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Savarino: Reflexões Profundas sobre o Botafogo e a Despedida do Quarteto de 2024
Por Redação FutFogão em 21/11/2025 11:14
A temporada de 2024 do Botafogo, marcada pela consagração no Campeonato Brasileiro e na Copa Libertadores, gravou na memória alvinegra um quarteto ofensivo de notável impacto: Luiz Henrique, Almada, Igor Jesus e Savarino. Com o desenrolar de 2025, o cenário se transformou, e o venezuelano Savarino emerge como o único remanescente dessa formação vitoriosa. Esta solidão no elenco atual, conforme o próprio jogador expressa com um tom de melancolia e humor, ressalta a efemeridade das construções no futebol profissional.
A ausência dos antigos parceiros é sentida intensamente pelo camisa 10. Ele recorda a sinergia que transcendia as quatro linhas, uma conexão que se traduzia em resultados e um entrosamento que beirava a telepatia em campo. A partida dos colegas, embora compreensível no dinamismo do esporte, deixou uma lacuna emocional e tática que Savarino não hesita em pontuar.
O Legado do Quarteto Mágico de 2024 no Botafogo
Eles me deixaram sozinho, meu Deus (risos). A gente fez um quarteto muito especial não só dentro de campo, mas fora também. Há jogadores que também foram embora para outros clubes, mas eles (Luiz, Almada e Igor) ficaram muito marcados ali na frente, eu me combinava com eles.
A profundidade dessa ligação é um testemunho da química que impulsionou o Botafogo a conquistas históricas. Savarino detalha a compreensão mútua que existia, uma capacidade de antecipar os movimentos e intenções dos companheiros sem a necessidade de palavras. Essa fluidez, ele enfatiza, não é meramente fruto de treinos táticos, mas sim de uma construção nos bastidores, de uma comunicação constante e de um desfrute genuíno da parceria.
O mais importante é que a gente se conhecia dentro de campo. Eu sabia o que ia fazer o Igor, o que ia fazer o Almada, o que ia fazer o Luiz Henrique. Isso não só se conquista dentro de campo, mas nos bastidores. A gente tinha boa comunicação, e eu desfrutei muito desses momentos com eles. Quem sabe, no futuro, não possamos nos encontrar de novo?
A esperança de um reencontro futuro, expressa pelo atleta, sublinha o valor afetivo e profissional que o quarteto representou para ele. Em um esporte onde as formações mudam com frequência, a memória de um grupo tão coeso e bem-sucedido é um legado que permanece.
A Inabalável Conexão de Savarino com o Glorioso
A trajetória de Savarino no futebol brasileiro é notável, com o Botafogo representando sua segunda e mais prolongada experiência no país. Com um total de 200 partidas divididas entre o clube carioca (101 jogos) e o Atlético-MG (99 jogos, entre 2020 e 2022), o jogador venezuelano acumula um conhecimento considerável do cenário nacional. Sua chegada ao Rio de Janeiro foi pautada por objetivos ambiciosos, que, para sua própria surpresa, foram alcançados com celeridade.
Eu cheguei aqui (no Rio) com um pouco mais de experiência, porque eu já tinha jogado no Brasil. Mas eu e minha família viemos pensando em objetivos claros: alcançar muitas coisas com o Botafogo. Graças a Deus, no primeiro ano, conseguimos dois títulos muito importantes, que eu não pensei que fosse conseguir tão rápido.
A permanência de Savarino no Botafogo , diferentemente de seus ex-companheiros, não foi uma ausência de oportunidades. Propostas de clubes estrangeiros, como o Al-Rayyan do Catar e o Trabzonspor da Turquia, foram consideradas. No entanto, a decisão final pendeu para a continuidade no Glorioso, influenciada decisivamente pela estabilidade familiar no Rio de Janeiro e, acima de tudo, por um profundo carinho e senso de responsabilidade para com o clube.
O compromisso do atleta com o Alvinegro é inquestionável, especialmente em um momento de desafios. A ideia de "deixar o clube largado" durante a disputa por competições importantes como a Libertadores e a Copa do Brasil, revela a integridade e a lealdade do camisa 10. Sua felicidade atual no clube e a entrega total em campo são a materialização dessa escolha, deixando seu futuro nas mãos do destino, mas seu presente, dedicado ao Botafogo .
O carinho que eu peguei pelo Botafogo também foi muito grande. Na metade do ano, estávamos lutando por uma Libertadores, uma Copa do Brasil. Eu não ia deixar o clube largado, também pelo carinho que eu peguei. Decidi ficar, agora estou aqui, estou feliz. Como sempre falo: meu futuro eu deixo para Deus, que Ele se encarregue de tudo. Enquanto estiver aqui, sempre vou dar meu melhor pelo Botafogo.
Para contextualizar a carreira de Savarino no Brasil, apresentamos os dados de suas atuações:
| Clube | Período | Jogos Oficiais |
|---|---|---|
| Atlético-MG | 2020-2022 | 99 |
| Botafogo | 2024-2025 | 101 |
| Total no Brasil | 200 |
Botafogo em 2025: Adaptação e a Busca por Novos Horizontes
A temporada de 2025 tem apresentado desafios distintos para o Botafogo . A reformulação do elenco , com a saída de diversas "peças-chave", resultou em um time que, na visão de Savarino, se assemelha a uma nova equipe, em constante processo de conhecimento e adaptação. Os objetivos iniciais, embora claros, não foram plenamente atingidos, o que exige uma resiliência mental considerável dos atletas.
Os 11 que jogam são quase um time novo, a gente vem se conhecendo, melhorando, todos os dias. Desde o início do ano, tínhamos objetivos muito claros que não conquistamos (de títulos). Eu, pessoalmente, tenho minha mente muito forte apesar das coisas que aconteceram neste ano. É um time novo, saíram muitas peças-chave. Agora temos um objetivo muito claro que é se classificar à Libertadores. Vamos lutar todos esses dias e últimos jogos para conquistar esses objetivos.
Apesar das adversidades, a ambição do Botafogo permanece. Savarino refuta a ideia de que o time tenha se deixado levar pelas glórias de 2024. Pelo contrário, a equipe sempre buscou a vitória em cada confronto, mesmo que os resultados não tenham se materializado como esperado. A fase atual é de foco total na classificação para a próxima edição da Copa Libertadores, um objetivo que mobiliza todos os esforços.
A chegada de Davide Ancelotti como treinador é outro ponto de adaptação. O técnico, em sua primeira experiência como comandante principal, tem demonstrado uma rápida assimilação ao ambiente do clube, e o elenco , por sua vez, tem correspondido positivamente ao seu método de trabalho. A evolução é gradual, jogo a jogo, na busca pela assimilação da filosofia do novo líder técnico.
Ele tem pouco tempo no time e está se adaptando muito rápido. Também estamos conhecendo ele muito rápido. Seu trabalho é muito bom, apesar de ser o primeiro clube como treinador. Pessoalmente, tenho gostado muito e meus companheiros também. A gente vem pensando em seu trabalho, no que ele quer passar para nós. Vamos melhorando jogo a jogo, e estamos pegando a forma dele de trabalhar.
Raízes Profundas: As Inspirações de Savarino Fora de Campo
Além das quatro linhas e das estratégias táticas, Savarino revela as fontes mais profundas de sua motivação. Uma homenagem da torcida, com um bandeirão dedicado a ele, foi um momento de emoção ímpar, um reconhecimento que transcende o desempenho em campo e se eterniza em sua memória, mesmo em dias de derrota.
Foi um momento muito especial pra mim. Nunca pensei, na minha vida, na minha carreira, que uma torcida faria isso para mim. Isso vai ficar marcado para sempre. Tenho jogos muito importantes aqui no Botafogo, mas esse, apesar da derrota (2 a 0 para o Cruzeiro), eu lembro por essa homenagem que me fizeram. Vai ficar marcado.
A principal força motriz de Savarino, no entanto, reside em sua história pessoal. A memória de sua mãe, falecida quando ele tinha apenas dez anos, é uma presença constante e inspiradora. Sua família na Venezuela, sua esposa e seu filho são os pilares que o impulsionam a buscar a excelência diariamente, tanto no esporte quanto na vida. Uma jornada de superação que começou em um momento de grande vulnerabilidade.
Eu sempre jogo pela minha mãe, que faleceu quando eu tinha dez anos. Sempre lembro dela quando eu estou no campo. Lembro da minha família que fica na Venezuela, que luta todos os dias. Eu jogo sempre pra fazer meu melhor pela minha esposa, pelo meu filho. São minha motivação, e eu sempre venho todos os dias para melhorar e pra crescer dentro e fora do campo.
A infância, marcada pela perda materna e pela ausência paterna, foi um período de solidão e desafios, vivido ao lado dos irmãos em seu bairro na Venezuela. A virada, ele atribui à fé e ao encontro com a espiritualidade, que o fez perceber que não estava sozinho e o fortaleceu para trilhar o caminho que o levaria ao futebol profissional.
Eu ainda não estava na base, mas jogava no meu bairro lá na Venezuela (no falecimento da mãe). Eu tinha dez anos, meu pai não morava comigo, aí eu morei com os meus irmãos. Foi um momento muito difícil, porque parecia que eu estava sozinho. Acho que esse momento a chave foi conhecer a Deus, aí foi onde eu fui crescendo. Soube que eu não estava sozinho, e fui crescendo, e assim foi como eu virei um jogador profissional.
O Botafogo retorna aos gramados neste sábado, às 19h30 (horário de Brasília), para enfrentar o Grêmio no Estádio Nilton Santos. A partida, válida pela 35ª rodada do Campeonato Brasileiro, é crucial para o Alvinegro, que ocupa a quinta posição na tabela, com 55 pontos, buscando consolidar sua vaga na fase de grupos da próxima Libertadores.
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