo SAF

O cenário estratégico do Botafogo testemunha um movimento financeiro de peso, com o proprietário da SAF, John Textor, fortalecendo laços com o bilionário grego Evangelos Marinakis. Este estreitamento de relações assume agora uma dimensão financeira direta, à medida que Textor busca apoio para sua iniciativa de reaquisição do Glorioso, visando desvincular o clube da estrutura global que ele próprio concebeu.

A aproximação não é recente, mas a injeção de capital de Marinakis na proposta de Textor marca um ponto de inflexão. Desde o início do ano, as transações de jogadores entre os clubes de ambos os grupos já superaram a casa dos R$ 700 milhões. Contudo, a recente união financeira representa a primeira vez que os dois empresários alinham seus recursos em uma empreitada conjunta, delineando um novo capítulo na gestão alvinegra.

O Plano de Textor: A Autonomia do Botafogo em Jogo

A decisão de Textor de separar o Botafogo do restante de sua rede de clubes, a Eagle Football, surge em meio a uma complexa disputa pelo controle desta holding. O objetivo é claro: recomprar o clube carioca e consolidar sua gestão de forma independente. A proposta foi formalmente apresentada aos demais acionistas da Eagle, incluindo os representantes da Ares Management, um fundo de investimentos com o qual Textor mantém uma dívida substancial.

Em 2022, a Ares Management concedeu um empréstimo significativo para a aquisição do Lyon por Textor, um compromisso financeiro que ainda não foi quitado. Para viabilizar a ambiciosa proposta de recompra do Botafogo , protocolada recentemente, a participação de Marinakis foi além do mero suporte financeiro. Representantes do magnata grego, que detém o Nottingham Forest, o Olympiacos e o Rio Ave, estão ativamente envolvidos nas negociações, sublinhando a seriedade e a amplitude dessa aliança.

A Teia de Relações: Negócios e Amizade entre Bilionários

A relação entre John Textor e Evangelos Marinakis transcende o aspecto puramente negocial, consolidando-se em uma amizade de longa data. Essa proximidade se manifestou, inclusive, em 2024, quando houve uma troca de informações e um sinal de interesse de Marinakis na SAF do Vasco, embora tais conversas iniciais não tenham prosperado em um acordo definitivo com a diretoria vascaína.

Nos últimos 19 meses, a sinergia entre os dois empresários resultou em, no mínimo, sete operações de compra e venda de atletas. Uma dessas transações, em particular, gerou considerável controvérsia no cenário futebolístico francês. No início de junho, Textor e Marinakis orquestraram a transferência do goleiro Matt Turner do Nottingham Forest para o Lyon, em um negócio avaliado em 8 milhões de euros.

A nova direção do Lyon, que assumiu após a renúncia de Textor em 30 de junho, manifestou insatisfação com a aquisição, considerando-a excessivamente onerosa. Tentativas de cancelar a operação foram infrutíferas, uma vez que Marinakis se recusou a reverter o acordo. Consequentemente, o clube francês finalizou a contratação nesta semana e, de imediato, cedeu Turner por empréstimo ao New England Revolution, com opção de compra e os salários arcados pela equipe norte-americana.

A afinidade entre os dois é expressa pelo próprio Textor:

Eu gosto do Marinakis. Há muita conversa sobre nos unirmos porque nosso relacionamento começou no Brasil, ele passou aqui antes de mim. Gostamos de recrutar, negociar e conversar sobre jogadores juntos. Ele é um dono diferente, muito passional. Tenho muita coisa em comum com esse estilo. Continuaremos negociando, trocando e nos divertindo.

O Nó Financeiro: A Disputa por Poder na Eagle Football

No epicentro da estratégia de Textor para o Botafogo reside uma intrincada batalha pelo poder na Eagle Football. O principal antagonista nesse cenário é a Ares Management, o fundo de investimento que desempenhou um papel crucial no financiamento da aquisição do Lyon. Em 2022, Textor contraiu um empréstimo substancial com essa companhia, por intermédio da empresária Michele Kang, atualmente presidente do Lyon, e da Iconic Sports. Em troca, 40% das ações da Eagle Football Holdings foram cedidas como garantia.

As ações do Botafogo e do RWDM Brussels, anteriormente conhecido como Molenbeek, foram as garantias diretas desse acordo. Com a incidência de juros, a dívida de Textor para com a Ares Management aproxima-se da vultosa quantia de US$ 500 milhões, equivalente a cerca de R$ 2,8 bilhões. A Ares, ciente da incapacidade de Textor de liquidar tal montante, almeja destituí-lo do comando de todos os seus clubes, incluindo o Botafogo , visando assumir o controle.

Diante desse impasse, Textor busca ativamente um acordo que lhe permita a recompra das ações e, crucialmente, a alocação do Alvinegro em uma nova entidade jurídica a ser estabelecida nas Ilhas Cayman. Caso essa manobra seja bem-sucedida, o Botafogo estaria efetivamente blindado das complexas e onerosas disputas pelo controle da Eagle, assegurando uma gestão mais estável e focada em seu próprio desenvolvimento.