Demissão de Paiva no Botafogo: Fellipe Bastos Revela Falhas de Planejamento da SAF de Textor

A gestão do Botafogo, sob a égide da SAF de John Textor, tem sido alvo de escrutínio rigoroso, especialmente após o recente desligamento do técnico Renato Paiva. Este episódio, mais do que uma simples troca de comando, parece expor uma lacuna crônica na formulação de um planejamento estratégico robusto para o clube. A percepção de desorganização e a ausência de uma visão de longo prazo têm se solidificado, gerando apreensão entre observadores e torcedores.

A Instabilidade na Gestão do Botafogo: Um Alerta

Nesse contexto de incerteza, a voz do ex-volante Fellipe Bastos ressoou com veemência no programa Tá na Área, do SporTV. Sua análise foi direta e incisiva, corroborando a tese de que a decisão de afastar o treinador português é um sintoma claro da falta de uma direção coesa. Bastos não hesitou em apontar as falhas estruturais que, em sua visão, comprometem a estabilidade do Glorioso.

A passagem de Renato Paiva pelo Alvinegro foi notavelmente breve, marcando um período de apenas 121 dias no comando técnico, com um total de 23 partidas disputadas. Seu retrospecto, que incluiu 12 vitórias, três empates e oito derrotas, não foi suficiente para garantir sua permanência. Fellipe Bastos sublinhou a interferência externa nas escolhas do elenco, uma situação que, segundo ele, minou a autonomia do técnico. O comentarista relembrou a predileção de Textor por determinados nomes em detrimento das convicções do próprio Paiva.

"Renato Paiva teve 121 dias de clube, 23 jogos, 12 vitórias, três empates e oito derrotas. Foram 60 dias para escolher, ele escolheu um time. Encaixou com um time que o Textor não gostava, que era com o Cuiabano e Alex Telles dobrando na lateral, porque ele contratou o Santi Rodríguez para jogar ali, só que ele não respondeu"

O Curto Percurso de Renato Paiva e a Visão de John Textor

Essa citação revela uma dinâmica preocupante nos bastidores, onde a visão do proprietário da SAF parece sobrepor-se à expertise do corpo técnico, gerando desarmonia e fragilizando o projeto esportivo. A crítica de Bastos se estendeu à evidente ausência de uma estratégia bem definida desde o início da temporada. Ele argumentou que a equipe não demonstrou ter um plano consistente para os desafios iniciais, como o Campeonato Carioca, nem para compromissos de maior envergadura, como o Mundial de Clubes.

"Não teve planejamento para o início do ano, no Carioca, não teve planejamento para o Mundial"

Reforços Apresentados Sem Ritmo e a Falta de Coerência

Essa carência de planejamento ficou ainda mais latente com a chegada de reforços de peso, como Joaquín Correa, Arthur Cabral, Álvaro Montoro e Kaio Pantaleão, que foram integrados ao elenco de forma apressada e sem o devido tempo de adaptação. Muitos desses atletas, recém-saídos de férias, foram subitamente lançados em competições de alta exigência, o que naturalmente comprometeu seu desempenho e a coesão do time.

Diante de um cenário onde o técnico, apesar das adversidades, vinha cumprindo as metas estabelecidas ? como a classificação para fases decisivas da Libertadores e um desempenho inicial promissor no Mundial ? a decisão de sua demissão se tornou ainda mais incompreensível. Bastos questionou abertamente a lógica por trás de tal movimento, provocando uma reflexão sobre os verdadeiros critérios que norteiam as escolhas na gestão alvinegra.

"Classifica na Libertadores, na Copa do Brasil, pode ser quinto no Brasileiro? O que você explica para mandar o Renato Paiva embora?"

A Incompreensível Demissão e o Legado de Incerteza

Essa interrogação ecoa a perplexidade de muitos que acompanham o clube. O Botafogo , ao optar por uma nova mudança no comando técnico, reabre um ciclo de instabilidade que já assombrou temporadas passadas. A ausência de um plano claro e a impulsividade nas decisões geram um ambiente de incerteza, realimentando as preocupações da torcida com o futuro do Glorioso e a solidez de seu projeto.