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Textor e 2025: As Promessas Que o Botafogo Não Cumpriu e o Futuro Incerto
Por Redação FutFogão em 13/09/2025 06:13
A temporada de 2025 para o Botafogo, que outrora parecia ser a continuação de um conto de fadas, transformou-se em uma sucessão de frustrações. A recente eliminação diante do rival Vasco nas quartas de final da Copa do Brasil, após um empate por 1 a 1 e derrota por 5 a 3 nos pênaltis, marcou a sexta oportunidade de título perdida no ano. Este cenário amplificou o descontentamento da torcida, que havia cultivado grandes expectativas após um 2024 memorável, coroado com as conquistas da Libertadores e do Campeonato Brasileiro.
Neste contexto, as declarações e promessas do proprietário da SAF do Botafogo , John Textor, ganham um peso ainda maior. Suas falas, que incluíam desafios diretos aos adversários, previsões sobre a composição do elenco e até a admissão de equívocos no planejamento esportivo, servem agora como um roteiro para entender a trajetória alvinegra neste ano.
A Visão Ambiciosa de Textor para 2025: Vender e Reforçar
Em novembro de 2024, antes mesmo das glórias do Brasileirão e da Libertadores, Textor já esboçava seus planos para 2025. O empresário norte-americano delineou uma estratégia clara para o clube carioca: "vender muito e comprar ainda mais", visando a aquisição de quatro grandes reforços. Sua visão era elevar o patamar da equipe, consolidando-a entre os três melhores do Brasil anualmente e disputando a Libertadores em todas as edições.
Nosso plano no Botafogo é vender muito e comprar ainda mais. É aumentar o nível, estar no top-3 do Brasil todo ano, lutar pela Libertadores todo ano. Torcedores lá podem ficar loucos com essa questão de compartilhar transferências, mas a água flui por onde tem que fluir, os jogadores vão para onde têm que ir. Grande parte dos torcedores no Brasil acredita em mim.
A execução dessa promessa de mercado foi marcada por um intenso fluxo de atletas. Na primeira janela de transferências do ano, o Botafogo registrou nove contratações e 14 saídas. Posteriormente, na janela extraordinária da Copa do Mundo, Igor Jesus foi negociado com o Nottingham Forest, enquanto o clube trouxe cinco novos nomes: Arthur Cabral, Montoro, Joaquín Correa, Kaio Pantaleão e Christian Loor. A segunda janela internacional, encerrada em 2 de setembro, viu mais 14 jogadores deixarem o Botafogo (sete deles por empréstimo) e a chegada de Danilo, Neto, Chris Ramos, Jordan Barrera e Gabriel Bahia. De fato, o Botafogo se destacou como o clube da Série A com maior lucro em vendas.
Abaixo, um panorama do movimento de jogadores no Botafogo em 2025:
| Período da Janela | Entradas (Contratações) | Saídas (Vendas/Empréstimos) | Observações |
|---|---|---|---|
| Primeira Janela | 9 | 14 | Intenso fluxo de atletas. |
| Janela Extraordinária (Copa do Mundo) | 5 (Arthur Cabral, Montoro, Joaquín Correa, Kaio Pantaleão, Christian Loor) | 1 (Igor Jesus para Nottingham Forest) | Foco em reforços pontuais. |
| Segunda Janela Internacional | 5 (Danilo, Neto, Chris Ramos, Jordan Barrera, Gabriel Bahia) | 14 (7 por empréstimo) | Botafogo líder em lucro por vendas na Série A. |
O Elenco "Pronto em Abril": Uma Promessa Inconclusiva
Em meio ao turbilhão de chegadas e partidas no início do ano, questionou-se Textor sobre a expectativa para as reposições no elenco . O Botafogo havia negociado Luiz Henrique com o Zenit e Almada fora emprestado ao Lyon, ambos pilares nas conquistas de 2024. O empresário abordou a questão do "turnover" do grupo alvinegro, garantindo a solidez do planejamento.
Nossa meta é ficar mais forte a cada ano. Gostamos do nosso plano, do nosso scout. Temos os recursos financeiros para ir bem, mas nem todos (os reforços) virão no mesmo dia. No decorrer do ano, teremos um elenco forte e a meta é que, no início do Campeonato Brasileiro, em abril, tudo esteja certo.
Contudo, a realidade em campo não espelhou a tranquilidade projetada para abril. As eliminações precoces e a dificuldade em encontrar um entrosamento ideal sugeriram que a promessa de um time "certo" no início do Brasileirão não se concretizou plenamente, gerando mais questionamentos sobre a gestão do plantel.
Desprezando as "Copas de Marketing": O Início Oficial da Temporada
O ano de 2025 começou para o Botafogo com dois vice-campeonatos: na Supercopa do Brasil, contra o rival Flamengo, e na Recopa Sul-Americana, diante do Racing da Argentina. Esses reveses, contudo, não pareciam abalar a confiança de Textor publicamente. O dirigente americano reiterou que, sob sua perspectiva, a temporada ainda não havia iniciado de fato, minimizando a importância desses torneios.
A temporada começa agora. Lembre-se: nós também construímos esse time no início da temporada em 2024 e ganhamos o título (Libertadores e Brasileiro). Estou sempre trabalhando, estamos sempre crescendo, não ligo para essas copas de marketing.
Essa postura, embora buscando desvalorizar resultados negativos iniciais, contrastou com a alta expectativa da torcida por cada competição. A visão de que "a temporada começa agora" pode ter sido um escudo contra a pressão, mas não eliminou a frustração dos que esperavam um Botafogo dominante desde o primeiro apito.
A Transição no Comando Técnico e o "Botafogo Way"
A saída de Artur Jorge foi anunciada pelo Botafogo em 3 de janeiro, e o período de 55 dias até a contratação de Renato Paiva como novo técnico representou a transição mais longa na era SAF do clube. Apesar da aparente demora, Textor afirmou que o Botafogo estava "à frente no planejamento", destacando que Paiva chegou ao clube em fevereiro, antes de Artur Jorge em 2024.
O "Botafogo way" que queremos jogar é inteligente, técnico e rápido. Eu falei com vários treinadores que queriam vir pelo dinheiro, queriam vir pela fama, queriam treinar um campeão. Eu precisava achar alguém que estivesse pronto para treinar e jogar do nosso jeito. No fim, eu achei meu homem (Paiva) antes do momento em que achei em 2024. Então estamos à frente no planejamento.
A busca por um treinador alinhado ao "Botafogo way" demonstrava uma preocupação com a identidade de jogo, mas a interinidade e a posterior chegada de Paiva não conseguiram evitar as eliminações que se seguiram, levantando dúvidas sobre a eficácia desse planejamento.
O Desafio dos Campeões: "Venham nos Pegar"
No dia seguinte ao vice-campeonato da Recopa Sul-Americana, Textor participou da apresentação do técnico Renato Paiva. Em uma declaração audaciosa, o proprietário da SAF provocou a torcida do Flamengo, afirmando que uma vitória rubro-negra na pré-temporada, na Supercopa, não seria suficiente para "derrubar o Botafogo do topo da montanha".
O americano reiterou que o Botafogo atravessava um período de transição e desafiou abertamente os adversários alvinegros. Ao final da entrevista, Textor solicitou que funcionários do clube exibissem as taças do Brasileirão e da Libertadores sobre a mesa, reforçando a mensagem de superioridade.
Vocês não podem ser derrubados do topo da montanha na pré-temporada. Você precisa ganhar muitos jogos para conquistar o Brasileirão. Você precisa ganhar um enorme torneio continental para conquistar a Libertadores. Você não pode aparecer quando estamos em transição, nos vencer em um jogo e falar merda sobre nós, está bem? Nós somos os campeões, venham nos pegar, ok?
Essa retórica combativa, embora carregada de confiança, confronta a realidade dos resultados subsequentes. As eliminações em diversas frentes demonstram que, embora o Botafogo fosse o campeão vigente, a manutenção do "topo da montanha" exige mais do que apenas um histórico vitorioso.
O Balanço Pessoal de Textor: Uma "Lista de Erros" Não Revelada
Após a recente eliminação na Copa do Brasil, John Textor expressou seu lamento pelo desfecho precoce do Botafogo nas competições de mata-mata. Em um momento de reflexão, o dirigente mencionou possuir uma "lista de erros" cometidos no planejamento de 2025. Contudo, quando questionado sobre os detalhes dessas falhas, Textor optou por não as especificar, argumentando que a explanação completa demandaria uma noite inteira.
Primeiro: eu vou contar essa história olhando o espelho. Não vou sofrer tanto assim. Esse é um trabalho difícil se você passar o tempo repensando o que fez. Tenho uma lista de 20 coisas que eu fiz errado, que nós fizemos errado. Fácil, certo? Nós saímos da Libertadores precocemente, fomos eliminados da Copa do Brasil. Fracassamos nos nossos principais objetivos de títulos de copas. Mas ainda temos muita coisa para jogar este ano. Esses caras têm orgulho. Vamos dar aos torcedores algo de bom este ano. Não vou dar uma lista de todos os meus erros. Ou ficaríamos aqui a noite toda.
A admissão de falhas, ainda que genérica, sinaliza um reconhecimento das dificuldades enfrentadas. Resta ao Botafogo agora focar no Campeonato Brasileiro, único torneio que ainda disputa no ano, buscando reverter a imagem de um 2025 aquém das expectativas e das grandiosas promessas feitas por seu principal investidor. O próximo desafio será no domingo, às 17h30 (de Brasília), contra o São Paulo, no Morumbis, pela 23ª rodada da competição.
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