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Davide Ancelotti e John Textor: A Complexa Relação que Culminou na Saída do Botafogo

Por Redação FutFogão em 20/12/2025 12:44

A recente desvinculação de Davide Ancelotti do comando técnico do Botafogo, oficialmente comunicada na noite da última quarta-feira (17), trouxe à tona uma série de declarações que merecem uma análise aprofundada. Tanto o técnico italiano quanto John Textor, acionista majoritário do clube, fizeram questão de sublinhar a natureza respeitosa de seu relacionamento, mesmo diante de um desfecho que aponta para divergências significativas nos bastidores.

John Textor, em manifestação anterior, já havia expressado sua admiração pelo profissionalismo de Ancelotti. O empresário norte-americano descreveu o treinador como um "cavalheiro" e um profissional em ascensão, enfatizando a ausência de atritos pessoais diretos entre eles.

?Davide é 100% cavalheiro, é um treinador novo e profissional que nunca tive um único desentendimento?, afirmou Textor, reforçando que respeitou a decisão do treinador de não aceitar mudanças em sua comissão técnica.

Reforçando essa narrativa de cordialidade, Davide Ancelotti utilizou suas plataformas digitais, especificamente um story no Instagram nesta sexta-feira (19), para externar seu apreço pela experiência no Glorioso. Em sua publicação, o italiano fez questão de reiterar a solidez da sua interação com a cúpula alvinegra: ?Sempre tive uma relação baseada no respeito e no diálogo aberto com John e a liderança do Botafogo . Sou grato pela confiança, pelas conversas e pela oportunidade de trabalhar em um contexto tão exigente?.

O Profissionalismo em Meio às Divergências

Apesar das palavras de mútuo respeito e do diálogo aberto, o pano de fundo da saída de Ancelotti revela uma questão central no futebol de alto rendimento: a autonomia do treinador sobre sua comissão técnica. A diretoria do Botafogo manifestou o desejo de dispensar o preparador físico Luca Guerra. Contudo, Ancelotti, em um gesto de lealdade e convicção profissional, optou por não aceitar a intervenção, decidindo desligar-se do clube em conjunto com o restante de sua equipe.

Essa foi a primeira incursão de Davide Ancelotti como técnico principal, uma experiência que se iniciou em julho, logo após a disputa do Mundial de Clubes nos Estados Unidos, quando assumiu o posto deixado por Renato Paiva. Sua passagem pelo clube carioca, embora relativamente breve, foi marcada por momentos de instabilidade e também de recuperação.

Durante sua gestão, Ancelotti liderou o Botafogo em 32 confrontos, acumulando um histórico que, embora não seja espetacular, demonstra certa consistência, especialmente no final de sua jornada.

Total de Jogos Vitórias Empates Derrotas Sequência Final Invicta
32 14 11 7 10 partidas

O Legado e as Perspectivas Pós-Saída

O trabalho de Ancelotti culminou com o Botafogo garantindo a sexta posição no Campeonato Brasileiro, assegurando uma vaga nas fases preliminares da Copa Libertadores. Este resultado, apesar dos desafios e das oscilações, representa um avanço para o clube e um ponto positivo na trajetória do treinador. A sequência invicta de dez jogos que antecedeu sua saída sublinha um período de estabilidade e melhora no desempenho da equipe.

A desvinculação de Davide Ancelotti, portanto, não parece ser fruto de um desentendimento pessoal ou de uma falha de comunicação primária, mas sim de uma divergência estratégica e de princípios que se manifestou na gestão da equipe técnica. O respeito mútuo declarado por Textor e Ancelotti, embora louvável, não foi suficiente para superar a barreira imposta pela autonomia da comissão. Tal cenário serve como um lembrete da complexidade inerente à gestão esportiva de alto nível, onde a visão de longo prazo e a coesão interna são tão cruciais quanto o desempenho em campo.

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