Paiva: Respeito Total, Medo Zero – Botafogo X Atlético de Madrid

Às vésperas de um confronto que pode solidificar sua posição nas oitavas de final, o Botafogo, sob a batuta do técnico Renato Paiva, se prepara para encarar o Atlético de Madrid. A situação na competição é bastante favorável: a classificação está virtualmente assegurada. O avanço só seria comprometido caso o Paris Saint-Germain supere o Seattle Sounders ? um cenário altamente provável ? e o Alvinegro sofra uma derrota por três ou mais gols de diferença frente aos espanhóis nesta segunda-feira. Contudo, um simples empate garante a liderança do grupo, um feito notável para o Glorioso.

Em coletiva de imprensa concedida na noite de domingo, 22 de junho, o comandante Renato Paiva optou por não desvendar os planos para a escalação. A dúvida persiste: o Glorioso manterá a formação que obteve êxito contra o PSG na rodada anterior, ou haverá ajustes estratégicos? A incerteza paira, mesmo com a consciência de que uma margem de três gols negativos seria o único obstáculo para a eliminação. Paiva sabe que o desafio é monumental, comparável à façanha de superar o Paris Saint-Germain por 1 a 0, um resultado que ecoou como um grito de força no cenário internacional.

A Admirável Visão de Renato Paiva Sobre o Desafio Atlético

A magnitude do adversário foi um dos pontos centrais da fala do treinador. Paiva não hesitou em classificar o Atlético de Madrid como um gigante, uma "montanha" a ser escalada, mas sem qualquer indício de temor. Sua análise pormenorizada da equipe espanhola revela um profundo respeito pela qualidade do oponente.

"Mais uma vez, não será uma montanha pequena. Se somarmos o individual, o coletivo e o peso do Atlético, imagine o tamanho da montanha. Temos de analisar as individualidades dos jogadores ? quase todos de seleção e um trabalho de mais de dez anos do treinador. E o Atlético joga numa numa liga de um patamar de exigência muito alto. Mas o Brasileirão também é assim. Com isso, a exigência no Brasileirão nos prepara muito bem para jogos assim. Ela está aí, e vamos tentar escalar como fizemos contra o PSG. Não vamos ceder, jamais. Eu confio que somos capazes. E, mais uma vez, temos de ser a melhor versão do Botafogo para competirmos com o Atlético"

A declaração de Paiva ressalta a intensidade do Campeonato Brasileiro como um preparatório ideal para confrontos de alto nível internacional. A crença na capacidade do Botafogo de apresentar sua melhor versão é inabalável, reforçando a mentalidade de competitividade que permeia o elenco.

Lições de Simeone e a Tática Alvinegra

Um dos momentos mais reveladores da coletiva foi a homenagem de Paiva ao técnico adversário, Diego Simeone. O português relembrou com admiração o período em que acompanhou os treinamentos do argentino no Atlético de Madrid, buscando absorver novas metodologias e filosofias de jogo. Essa experiência, segundo Paiva, foi fundamental para seu crescimento profissional.

"Muita coisa boa eu assimilei com ele. Ou ele não seria um dos maiores técnicos do mundo. Ele já tinha grande capacidade como jogador. A passagem pela Itália ajudou bastante também. Estive uma semana vendo o trabalho de Simeone. Tem grande qualidade e método. Lembro-me de um episódio em que Simeone tinha um exercício defensivo com uns cones cada um a um metro, e um lateral ficou mais um metro afastado do cone. Ele disse que um metro era um metro, e fazia toda a diferença. Em alto nível, esse tipo de coisa, tem influência"

A anedota sobre a precisão de um metro no posicionamento defensivo ilustra a obsessão de Simeone pelos detalhes, algo que Paiva claramente incorporou em sua própria abordagem. O respeito e a gratidão pela recepção de Simeone e sua equipe técnica foram evidentes nas palavras do comandante alvinegro.

"Aprendi muitas outras coisas, e com o adjunto dele também. Me receberam de forma fantástica, foi um grande ensinamento. E fui somando isso que aprendi aos estágios que fiz com outros treinadores."

Estratégias para Neutralizar o Adversário

Apesar das semelhanças táticas entre Botafogo e Atlético de Madrid, Paiva apontou distinções cruciais, especialmente no campo ofensivo. A preparação para o duelo envolveu um estudo minucioso para desvendar os pontos fortes do adversário e, assim, conceber uma estratégia eficaz que proteja a meta alvinegra e frustre as investidas ofensivas dos espanhóis.

"São claramente equipes diferentes. Mas com algumas dinâmicas idênticas: a saída em três, a construção em três. Mas os times possuem uma forma diferente de chegar à área, não há dúvida. Por isso, estudei bem o Atlético para encontrar uma estratégia que, de fato, consiga manter nosso time sem levar gol, bloqueando a construção e o lado ofensivo deles"

A expectativa de Paiva é de um Atlético que buscará o jogo ativamente, impulsionado pela necessidade de um resultado favorável. Contudo, o técnico do Botafogo assegura que a postura de sua equipe não será passiva, jogando com o "regulamento debaixo do braço", mesmo diante da margem de dois gols permitida.

"Não vamos jogar em cima do resultado. Sem a bola, faremos uma boa partida defensiva. Quando tivermos a bola, tentaremos controlar o jogo. O adversário tem sua estratégia. E o que espero é que joguem bem. Afinal, é um dos times mais fortes a nível físico e tátic. E, como eles precisam de resultado, vão se esforçar ainda mais. Mas garanto: aqui no Botafogo temos 100% de respeito e zero medo do Atlético. E, se o adversário nos permitir, faremos gols."

A declaração final de Paiva sintetiza a mentalidade do Botafogo para o embate: respeito absoluto pelo oponente, mas ausência total de medo. A promessa de buscar o gol, caso as oportunidades surjam, reforça a ambição do Glorioso em não apenas garantir a classificação, mas fazê-lo com autoridade e protagonismo.