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Montenegro Detalha Desafios da SAF Botafogo e Fúria de Textor: O Que Está Acontecendo?

Por Redação FutFogão em 28/11/2025 15:45

Carlos Augusto Montenegro, figura histórica e ex-presidente do Botafogo, tem se posicionado como um mediador essencial na complexa relação entre a Sociedade Anônima do Futebol (SAF) e o clube associativo. Recentemente, a esfera social do Botafogo buscou amparo judicial, resultando na aceitação de uma das solicitações. Essa decisão, se não for revertida, impedirá que a SAF negocie jogadores sem a devida autorização prévia do clube.

Em uma entrevista concedida ao portal ge, Montenegro detalhou sua intervenção direta, facilitando um diálogo telefônico na quinta-feira entre o presidente do clube, João Paulo Magalhães, e o CEO da SAF, Thairo Arruda. O ex-dirigente expressou otimismo quanto à possibilidade de as partes brasileiras envolvidas no processo alcançarem um consenso.

A única coisa que eu fiz, e fiz isso ontem, foi ligar para o João Paulo e para o Thairo e botar os dois juntos para conversar. E eles vão chegar a um acordo na Justiça, em cima dessa decisão que o juiz teve, e vão chegar a um acordo o mais rápido possível. Talvez até o início da semana que vem ou hoje.

Montenegro enfatiza que seu papel principal é o de "pacificar". Ele reconhece que, embora acredite no sucesso de sua mediação neste episódio, outros embates podem surgir. A incerteza sobre o desfecho das disputas internacionais envolvendo os acionistas majoritários, Textor e Ares, persiste.

O Papel do Clube Social e a Busca por Estabilidade

Apesar da percepção de que o clube social possui uma influência limitada na estrutura geral, Montenegro salienta sua importância vital para a manutenção das operações essenciais. "O clube social é muito pequenininho nessa cadeia. A única coisa que ele pode fazer é o seguinte: 'cara, deixa aqui o feijão com arroz para eu poder me alimentar'. A gente não pode fazer mais nada", afirmou o ex-presidente, delineando a modesta, mas crucial, demanda por recursos básicos.

A complexidade da situação foi publicamente evidenciada por uma publicação de John Textor nas redes sociais. Na quinta-feira, o empresário americano, em um post no Instagram, elogiou a parceria com Durcesio Mello, outro ex-presidente, enquanto ironicamente incluía vídeos engraxando os sapatos de Montenegro. A legenda provocativa, "Engraxei os sapatos errados", denotava uma clara indireta ao antigo mandatário.

Durante a entrevista, Montenegro manifestou profunda preocupação com a saúde financeira da SAF alvinegra. Ele revelou a dificuldade dos dirigentes do associativo em obter acesso e compreender os dados financeiros do futebol, o que tem gerado um ambiente de incerteza e especulação.

Finanças da SAF Sob Foco: Acusações Graves e Negações

A falta de transparência nos números foi um ponto central na fala de Montenegro. "A gente não sabe, não vê números, ele não mostra, não quer mostrar. Uma auditoria foi feita e a gente não sabe de nada, o clube social não sabe de nada. Então, a gente ouve histórias bárbaras", declarou o ex-presidente, evidenciando um cenário nebuloso.

Em um dos trechos mais impactantes da entrevista, Montenegro fez uma grave alegação sobre a origem de recursos para cobrir despesas operacionais. Ele mencionou a circulação de informações sobre a captação de fundos em condições atípicas. "De que está pegando dinheiro de agiota, pagando juros de 10% ao mês, cara. Para pagar folha. Isso está confirmado, aconteceu", afirmou, levantando um alerta sobre a sustentabilidade financeira.

Em resposta à acusação, o ge procurou John Textor, que veementemente negou ter recorrido a empréstimos de agiotas. A divergência nas narrativas sublinha a tensão e a desconfiança que permeiam a relação entre as partes.

Textor: Ídolo, Visionário e o Preço da Frustração

Montenegro, apesar das críticas recentes, mantém uma visão de John Textor como um "ídolo eterno" do Botafogo . No entanto, o ex-dirigente não hesita em ponderar sobre certas condutas do empresário. "O Textor é uma pessoa fora de série em relação ao Botafogo . Ele se apaixonou", destacou, reconhecendo o impacto positivo de sua chegada.

Contudo, Montenegro observa uma mudança no comportamento de Textor. "Mas ele está muito raivoso com a situação dele de ter perdido a aposta (no Lyon). Quem não acredita nele ou em algum milagre, ele fica com raiva. Ele não precisa ficar com raiva de ninguém. Ele é ídolo", analisou, sugerindo que frustrações externas podem estar influenciando suas ações.

O ex-presidente também pontuou um paradoxo financeiro: o Botafogo , que outrora faturava R$ 130 milhões, hoje alcança R$ 1,5 bilhão em receitas. Contudo, essa expansão não se traduz em estabilidade. "Mas não é possível você faturar isso e estar com tudo atrasado", completou, questionando a gestão dos vultosos recursos.

A SAF em Águas Turvas: Problemas de Fluxo de Caixa

O campeão brasileiro de 1995 revelou que a SAF Botafogo não tem recebido repasses financeiros da Eagle desde o início da disputa judicial. Essa interrupção de receitas é um fator de grande preocupação para o futuro da instituição. "Os minoritários, a Ares e o Textor ficaram brigando lá fora, nos Estados Unidos e na Inglaterra. Podem brigar à vontade, só que, com isso, parou de vir dinheiro para a SAF Botafogo , que está cheia de problemas", explicou Montenegro.

A situação é tão delicada que, segundo ele, os próprios funcionários da SAF não se sentem à vontade para expor a gravidade do cenário. "Eles não podem falar abertamente porque são funcionários do Textor. Mas está cheia de problemas", afirmou, sugerindo um ambiente de pressão e silêncio.

Montenegro detalhou as consequências diretas dessa falta de recursos. "Muitas parcelas de jogadores que foram comprados estão vencendo agora, no primeiro semestre de 2026 e estão sem dinheiro. Muitos parcelamentos que foram feitos, do Profut, da parte trabalhista, que, se não pagar, volta para o valor original. O orçamento fica comprometido, porque não sabe se vai ter dinheiro. Enquanto os sócios estão brigando, a gente não sabe se vai ter dinheiro", alertou, sublinhando a ameaça de um colapso financeiro.

O Dilema das Vendas de Jogadores e o Caso Almada

Questionado sobre a possibilidade de o clube social bloquear vendas de jogadores, Montenegro esclareceu que o objetivo não é impedir as transações, mas sim garantir que o capital gerado permaneça no Botafogo . "Poderia, mas a gente não faria isso (bloquear as vendas). O que a gente quer não é saber de negociação, nem do valor do jogador. Só queremos que o valor que for vendido, pode ser qualquer um, não vá para o Lyon, não vá para o caixa único e nem vá para pagar a dívida da Ares", enfatizou.

A preocupação central é que os recursos das vendas não sejam desviados para compromissos externos que não dizem respeito diretamente à SAF Botafogo . "A gente quer que esse dinheiro fique na SAF Botafogo , ela pagando investimentos, contratando jogador, pagando as dívidas, os parcelamentos, etc. Só isso. A gente não quer entrar em negociação nem nada. Basta o juiz dizer o seguinte: 'isso tem que ficar na SAF Botafogo , não pode ir para a intercompany'", concluiu sobre a demanda judicial.

Montenegro ilustrou a complexidade da gestão financeira com o caso de Thiago Almada, apontando para uma situação preocupante. "Você sabe a história do Almada? Você sabe que ele foi comprado no Atlanta? Você sabe que ele foi vendido para o Lyon? O Lyon pagou. E depois, ele foi vendido para o Atlético de Madrid. O Atlético de Madrid pagou. E a SAF Botafogo não pagou ainda o Almada ao Atlanta. Ou seja, o Almada já foi vendido duas vezes e a gente não pagou a inicial para o Atlanta", revelou, expondo uma lacuna de pagamentos.

O Otimismo de Textor versus a Realidade e o Cansaço de Montenegro

Montenegro descreve a postura interna de Textor como um otimismo inabalável, que por vezes parece desconectado da realidade. "É óbvio que ele também está jogando para a galera. 'Olha, vai ser tudo maravilhoso, tudo bom, tudo bem, tudo tranquilo, etc. É só aguardar, é só esperar'. P**, e todo mundo acredita. Mas não está acontecendo isso no dia a dia, entendeu?", disse, contrastando as promessas com os fatos.

O ex-presidente também mencionou a recorrência de promessas de novos investidores, como a "história do grego (Evangelos Marinakis)", que não se concretizaram. "Mas a gente está assim há quatro meses. Tinha a história do grego (Evangelos Marinakis), você lembra? Ele dizia: 'o grego vai abrir aqui, Botafogo em Cayman e tal, e vai ser sócio, vai ver só potência, vamos virar'. Acabou vendendo quatro jogadores e tal, não veio o grego, também é um direito dele não vir. Mas tudo bem, o que a gente não pode é ficar vivendo disso a vida toda", ponderou.

Apesar de reiterar sua admiração por Textor ? "O Textor, na minha opinião, é o maior ídolo que o Botafogo já teve" ? e reconhecer o que ele fez pelo clube, Montenegro confessou o impacto pessoal da situação. "Ele é meu ídolo. Mas eu não estou dormindo a noite", disse, expressando o peso da preocupação.

Montenegro finalizou a entrevista reafirmando que não tem intenção de retornar a qualquer cargo no Botafogo , citando idade, saúde e falta de vontade. Sua única motivação é a pacificação. "Minha única vontade é pacificar isso. Eu, como todo mundo, fomos pegos de surpresa com uma briga violentíssima entre os sócios. O João Paulo está há três meses conversando com todos os sócios da Eagle, com a Ares, com tudo, para ver se conseguia pacificar. Ele está achando muito difícil. Está complicado. E ele fala com o Textor também", concluiu, ressaltando a complexidade e a urgência da situação atual do Glorioso.

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