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John Textor Quebra o Silêncio: Entenda a Demissão de Renato Paiva e o 'Botafogo Way'

Por Redação FutFogão em 10/07/2025 12:24

O proprietário da Sociedade Anônima do Futebol (SAF) do Botafogo, John Textor, finalmente se pronunciou sobre o desligamento do técnico Renato Paiva. Em uma entrevista concedida ao podcast inglês ?talkSPORT?, o empresário norte-americano trouxe à luz os pormenores da decisão, que culminou após o revés sofrido diante do Palmeiras, nas oitavas de final do Mundial de Clubes, em 28 de junho de 2025.

A justificativa central para a interrupção do trabalho de Paiva, mesmo após um triunfo sobre o Paris Saint-Germain, reside na sua alegada desconexão com a metodologia que o próprio Botafogo valoriza. Textor foi categórico ao afirmar: ?Por que demitimos Renato Paiva depois que ele acabou de vencer o PSG? Ele quebrou os próprios princípios. Ele se afastou do seu plano. Nós o contratamos porque ele tem uma espécie de cinco linhas verticais de espaçamento. Ele é um treinador posicional. Ele é muito bom em educar os jogadores sobre onde se posicionar em campo em diferentes momentos e em diferentes terços. E aí, sinceramente, nossos fãs deram uma surra nele lá embaixo. É muita pressão lá embaixo. Começou a quebrar os princípios dele, começou a ficar na defensiva. Estávamos jogando na defensiva. Deveríamos ter vencido o Atlético de Madrid. Deveríamos ter vencido o Palmeiras. Somos um time melhor que o Palmeiras. Quando ele quebra os próprios princípios?. E isso foram dez jogos de desenvolvimento. A decisão foi tomada ao longo de dez jogos?.

A Quebra de Princípios e o Modelo Botafoguense

A contratação de Renato Paiva pelo Botafogo ocorreu em fevereiro, preenchendo uma lacuna de 54 dias na comissão técnica principal, desde a saída de Artur Jorge em 3 de janeiro. Durante esse período de transição, o Alvinegro foi conduzido interinamente por Fábio Matias, Carlos Leiria e Cláudio Caçapa, enfrentando reveses como os vice-campeonatos da Supercopa do Brasil e Recopa Sul-Americana, além da eliminação precoce no Campeonato Carioca. Textor defendeu a ?cautela? na escolha do novo técnico, ressaltando a importância de um alinhamento filosófico.

A principal crítica de Textor não se limitava aos resultados, mas à alteração na postura tática da equipe. O empresário relembrou um diálogo com o então treinador: ?Eu disse a ele, treinador, qual foi o melhor jogo que você já jogou na sua vida como treinador? Ele disse, bem, PSG. Eu pergunto: qual você acha que foi o meu melhor jogo como dono? E ele começa a olhar. E eu digo: PSG. Eu pergunto: mas aqui não é o PSG. Vocês vão jogar contra o Palmeiras hoje. É hora de jogar futebol. Então, vão lá e detonem, certo? O que a gente faz? Ficamos sentados assistindo eles avançarem. Então, durante dez jogos, ele ficou cada vez mais na defensiva. Ele estava quebrando seus princípios. E quando você quebra seus princípios, você tem que ir embora?. Este trecho evidencia a expectativa de Textor por uma equipe proativa e ofensiva, conforme a identidade estabelecida pelo clube.

John Textor Quebra o Silêncio: Entenda a Demissão de Renato Paiva e o 'Botafogo Way'
Foto: ( Eurasia Sport Images)

O "Botafogo Way": Uma Filosofia Inegociável

A demissão de Paiva, segundo Textor, não foi um ato isolado de um proprietário, mas um consenso do departamento de futebol. Ele enfatizou que as decisões são coletivas e baseadas em uma visão de longo prazo: ?Bom, nós ganhamos taças, não é? Eu não tomo essas decisões individualmente. Se todo o departamento de futebol vier até mim e disser que precisamos tomar uma decisão sobre esse técnico, nós a tomaremos. É isso aí. Eu não apareço de repente e demito pessoas. Isso aconteceu ao longo de dez jogos. Pudemos ver a trajetória do treinador mudando. Acho esse cara um treinador incrível, o Paiva. Mas, no próximo trabalho, ele precisa se manter fiel aos seus princípios. Ele não pode deixar a torcida gritando no Brasil. Quer dizer, eles são brutais. Tentei fazer isso (demitir pessoalmente) diretamente, mas achei que seria muito rude fazer isso antes de voltar para o avião, voltando da Copa do Mundo.?

A filosofia de jogo do Botafogo, batizada de ?Botafogo Way?, é o pilar que norteia as escolhas e a avaliação dos profissionais. Textor detalhou a essência desse modelo: ?Eu tenho que julgar as pessoas com base no que você me trouxe. Você está se mantendo fiel aos seus princípios? Você está executando seus princípios? Porque toda a organização está tentando se formar em torno de um técnico e chegar a um acordo. Claro. Você está recrutando jogadores no Botafogo , com perfil inteligente, técnico e rápido. Rápido com a bola, rápido com os pés. Queremos que a bola se mova loucamente. Queremos que a defesa fique atordoada, desorientada. Queremos conseguir criar espaços, certo? Essa é a nossa filosofia, o Botafogo Way. Então, estamos todos de acordo com isso. E quando o treinador chega, e ele concorda, e nós o contratamos, e há uma partida, e aí ele começa a ir na contramão. Todo o departamento de futebol vem até mim e diz: temos que fazer alguma coisa. Eu fiz.?

Gestão e Responsabilidade Tática

A participação de Textor no dia a dia do futebol é descrita como um catalisador de colaboração, não uma interferência direta na escalação. Ele se vê como a autoridade final que "força a colaboração" entre os profissionais, valorizando a opinião dos olheiros e analistas. ?Eu não escolho o time, mas tenho a autoridade final. O que eu faço é forçar a colaboração. Acho que algumas das melhores pessoas do futebol são os mais tímidos da sala. Eu prefiro scout, não diretores esportivos. E acho que os scout são os caras com as vozes mais baixas às vezes. Estou falando da seleção de jogadores. Os olheiros escolhem um time. Eu os vejo brigando. Nós nunca brigamos. E o que eu faço é forçar a colaboração amorosa dessas pessoas para que trabalhem juntas. E as respostas muitas vezes se tornam meio óbvias. E o dono, no fim das contas, tem que dizer, depois de ouvir tudo dos caras do futebol, que estamos escolhendo aquele cara por esse motivo.?

Sobre a gestão das equipes, Textor adota uma abordagem clara: contratar com base na visão do técnico e na aderência à filosofia do clube. Ele exige um plano de jogo completo antes de cada partida, demonstrando seu engajamento tático, mesmo sem interferir diretamente: ?Agora, quanto à gestão das equipes, tenho um plano bem simples. Você contrata alguém com base na visão dele. Ela combina com a sua? Ele joga o tipo de futebol que você quer que jogue com você? Mas a questão é a seguinte: se você os contrata porque eles contam sua filosofia e seu plano, então eu quero vê-los implementá-lo. Então, o que eu peço antes de cada jogo é um plano de jogo completo. Quero que eles se antecipem ao adversário. Eles escrevem ?É isso que o oponente vai fazer. É isso que nós vamos fazer. É assim que vamos responder?. E eu olho para isso. Eu leio. Não falo com ele sobre isso. E digo uma coisa: ?Ótimo. Obrigado. Divirta-se?. Digo isso antes de qualquer jogo. No final do jogo, eu nunca ligo para ele logo no final. Eu não grito. Eu não fico chateado. Alguns dos meus melhores jogos como dono foram derrotas, porque vejo os times fazendo o que o técnico quer. E aí, talvez um dia depois, o que eu digo? É o que eu digo. Divirta-se saindo disso. O que eu aprendi? Assim perdemos um jogo por 2 a 0 para o Santos no primeiro ano do Luís Castro. Nossos torcedores ficaram putos. Saí de lá muito feliz. Foi um jeito. Foi a primeira vez que o vi meio que implementando seu plano. Então eu vejo o plano dele. Eu o responsabilizo pelo seu plano.?

Os Números da Passagem de Renato Paiva

A jornada de Renato Paiva no Botafogo foi marcada por um período de adaptação e desafios. Sua estreia e sua última partida foram ambas contra o Palmeiras, com um empate sem gols no Brasileirão na primeira e uma derrota no Mundial de Clubes na segunda.

Estatística Valor
Total de Partidas 23
Vitórias 12
Empates 3
Derrotas 8
Gols Pró 29
Gols Contra 16
Classificação Libertadores Oitavas de Final
Classificação Copa do Brasil Oitavas de Final
Posição no Brasileirão (11 jogos) 8º lugar (18 pontos)

Para assumir o comando técnico, o Botafogo agiu prontamente, anunciando Davide Ancelotti, filho e ex-auxiliar de Carlo Ancelotti. O novo profissional já iniciou suas atividades no Rio de Janeiro, com a missão de reestabelecer o ?Botafogo Way? e dar sequência ao projeto do clube.

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Comentado em 10/07/2025 15:46 Vamos que vamos, Botafogo! Fé no Ancelotti!
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Comentado em 10/07/2025 14:07 Paiva foi brabo, ganhou do PSG, mas tem que jogar no Botafogo Way! Confia no Ancelotti agora, firme!
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