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Botafogo x PSG: Paiva Revela Segredos Táticos da Vitória Histórica no Mundial de Clubes

Por Redação FutFogão em 22/06/2025 15:14

Para Renato Paiva, a notável vitória do Botafogo sobre o Paris Saint-Germain, em um duelo válido pela Copa do Mundo de Clubes, não se resumiu a um mero resultado no placar. Foi, acima de tudo, uma demonstração de adaptabilidade e inteligência tática. O comandante português, conhecido por sua filosofia predominantemente ofensiva, precisou moldar a abordagem de sua equipe para enfrentar um adversário de calibre superior, mas fez questão de diferenciar a postura adotada de uma mera renúncia ao jogo. Afinal, conforme o próprio técnico reiterou, existe um abismo entre defender com maestria e simplesmente recuar.

A performance exibida pelo Alvinegro, que culminou no triunfo por 1 a 0 com gol de Igor Jesus, foi um testemunho da entrega e da disciplina tática do elenco. A atuação defensiva do Glorioso foi tão impressionante que arrebatou elogios até mesmo do técnico adversário, Luis Enrique, que categorizou o Botafogo como "o melhor time que os marcou em toda a temporada". Paiva, por sua vez, não poupou palavras para enaltecer o comprometimento de seus atletas, descrevendo a execução em campo como "irrepreensível" sob o ponto de vista estratégico.

A Arte da Defesa: Desvendando a Estratégia Alvinegra Contra o PSG

A concepção de como neutralizar o potente ataque parisiense nasceu da mente de Paiva, sendo meticulosamente registrada em seu caderno de anotações, um companheiro constante em todos os treinamentos. A partir daí, a estratégia foi discutida e refinada com a comissão técnica, passando por intensos debates internos e, finalmente, sendo transposta para a prática nos campos de treinamento e em exaustivas sessões de vídeo nos dias que antecederam o confronto decisivo.

A análise de Paiva revelou que o PSG, até o momento da partida, demonstrava uma dominância estatística quase absoluta no cenário global. "O PSG, até aquele momento, durante toda a temporada, acho que só em um jogo teve menos posse que o adversário. Foi contra o Arsenal, e eles tiveram 51% contra 49%. Se olhar as estatísticas, o número de finalizações dentro da área, posse de bola, recuperações altas... O PSG está à frente em quase todas no nível mundial. Então nos preparamos para isso", explicou o treinador, ressaltando a magnitude do desafio.

O Botafogo , que habitualmente ostenta um viés mais propositivo e ofensivo, adotou naturalmente uma estratégia defensiva mais robusta para se proteger de um adversário com clara superioridade técnica. Contudo, Paiva enfatiza que essa postura não significou abdicar de jogar. "Há uma grande diferença entre defender bem e ser defensivo. Entre defender bem e ser retranqueiro. O que não quisemos ser contra o PSG foi retranqueiro. Porque só íamos adiar o momento do gol (do PSG)", afirmou o técnico.

O Planejamento Minucioso: Como Neutralizar o Coração do Adversário

A tática alvinegra visou desorganizar a construção de jogadas do PSG, que frequentemente iniciava com três defensores em um esquema mais avançado. "Vimos que PSG tinha como padrão construir suas jogadas mais alto saindo com três, então fizemos três contra três, que era Igor Jesus , Artur pela direita e Savarino pela esquerda. E colocar três volantes atrás deles para preencher o corredor central, onde andam Vitinha, Fabián, se tivesse começado o jogo, João Neves, ou seja, a zona em que está o cérebro do PSG. Quando eles recebem a bola, são muito fortes para agredir a última linha", detalhou Paiva, explicando a inteligência por trás da marcação.

A ideia era clara: pressionar alto e, ao mesmo tempo, bloquear o centro do campo, considerado o "cérebro" do time francês. "Colocamos esses três atacantes mais três meias no corredor central, mas o mais alto possível, e uma linha defensiva que flutuasse muito em função da bola, e que levasse ela, essencialmente, para corredores laterais, tirando o coração e o cérebro do jogo do PSG. E há de reparar que, durante o jogo, quantas vezes o Vitinha ia buscar a bola nos pés do zagueiros. Era isso que nós queríamos. Tirar o Vitinha de zonas onde ele é muito perigoso", complementou Paiva, revelando a maestria na execução tática.

Romantismo x Realidade: A Adaptação de um DNA Ofensivo

Renato Paiva, que em diversas ocasiões já declarou possuir um "DNA ofensivo" e preza por um jogo posicional com alta ocupação das zonas de criação e ataque, precisou, ele próprio, adaptar-se a uma nova ideia em prol do resultado. Não se tratava de uma rendição ao poderio adversário, mas sim de uma leitura fria da realidade de uma competição de mata-mata, onde um erro pode ser fatal.

"Essa é a preparação que você precisa ter entre o ser romântico, que é 'eu amo muito isso e vou fazer isso', mas o romantismo, muitas vezes, não encaixa na realidade. E a realidade, para trás, é de quase ninguém consegue jogar contra o PSG. Eu poderia tentar isso? Poderia, mas era um risco muito grande em uma competição deste gênero. Não é um campeonato que tu tens 30 rodadas. Aqui você dá um passo em falso e está praticamente fora da competição", ponderou o técnico, evidenciando a pragmatismo necessário para o torneio.

O treinador fez questão de assegurar que a mudança na estratégia defensiva não alterou a identidade do Botafogo com a posse de bola. "Nós não mudamos a nossa identidade porque usamos outra estratégia em questões posicionais defensivas, não mudamos a identidade tendo bola. Em nenhum momento quis passar medo aos jogadores, fui muito claro nisso. Mas eu disse a eles que teríamos a bola e as formas são essas dentro da nossa identidade. Mas é sempre entre o romantismo e realidade e aqui temos que ser muito realistas", concluiu Paiva, reforçando o equilíbrio entre a filosofia e a necessidade.

Um Feito Histórico e o Caminho Adiante no Mundial

A vitória alvinegra sobre o PSG marcou um feito histórico para o futebol brasileiro: foi o primeiro triunfo de um clube do país sobre um europeu em 13 anos, repetindo a marca que pertencia ao Corinthians, quando superou o Chelsea na final do Mundial de Clubes de 2012. Esse resultado reforça a capacidade dos times brasileiros de competir em alto nível no cenário internacional.

Ainda sobre a competitividade brasileira, John Textor, proprietário do Botafogo , já havia expressado sua satisfação em ver os clubes do Brasil desafiando os europeus. "Gosto de ver o Brasil dando uma surra no mundo", comentou Textor, em uma clara alusão aos resultados positivos obtidos por equipes brasileiras em confrontos de grande porte.

Com a vitória, o Botafogo consolidou sua liderança no Grupo B da Copa do Mundo de Clubes. Agora, o Alvinegro detém uma confortável vantagem e pode até mesmo perder por dois gols de diferença para o Atlético de Madrid, na próxima segunda-feira, para garantir sua classificação à fase de mata-mata da competição.

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