A História de Manga: Ícone do Gol e da Seleção Brasileira

O Legado de um Gigante: Haílton Corrêa de Arruda, o Eterno Manga

O futebol brasileiro se despede de um de seus maiores ícones. Haílton Corrêa de Arruda, conhecido mundialmente como Manga, faleceu aos 87 anos no Rio de Janeiro, após uma batalha contra o câncer de próstata. Sua partida deixa um vazio imenso, mas seu legado permanece vivo na memória de todos que amam o esporte.

Manga não foi apenas um goleiro; ele personificou uma era de ouro do futebol. Sua trajetória vitoriosa, marcada por defesas incríveis e uma personalidade carismática, o consagrou como um dos maiores da posição em todos os tempos. A história de Manga se entrelaça com a do Botafogo, clube onde ele se tornou um ídolo absoluto.

A Ascensão de um Ídolo no Botafogo

Considerado por muitos o maior goleiro da história do Botafogo , Manga acumulou um impressionante número de 20 títulos em 10 anos (1959-1969). Entre suas conquistas mais importantes, destacam-se quatro Campeonatos Cariocas e três Torneios Rio-São Paulo. Além disso, ele levantou diversos troféus em torneios amistosos internacionais, que na época possuíam grande relevância, principalmente no aspecto financeiro para os clubes.

Sua confiança e irreverência o transformaram em um personagem único. Um dos episódios mais emblemáticos de sua carreira é a famosa frase que ecoa até hoje nos estádios: "O bicho é certo!".

"O Bicho é Certo!": Uma Marca Registrada

Nos anos 60, o Botafogo vivia um período de supremacia nos clássicos contra o Flamengo. Em meio a esse cenário, Manga, confiante na vitória, solicitava à diretoria que adiantasse as premiações dos confrontos. Ele acreditava piamente no triunfo, a ponto de já ter "gastado" o prêmio antes mesmo da partida.

A frase "Eu dizia que o bicho já estava garantido, já tinha até gastado o prêmio. Saiu num jornal e até hoje é conhecido. Eu respeito a torcida do Flamengo, não quis ofender o clube tão grande que é que, peço perdão", dita por Manga em entrevista ao ge em 2013, revela sua espontaneidade e respeito ao rival. A expressão se popularizou tanto que virou estampa de camisetas e faixas da torcida alvinegra.

A força da frase é tamanha que até mesmo John Textor, dono da SAF do Botafogo , a utilizou em um vídeo publicado após uma vitória sobre o Flamengo em 2023. Isso demonstra o quanto a figura de Manga e suas palavras estão enraizadas na cultura do clube.

Da Glória no Botafogo à Copa do Mundo de 1966

O talento de Manga o levou a defender a Seleção Brasileira na Copa do Mundo de 1966, na Inglaterra. Vestindo a camisa do Botafogo , ele representou o país no maior palco do futebol mundial, consolidando ainda mais sua posição como um dos grandes goleiros de sua geração. Após sua passagem vitoriosa pelo Botafogo , Manga também deixou sua marca no Internacional e no Nacional, do Uruguai, conquistando títulos e admiradores por onde passou.

O Reconhecimento em Vida

O Botafogo sempre fez questão de reconhecer a importância de Manga para a história do clube. Mesmo após se aposentar e viver grande parte da vida no Equador, o goleiro retornou ao Rio de Janeiro após a pandemia da Covid-19 e recebeu diversas homenagens.

Em 2023, Manga foi homenageado pelo Botafogo no "Dia do Goleiro", data que coincide com seu aniversário. Ele compareceu ao Estádio Nilton Santos e foi aplaudido por todos os goleiros que defendiam o clube na época. Em dezembro do mesmo ano, representantes da diretoria do Botafogo visitaram Manga em sua casa, levando a taça da Conmebol Libertadores, um gesto que demonstra o carinho e a gratidão do clube pelo seu ídolo.

Manga recebe taça da Libertadores em sua casa e parabeniza Botafogo pela conquista pic.twitter.com/5QBUDrQjMx

— Brasil Football (@BrasilEdition) December 20, 2023

A história de Manga é um exemplo de talento, dedicação e amor ao futebol. Sua trajetória vitoriosa e sua personalidade marcante o eternizaram como um dos maiores ídolos do Botafogo e do futebol brasileiro. Seu legado continuará inspirando gerações de goleiros e apaixonados pelo esporte.