Botafogo x Vasco: Táticas, Dúvidas e o Caminho para as Semifinais da Copa do Brasil

A noite de quarta-feira em São Januário trouxe à tona questionamentos significativos sobre a estratégia do Botafogo nas quartas de final da Copa do Brasil. Embora o empate em 1 a 1 contra o Vasco, com gols de Arthur Cabral para o Alvinegro e Jair para os cruzmaltinos, possa ser considerado um resultado administrável fora de casa, a forma como a equipe se portou em campo gerou preocupação e evidenciou fragilidades que precisam ser urgentemente endereçadas. O Glorioso, que já esperava uma postura reativa do adversário, foi surpreendido pela intensidade ofensiva do Vasco, especialmente na primeira etapa.

A composição inicial proposta pelo técnico Davide levantou dúvidas antes mesmo de a bola rolar. Se, por um lado, o retorno de Kaio Pantaleão à defesa foi um alívio para a torcida, a decisão de escalar Chris Ramos ao lado de Arthur Cabral no ataque gerou incertezas sobre a dinâmica ofensiva e o equilíbrio do time. A expectativa de um maior ímpeto no setor ofensivo, contudo, não se materializou conforme o desejado.

A Escalação e a Surpresa Tática

O Botafogo iniciou o confronto com a seguinte formação:

Ainda que a intenção de fortalecer o ataque fosse clara, a execução deixou a desejar. Nos minutos iniciais, houve um lampejo de eficiência, com um cruzamento de Alex Telles que Arthur Cabral cabeceou, resultando no gol alvinegro aos 7 minutos do primeiro tempo. Chris Ramos, embora tenha auxiliado na movimentação para abrir espaços, mostrou-se pouco eficaz na contribuição sem a posse de bola, desequilibrando a capacidade de pressão na saída do adversário.

Dificuldades no Meio-Campo e a Pressão Cruzmaltina

A consequência dessa disfunção ofensiva foi a concessão de posse de bola ao Vasco com uma facilidade incomum. O mandante soube explorar essa vantagem, pressionando no último terço do campo e investindo pelas laterais. Foi em um desses avanços, aos 16 minutos, que Jair , em um cruzamento pela esquerda, conseguiu esticar-se e igualar o marcador. O Vasco continuou a buscar o gol, explorando os flancos, mas esbarrou na solidez da defesa alvinegra.

Nesse cenário de pressão vascaína, a defesa do Botafogo , especialmente a dupla Kaio Pantaleão e Barboza, foi o ponto mais positivo da equipe. O retorno de Kaio, em particular, fortaleceu a retaguarda, com ambos levando vantagem nas disputas aéreas. Apesar de algumas saídas de bola equivocadas de Barboza, a linha defensiva se sobressaiu, contendo as investidas do adversário. Contudo, o setor de meio-campo foi, como o próprio técnico Davide admitiu, uma área que necessita de aprimoramento. A falta de uma definição clara entre Danilo e Marlon Freitas sobre quem atua como primeiro ou segundo volante resultou em confusão nas transições ofensivas, um problema que exige correção imediata. O coração do time, o meio-campo, precisa retomar sua funcionalidade para que o restante da equipe possa fluir. Apesar da posse de bola equilibrada, o Vasco demonstrou maior produtividade, com 13 finalizações contra apenas oito do Botafogo .

Ajustes e o Desafio para a Volta

No segundo tempo, Davide promoveu alterações buscando reverter o panorama. A entrada de Savarino foi a mais efetiva, pois o jogador conseguiu reter mais a bola no campo de ataque e quebrar as linhas de marcação do Vasco, embora o último passe tenha faltado. Essa constatação pode ser uma valiosa lição para o próximo confronto: a presença de um jogador com maior capacidade de articulação no meio-campo pode oferecer novas alternativas ao setor ofensivo.

Outros jogadores como Allan, Newton, Marçal e Matheus Martins também foram acionados, mas sua contribuição foi limitada. Os três primeiros, em particular, focaram-se mais em auxiliar na defesa, o que reduziu ainda mais a capacidade do Botafogo de gerar perigo ao gol adversário. Embora a atuação tenha sido, em certos aspectos, aquém do esperado, o empate fora de casa mantém o Botafogo em posição favorável para o jogo de volta, onde a vaga para as semifinais da Copa do Brasil será decidida. A análise pós-jogo, como a apresentada por Dep, sugere que, "Atuação ruim, mas foi um bom resultado", um indicativo de que, apesar dos desafios, o Glorioso segue como favorito para avançar.