Danilo e o Botafogo: R$147 Milhões, Lesões e a Missão de Consolidar-se no Meio-Campo

A cifra de 22 milhões de euros, equivalente a impressionantes R$ 147 milhões na época, pesa sobre os ombros de Danilo. Ele, o volante que se tornou a aquisição mais onerosa na trajetória do Botafogo, demonstra inabalável confiança em suas próprias capacidades. "Eu confio muito em mim," declarou o jogador de 24 anos, refutando a ideia de que o montante investido pudesse afetá-lo fora das quatro linhas. "O valor que foi pago é pelo que eu mostrei desde que surgi no futebol brasileiro e na Europa. Acho que, se eu continuar fazendo o que eu tenho feito em campo, isso (valor da transação) jamais vai me afetar fora de campo, quanto pagaram ou não. O importante é eu estar focado em trabalhar e ajudar o Botafogo a vencer."

Desde sua chegada ao Botafogo , Danilo manifestou publicamente seu intento de "honrar o dinheiro bem gasto do Textor", aludindo ao vultoso investimento da SAF alvinegra em sua aquisição. A expectativa em torno de seu desempenho, naturalmente, eleva-se proporcionalmente ao valor da transação, algo que o próprio jogador parece encarar com serenidade e autoconfiança.

Danilo, camisa 35, desembarca em Salvador para um reencontro com suas origens. Nascido na capital baiana, o embate do Botafogo contra o Vitória, válido pela 33ª rodada do Campeonato Brasileiro, às 16h (de Brasília), marca sua primeira aparição profissional na cidade desde seu retorno ao futebol brasileiro. Além da meta coletiva de assegurar uma posição na próxima edição da Libertadores para o clube carioca, o atleta nutre um anseio individual para o desfecho do campeonato: conquistar maior tempo de jogo.

O Investimento Recorde e a Busca por Minutagem

A trajetória de Danilo no Glorioso, desde sua chegada em julho de 2025, tem sido marcada por interrupções. Após disputar apenas 11 confrontos, o meio-campista viu-se obrigado a retornar ao departamento médico. Esta não foi a primeira vez que o atleta enfrentou um período de inatividade prolongado; em 2024, quando defendia o Nottingham Forest, na Inglaterra, uma fratura no tornozelo o afastou dos gramados por seis meses.

No cenário alvinegro, uma lesão na coxa esquerda, ocorrida durante o embate contra o Mirassol em setembro, resultou em mais de um mês de ausência. Desde a partida contra o Santos, que terminou em empate, o volante está recuperado e expressou, em entrevista ao ge e à TV Globo, seu forte desejo por uma sequência contínua de atuações.

O próprio atleta reflete sobre os desafios físicos enfrentados recentemente. "Tive uma lesão grave na temporada passada, lá na Inglaterra. Não pude ter sequência e agora tô conseguindo ter essa minutagem. Acho que vai me ajudar lá na frente. Fiquei tranquilo, porque as lesões vão aparecer com você se cuidando ou não. Lógico que, se cuidando, você vai se lesionar menos. Mas vai aparecer, de algum modo. A lesão que eu tive (na coxa esquerda) foi assim... Estava tranquilo, bem, sentindo nada. Acabei sentindo a lesão, fiquei um período (ausente), voltei, depois fiquei fora de novo. Agora, graças a Deus, estou de volta," compartilhou Danilo, evidenciando uma resiliência notável diante dos imprevistos.

Foto: (PC Junior)

A Batalha Contra as Lesões e a Reinvenção Tática

As expectativas iniciais em relação ao rendimento de Danilo foram intrinsecamente ligadas a uma discussão tática persistente no Botafogo : a busca por um substituto para Gregore. O ex-volante, conhecido por suas robustas características defensivas e apelidado de "pitbull", havia sido negociado com o Al-Rayyan, do Catar, deixando uma lacuna que muitos esperavam que Danilo preenchesse.

Questionado sobre a sua posição ideal no esquema tático, Danilo demonstra flexibilidade e pragmatismo. "O professor é quem escala (risos). Nessas aí eu não tenho muito o que opinar. Graças a Deus, consigo jogar bem nas três posições (do meio-campo) mas é a opção do professor. Onde ele me colocar, vou estar preparado para ajudar o Botafogo . Sem preferência. Estando entre os 11, tá bom (risos)," afirmou, indicando sua disposição em atuar onde for necessário para o benefício da equipe.

Danilo no Xadrez Tático: Versatilidade e Adaptação

Embora não expresse predileção por atuar como camisa 5, 8 ou 10, Danilo ressalta sua percepção de um Botafogo com maior mobilidade no setor. Ele argumenta que o modelo de jogo atual não demanda, obrigatoriamente, a presença de um único jogador com forte poder de marcação.

O volante ainda traçou um paralelo com épocas anteriores do clube, sublinhando a evolução do estilo de jogo. "Acho que, quando o Botafogo ganhou a Libertadores e o Brasileiro, até os próprios jogos no Mundial, era um estilo de jogo diferente. Acho que o treinador que estava antes era diferente. Agora, com o professor Ancelotti, é um time que propõe bem mais o jogo, temos bem mais mobilidade nesse ano com as peças que temos no meio. Claro, não temos um pegador igual ao Gregore no meio," complementou Danilo, oferecendo uma visão crítica sobre a composição do meio-campo e a adaptação às filosofias dos diferentes técnicos.