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Davide Ancelotti: Solidão, Adaptação e o Novo Rumo do Botafogo
Por Redação FutFogão em 30/07/2025 09:33
A recente vitória em casa do Botafogo não representou apenas um triunfo desportivo; ela simboliza um marco na trajetória profissional de Davide Ancelotti. Esta é sua primeira experiência como treinador principal de uma equipe, um cenário que o coloca diante de um conjunto inédito de responsabilidades, da intensa pressão inerente ao cargo e, surpreendentemente, da solidão que acompanha a liderança técnica de um clube. O afastamento da sombra paterna, Carlo Ancelotti, e a assunção da chefia de sua própria comissão marcam uma fase de profunda imersão.
Sua chegada ao Rio de Janeiro tem sido uma verdadeira imersão no universo alvinegro. A dedicação é tamanha que sequer houve espaço para o turismo mais básico. A icônica praia de Copacabana, um dos cartões-postais mais visitados do Brasil, permanece inexplorada por Ancelotti, que só agora terá um breve respiro para se dedicar a aspectos pessoais, como a mudança para sua residência definitiva com a família.
A falta de tempo para lazer foi explicitada pelo próprio técnico:
"Não vi nada (do Rio). Encontrei uma casa, mas não tive tempo de fazer nada. Amanhã é dado um dia de folga para ver algo. Não vi Copacabana em duas semanas."
Ancelotti Filho: A Profunda Imersão no Cotidiano Alvinegro
A opção de se mudar para o Brasil representa uma guinada significativa em sua carreira. Caso tivesse permanecido como auxiliar da seleção, o planejamento inicial previa sua permanência na Europa, dedicado à observação de partidas e atletas. Contudo, a proposta de John Textor alterou completamente essa rota. Ancelotti já celebrou seu aniversário em solo carioca e contou com o apoio de sua esposa, Ana Galocha, que esteve no Rio para auxiliar na busca por um novo lar. Ela, inclusive, protagonizou momentos descontraídos, como uma visita ao supermercado, acompanhada de uma amiga especializada em moradia. Apesar da agenda apertada, o técnico já desfrutou de um jantar em um restaurante italiano na Barra da Tijuca, na companhia de sua esposa e membros da comissão técnica, embora a culinária local ainda aguarde sua exploração mais aprofundada.
Seu vínculo com o Botafogo se estende até o término de 2026, período que lhe permitirá uma vivência mais aprofundada da capital fluminense. Contudo, haverá uma interrupção temporária em sua jornada à frente do Glorioso: Ancelotti será cedido para integrar a comissão técnica da seleção nacional durante a campanha da Copa do Mundo, reencontrando assim o convívio profissional com seu pai. Em um contexto diferente de "Copa", foi na Copa do Brasil que o técnico celebrou sua primeira vitória em casa, um triunfo por 2 a 0 sobre o Red Bull Bragantino, conquistado apenas 22 dias após sua chegada ao Rio. Essa vantagem, inegavelmente relevante, sinaliza um início promissor.
O Contrato, A Família e Os Primeiros Sinais de Adaptação
A performance da equipe em campo é um testemunho do intenso trabalho e da imersão de Ancelotti na complexidade do Botafogo . Em sua primeira empreitada como técnico principal, ele se encontra em um processo contínuo de autodescoberta profissional, ao mesmo tempo em que precisa assimilar as particularidades do futebol brasileiro e gerenciar um elenco em plena reestruturação. A exigência na preparação do time demanda incontáveis horas de dedicação. O próprio técnico admitiu ter enfrentado uma noite de sono perturbada pela ansiedade antes de sua estreia à beira do gramado, no confronto contra o Vitória.
Embora a posição de técnico confira maior autoridade e autonomia, Davide Ancelotti tem experienciado intensamente a solidão inerente à cúpula da hierarquia esportiva. O próprio italiano discorreu sobre essa nova realidade:
"É diferente o pré-jogo, fico muito tempo sozinho no vestiário. Normalmente, como auxiliar, você faz o aquecimento com os jogadores, passa tudo mais rápido. Mas antes do jogo é um tempo que não tem fim. Essa é a parte mais difícil, estar só no vestiário. Um treinador está só. Essa é a diferença."
A Solidão do Comando e a Adaptação Tática Necessária
No campo da comunicação, Ancelotti já superou uma barreira fundamental em sua adaptação. Sua chegada ao Brasil, com um domínio notável do português, imediatamente capturou a atenção. O técnico revelou que, durante a Data FIFA de junho, não possuía conhecimento do idioma. Contudo, em sua chegada em 8 de julho, já demonstrava uma fluência surpreendente. Nos bastidores, ele compartilhou com o UOL seu método: a escuta e a repetição exaustiva. Afirmou não ter utilizado músicas ou séries específicas, nem mesmo praticado com os jogadores brasileiros do Real Madrid. Sua notável facilidade permitiu a incorporação de um novo idioma ao seu repertório.
Curiosamente, Davide é percebido nos bastidores como um indivíduo de poucas palavras, especialmente quando comparado ao seu antecessor, Renato Paiva. Sua comunicação parece transcender o verbal, manifestando-se por meio de um olhar perspicaz. E o que ele tem observado em sua equipe, que permanece invicta sob sua gestão, aponta para um futuro promissor.
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