Marcelo Chamusca: Ex-Botafogo e a Homenagem Inesperada em Campo

Na última segunda-feira, um episódio de notável dedicação e afeto marcou o cenário da Série C do Campeonato Brasileiro. Marcelo Chamusca, técnico com passagem pelo Botafogo, tomou a decisão de estar à frente do Tombense em um confronto crucial contra o Maringá, em meio à tensa disputa contra o descenso. O que tornava a cena incomum era o contexto: o treinador exercia sua função profissional meras horas após ser informado sobre o falecimento de seu pai.

Péricles Raimundo Santiago Chamusca, carinhosamente conhecido como "Seu Pepé", havia partido na madrugada que antecedeu o jogo. A notícia chegou a Marcelo, irmão do também renomado técnico Péricles Chamusca, na manhã de segunda-feira. Contudo, a escolha de comandar a equipe naquela noite foi imediata e inquestionável para o treinador, impulsionada por uma razão que transcende o mero dever.

Um Legado Familiar no Futebol

A motivação de Chamusca para não se afastar do campo residia em uma profunda homenagem ao homem que o inspirou. O futebol sempre foi um elo central na vida familiar, e a presença de Marcelo na beira do gramado era, em sua visão, a forma mais digna de honrar essa paixão compartilhada.

Em suas próprias palavras, Chamusca revelou a essência de sua decisão:

Foi uma decisão minha de fazer o jogo. Recebi a notícia pela manhã e achei que (trabalhar no jogo) seria uma homenagem a ele. Meu pai era um apaixonado pelo futebol e influenciou a mim e ao meu irmão (Péricles Chamusca) a vivenciar o futebol desde cedo, como atleta e depois como treinador. Ele assistia a jogos todos os dias e o que ele mais gostava era assistir aos nossos jogos como treinadores.

Péricles Raimundo Santiago Chamusca não apenas acompanhava o esporte avidamente, mas o vivenciava em diversas frentes. Seu amor pelo futebol era tão palpável que o levou a atuar como comentarista esportivo em rádios baianas, solidificando ainda mais sua influência na carreira dos filhos.

A Luta Pela Permanência e o Gesto Final

No embate contra o Maringá, o Tombense, sob o comando de Chamusca, conquistou um ponto valioso ao empatar por 1 a 1. Este resultado, embora modesto, foi crucial para uma equipe que batalha arduamente para evitar o rebaixamento na Série C, e a presença do treinador certamente injetou um ânimo extra no elenco.

O clube mineiro encontra-se em uma situação delicada na tabela da competição. Com 12 pontos somados, o Tombense ocupa a última posição, com apenas cinco rodadas restantes para o término da primeira fase. Marcelo Chamusca, que assumiu o comando do time recentemente, registra em sua curta passagem um empate e uma derrota.

A situação do Tombense na Série C pode ser sumarizada:

Após a partida, sem hesitar, o treinador iniciou uma jornada noturna. Deixou Tombos de carro logo no início da madrugada e seguiu para o Rio de Janeiro. De lá, embarcou em um voo às 8h da manhã, com destino a Salvador, para estar presente no sepultamento de seu pai, cumprindo o último e mais doloroso dos deveres familiares.

Resiliência e Compromisso: A Jornada de um Treinador

Apesar da dor pessoal, Chamusca permanece focado na missão de manter o Tombense na Série C. O próximo desafio da equipe será no domingo, às 16h30, contra o São Bernardo, no Estádio 1º de Maio, em São Bernardo do Campo. A atitude de Marcelo Chamusca reflete não apenas a paixão herdada pelo futebol, mas também um compromisso inabalável com sua profissão e com a equipe que agora lidera, em um testemunho de resiliência em meio à adversidade mais profunda.