Impacto Financeiro da Política de Sócios no Botafogo

A Priorização de Sócios e o Desafio Financeiro do Botafogo

O Botafogo, em sua busca por fortalecer o relacionamento com seus sócios-torcedores, tem adotado uma política de ingressos que prioriza esse grupo. No entanto, essa estratégia, embora louvável em termos de fidelização, tem gerado um impacto financeiro negativo para o clube nos jogos do Campeonato Brasileiro realizados no Estádio Nilton Santos.

Apesar do sucesso recente nas competições, o Botafogo enfrenta dificuldades para atrair um grande público pagante aos jogos do Brasileirão. A média de público pagante em 2025 é de apenas 9.990 torcedores. Essa situação contrasta com o desempenho do clube em 2024, quando a média de público no Brasileirão alcançou 25.794 torcedores.

No último confronto, por exemplo, a presença de apenas 7.800 torcedores resultou em um prejuízo de R$ 292 mil para o clube. Desse total, quase 4 mil eram sócios, o que demonstra a forte adesão ao programa, mas também a dependência do clube em relação a essa receita. Nos quatro jogos do Brasileiro 2025 realizados em casa, o Botafogo já acumula um prejuízo de R$ 919.158.

A Estratégia de Sócios-Torcedores do Botafogo

A priorização do programa de sócio-torcedor é uma estratégia central da diretoria do Botafogo desde a sua transformação em SAF. O objetivo é aumentar os benefícios para os sócios e, consequentemente, fortalecer o vínculo com o clube.

Em entrevista concedida em 2024, Thairo Arruda, CEO do Botafogo , explicou a estratégia: "O que temos tentado fazer desde o início da SAF é buscar aumentar os benefícios e a relevância do programa de sócios para os sócios. E consequentemente para o clube. Quando entramos, acho que tínhamos 18 mil sócios no começo da SAF, e o tíquete médio era de R$ 23 por mês cada um. Isso dá uma receita de R$ 5 milhões por ano. A gente fez o trabalho de entender o mercado".

Essa estratégia tem se mostrado eficaz em termos de receita. Nos anos de 2022 e 2023, o Botafogo arrecadou mais de R$ 36 milhões com o programa de sócios, conforme divulgado nos balanços do clube. No entanto, o desafio reside em equilibrar a receita gerada pelos sócios com a necessidade de atrair um público pagante mais amplo, especialmente nos jogos do Brasileirão.

O Futuro da Estratégia e as Metas do Clube

O Botafogo mantém o foco na expansão do programa de sócios-torcedores. A meta é alcançar entre 85 e 90 mil sócios, o que, segundo a diretoria, garantiria a ocupação total do estádio por sócios na maioria dos jogos. Segundo Thairo Arruda, "Objetivo é de chegar a 85, 90 mil sócios. A consequência é que a maioria dos jogos serão ocupados 100% por sócios porque eles têm a prioridade por compra. Um jogo lotado, com 43 mil, a gente tem ocupação de 60% de sócios. Se chegarmos à nossa meta, teremos o estádio inteiro ocupado por sócios consistentemente. E o que acontece? Para você comprar ingressos, terá que ser sócio. Esse é o objetivo que a gente busca. Isso vai alavancar as receitas do clube, vai trazer mais segurança pelo senso de pertencimento e família, com controle maior de quem acesso o estádio".

Em 2024, essa estratégia foi utilizada com sucesso em jogos da Libertadores fora de casa, onde a compra de ingressos foi direcionada exclusivamente aos sócios-torcedores.

No entanto, alguns torcedores reclamam dos preços dos ingressos avulsos, o que pode estar contribuindo para a baixa frequência de público pagante nos jogos do Brasileirão. Os valores para o jogo contra o Internacional, por exemplo, foram semelhantes aos praticados para o confronto com o Estudiantes pela Libertadores, com o tíquete mais barato custando R$ 60 e o mais caro, R$ 200.

Resta saber se o Botafogo conseguirá encontrar um equilíbrio entre a valorização dos sócios-torcedores e a necessidade de atrair um público pagante mais amplo, garantindo, assim, a sustentabilidade financeira do clube e o sucesso nas competições. Nas palavras do ge Botafogo , "É meio vergonhoso" o público baixo nos jogos do Brasileirão, o que demonstra a urgência de se encontrar uma solução para o problema.