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Renato Paiva: "Futebol Walt Disney" e a Luta por Autoestima no Botafogo
Por Redação FutFogão em 27/06/2025 20:13
No cenário do futebol contemporâneo, onde as narrativas são frequentemente moldadas por expectativas irreais e uma propensão a focar no negativo, a voz do técnico Renato Paiva, do Botafogo, surge como um contraponto perspicaz. O português, em entrevista recente, não poupou críticas ao que ele denomina "futebol Walt Disney", uma alusão à idealização e à falta de objetividade na análise do esporte no Brasil. Suas palavras ressoam como um chamado à reflexão sobre a autovalorização e a percepção interna do nosso próprio futebol.
Esta perspectiva filosófica, no entanto, não o afasta da realidade iminente. O Botafogo , sob seu comando, prepara-se para um confronto de peso no mata-mata da Copa do Mundo de Clubes. O adversário, o Palmeiras, promete um duelo intenso e estratégico, marcado para este sábado, às 13h (horário de Brasília), em uma partida de vida ou morte que definirá o avanço para as quartas de final.
A Crítica de Paiva ao "Futebol Walt Disney"
A expressão "futebol Walt Disney" utilizada por Paiva encapsula uma crítica profunda à forma como o esporte é consumido e discutido, especialmente nas plataformas digitais. Para o treinador, a busca por uma perfeição inatingível e a amplificação do que está errado, em detrimento do que funciona, criam uma ilusão que distorce a realidade e impede o reconhecimento das conquistas.
Ele argumenta que, enquanto o sucesso de equipes brasileiras pode ser visto com surpresa por observadores externos, internamente essa desvalorização é inaceitável. A mentalidade, segundo Paiva, reflete uma tendência social mais ampla de focar no negativo. ?É uma realidade não só do futebol, mas da sociedade. Se tiver 50 coisas boas e uma má, você foca na ruim. As redes sociais aumentam isto de uma forma anônima. Essa é a parte do Walt Disney, mas estou fechadíssimo a isso. Que seja um grande espetáculo.? A análise do português é um convite à valorização do que o futebol brasileiro realmente possui de excelência.
A Visão Ampla: Autoestima e Rivalidade no Futebol Brasileiro
Em um gesto que transcende a rivalidade clubística, Paiva revelou um desejo surpreendente para o desenrolar da Copa do Mundo de Clubes: a torcida pelo avanço de Flamengo e Fluminense, rivais históricos do Alvinegro. Esta posição, incomum para um técnico em meio à competição, sublinha sua defesa pela autoestima do futebol nacional.
"Que todos saibam perder e ganhar. No final, alguém continuará representando o futebol brasileiro. Que o Flamengo e o Fluminense passem. É isso que eu desejo. O futebol brasileiro precisa de mais autoestima. Falo como estrangeiro que trabalha no país do futebol, se valoriza muito pouco o futebol. Sempre falamos do que está mal, ninguém valoriza o que está bem. Parece surpresa para alguns (Botafogo passando). Para fora, até aceito. Para dentro, não consigo aceitar. Fica a dica. Valorize mais aquilo que o Brasil tem. Infelizmente, vai ficar uma equipe brasileira amanhã (Palmeiras ou Botafogo), mas vou torcer o máximo possível para que chegue ao máximo de brasileiros na semifinal"
Essa declaração, vinda de um estrangeiro que atua no "país do futebol", ressalta a percepção de que a autodepreciação é um entrave ao progresso. Para Paiva, o sucesso dos clubes brasileiros em competições internacionais não deveria ser visto como uma anomalia, mas como uma consequência natural da qualidade que existe, mas é pouco reconhecida.
O Desafio da Copa do Mundo de Clubes: Botafogo x Palmeiras
Apesar de suas reflexões sobre o panorama geral, o foco imediato de Paiva está no confronto decisivo contra o Palmeiras. Questionado sobre os recentes encontros entre as equipes, nos quais o Botafogo manteve uma invencibilidade de cinco jogos (três vitórias e dois empates), o treinador português enfatizou a importância do fair play e do espetáculo.
"As duas torcidas (Palmeiras e Botafogo) fazem espetáculos fantásticos. Estou muito orgulhoso de liderar uma equipe com uma torcida como essa. Espero que venham ao estádio para desfrutar. Podem xingar os treinadores, não há problema, e que no fim saibam ganhar e saibam perder. É só um jogo de futebol. É uma prova nova, a Copa do Mundo. Que sirva para que os treinadores façam um espetáculo, e acabe em 11 contra 11, sem lesões. Que ganhe o melhor e que ambos, dentro do campo, deem o exemplo em saber perder e saber ganhar. Isso vai lá para fora. Somos exemplos do que vai lá para fora."
No que tange à escalação, Paiva indicou que o zagueiro Jair é uma dúvida para a partida, tendo perdido parte do último treino devido a uma sobrecarga muscular. Com a suspensão de Gregore, que recebeu o segundo cartão amarelo na Copa, a expectativa é que Cuiabano retorne à ponta, reforçando a estratégia ofensiva do Alvinegro.
O duelo eliminatório, que ocorrerá no Lincoln Financial Field, será em jogo único. Em caso de empate no tempo regulamentar, a partida seguirá para prorrogação e, se necessário, disputa de pênaltis. A expectativa é de um confronto tático, onde a organização e as características marcantes de ambas as equipes prometem um "grande espetáculo para treinadores", como bem pontuou Paiva, que espera que o melhor vença em campo.
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