Gregore e a Filosofia da "Família Botafogo": Resiliência em Campo na Libertadores

No universo do futebol, onde a pressão e a adversidade são constantes, a formação de um grupo coeso transcende a mera soma de talentos individuais. É nesse terreno fértil que se estabelecem os pilares de uma verdadeira ?família?, conceito que o volante Gregore, do Botafogo, defende com veemência. Para ele, as provações em campo são o cadinho onde se forja o caráter de uma equipe, revelando a capacidade de cada um de se desdobrar pelo próximo e de eliminar qualquer resquício de vaidade.

Essa filosofia ganhou contornos ainda mais nítidos em um momento de alta tensão na recente vitória por 1 a 0 sobre a Universidad de Chile, em um confronto pela Conmebol Libertadores. O cenário, que para muitos alvinegros evocaria a amarga recordação de reveses passados, teve um desfecho distinto, impulsionado pela resiliência e pela visão de união que o próprio Gregore personifica.

A Resposta Inesperada à Adversidade

A imagem de uma repetição dramática assombrou a mente da maioria dos torcedores do Botafogo quando Jair foi penalizado com o cartão vermelho aos 24 minutos do primeiro tempo. Contudo, para o experiente meio-campista Gregore , essa sensação de um "filme passando na cabeça" não se fez presente. Essa é a convicção expressa pelo próprio jogador, que, com a autoridade de quem já enfrentou tal revés, tendo sido expulso em menos de dois minutos na decisão que valeu ao Botafogo o inédito título da Libertadores, soube como agir.

Gregore , com a serenidade de um líder, dirigiu-se a Jair para oferecer suporte imediato. ?Na minha opinião é assim que vão se formando os grupos. Uma adversidade com menos um, até tranquilizei o Jair ali, eu sei que é um momento difícil. Falei pra ele: aconteceu comigo numa final, lógico que ninguém quer que aconteça, mas a gente tem que se adaptar. É parabenizar o esforço da equipe e, graças a Deus, a gente selou essa classificação?, revelou o volante, destacando a importância da adaptação e do reconhecimento do esforço coletivo.

O Ethos da "Família Botafogo" em Campo

Diante da indagação quase protocolar sobre se um ?filme? de sua própria expulsão na final da Libertadores teria reaparecido, Gregore prontamente refutou a ideia. Ele descreveu o grupo como a ?família Botafogo ?, sublinhando a imediata mobilização de todos no vestiário para mitigar a desvantagem numérica imposta pela expulsão. Nesse contexto, a instrução para recuar e compor a primeira linha de defesa ao lado de Vitinho, Barboza e Alex Telles não foi percebida como uma simples solicitação tática, mas sim como um chamado inadiável à união e ao sacrifício coletivo.

O próprio Gregore elaborou sobre a dinâmica do momento crucial: ?Não, até que não (se passou um filme). A gente se olhou ali e gente sabia que tinha que se desdobrar. O mister falou que eu tinha que ir para a zaga, e eu falei: 'Mister, deixa comigo que estou aí pra ajudar. Isso é a família Botafogo , um correndo pelo outro. Quando acontece esse tipo de coisa, a gente tem que se desdobrar para dar o nosso melhor.'? Essa declaração ressalta a prontidão em se sacrificar individualmente em prol do objetivo comum, um traço distintivo de equipes verdadeiramente comprometidas.

Superando Desafios e Vaidades

A visão de Gregore sobre o grupo transcende o mero desempenho em campo, abraçando um pacto de lealdade e suporte mútuo. Reforçando a essência de sua visão, o atleta complementou: ?Uma família, né? Acho que a família é assim, ganhando ou perdendo a gente está junto. Se a gente perde, a gente está junto para se levantar, e quando ganha a gente está junto pra festejar. Então, isso é a família Botafogo . A gente corre pelo outro aqui. Dentro do nosso grupo a gente mata qualquer coisa sobre vaidade.? Essa perspectiva evidencia a maturidade e o altruísmo presentes no elenco, fundamentais para a construção de um time vencedor.

Lições do Passado, Foco no Presente Glorioso

Ainda assim, Gregore foi confrontado com a questão de se a experiência de um confronto com um enredo similar ao da final da Libertadores de 2024, onde sua participação foi efêmera, teria aliviado a frustração anterior. No entanto, o jogador manteve sua postura, desassociando categoricamente o recente embate contra a Universidad de Chile daquela decisão contra o Atlético-MG. Para Gregore , cada partida é um capítulo único, e o foco deve permanecer na superação do desafio presente, valorizando a classificação obtida e o esforço coletivo que a tornou possível.