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Felipe Machado: O Torcedor que Ama Botafogo e Cruzeiro Sem Culpa
Por Redação FutFogão em 03/08/2025 08:18
Neste domingo (3), enquanto a bola rola pelo Campeonato Brasileiro na 18ª rodada, um enredo singular se desenrola para Felipe Machado, conhecido como Ferrugem. O empresário de 35 anos, mineiro de origem e radicado no Rio de Janeiro há um ano e meio, possui uma familiaridade ímpar com o Estádio Nilton Santos, palco de inúmeras vitórias e noites memoráveis para o Botafogo.
Contudo, a ocasião de hoje é marcada por uma particularidade notável. Às 16h, quando o confronto entre Botafogo e Cruzeiro tiver início no "Colosso do Subúrbio", Ferrugem ocupará um lugar na tribuna visitante. Essa posição incomum reflete uma realidade pouco convencional no universo futebolístico: a divisão de seu coração entre o Glorioso e a Raposa, clubes que disputam a mesma porção de sua paixão.
A situação, peculiar por si só, levanta uma indagação fundamental: como um indivíduo consegue conciliar duas paixões clubísticas tão intensas, especialmente quando estas se colidem em um embate direto por pontos cruciais? A resposta de Ferrugem revela a complexidade emocional de tal dualidade.
A Complexidade da Paixão Dividida no Futebol
Fã declarado de ícones como Alex e Túlio Maravilha, Ferrugem exibe com orgulho as camisas de ambos os clubes, compartilhando abertamente essa paixão dupla em suas redes sociais e marcando presença em jogos tanto no Mineirão, quanto no Engenho de Dentro ou no Maracanã. Ele demonstra uma notável indiferença frente às críticas que rotulam sua relação com o futebol como "não monogâmica".
Ferrugem pondera sobre os sentimentos que o invadem em dias como este: "Fica um sentimento estranho. Você comemora um gol, mas se cala na hora de uma provocação na arquibancada. Comemora uma vitória de um lado, mas pensa que não precisava ser de tanto. O sentimento vai muito da fase. São clubes que historicamente disputaram poucas vezes títulos entre eles. Então, sempre foi mais tranquilo".
Com uma pitada de humor e sagacidade, ele defende sua posição: "Levo na brincadeira. Meus dois sócios estão em dia. Pergunto se o da pessoa também está. Tem gente que ama duas pessoas. Por que não posso amar dois clubes?", questiona, desafiando a rigidez tradicional do torcedor único.
As Raízes de Uma Dupla Identidade Alvinegra
A tradição de transmitir o legado clubístico de pais para filhos é um pilar do folclore futebolístico. Nesse sentido, o jovem Cauã, que acompanha Felipe em estádios mineiros e cariocas, está assimilando desde cedo a cartilha paterna, torcendo com igual fervor tanto pela Raposa quanto pelo Mais Tradicional. "Meu filho já tem dois clubes. Ele frequenta as duas torcidas comigo e, inclusive, mistura as músicas todas. Ainda não fala se prefere um dos dois. Ele sempre foge dessa pergunta", o empresário revela, apontando para a continuidade dessa paixão bipartida na próxima geração.
Sua criação em Belo Horizonte, com a consequente familiaridade com os estádios desde a infância, naturalmente fez do Cruzeiro o primeiro clube a entrar em sua vida. Contudo, a conexão com o Botafogo antecede em muito sua mudança para o Rio de Janeiro, mergulhando em memórias de sua infância. A residência atual na Cidade Maravilhosa apenas solidificou laços já historicamente presentes com o Mais Tradicional.
Ferrugem recorda com clareza a origem de sua ligação com o Botafogo : "Meu pai tem um tio em Bicas, na Zona da Mata. A gente o visitava muito na minha infância. Tio Lúcio e tia Edith. Na casa, todos são botafoguenses, algo que chamou minha atenção. Gostava muito do Túlio Maravilha e do goleiro Wagner. Por volta dos sete, oito anos, fui a uma final de Copa Rio São Paulo, com o Maracanã lotado. Desde então, sempre tive o Botafogo como meu segundo time. Jogando bola com os amigos, na hora de chutar, às vezes, eu era o Túlio, às vezes, o Marcelo Ramos", ele rememorou, detalhando a gênese de seu afeto pelo Glorioso.
O Apogeu da Fidelidade Compartilhada
Com sua alma "celeste e escolhida", Ferrugem já vivenciou momentos de pura exultação nesse "relacionamento aberto". O ápice ocorreu na final da Copa Libertadores, quando o Botafogo , mesmo com um jogador a menos desde os 30 segundos de jogo, superou o Atlético-MG, arquirrival do Cruzeiro, por 3 a 1, no Monumental de Núñez, em Buenos Aires.
Além de um título para a história do Botafogo , foi um resultado que se eternizou na memória dos torcedores do Galo. "Foi bom demais da conta! Fiquei insuportável! Vivi cada segundo daquele título e uso até hoje para tirar onda em Belo Horizonte. Não posso aliviar na zoeira porque, se tivesse ocorrido o contrário, eu seria a vítima preferida da zoeira de muita gente", pontuou Felipe, ao Jogada10, revelando o prazer de usar essa memória para provocar os rivais.
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