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Botafogo X Lyon: Entenda a Cobrança de R$ 410 Milhões e a Briga na Eagle Football de Textor
Por Redação FutFogão em 05/08/2025 07:14
O Botafogo, em uma movimentação estratégica de grande repercussão, está demandando do Lyon, da França, uma quantia substancial referente a acordos que envolviam diversos atletas. Embora nomes como Luiz Henrique, Igor Jesus, Jair, Thiago Almada e Jefferson Savarino tenham sido pautados, a realidade é que nenhum deles foi efetivamente integrado ao clube francês. Esta cobrança não é um fato isolado, mas sim um capítulo significativo na crescente tensão entre John Textor, proprietário da SAF alvinegra, e a Eagle Football Holdings, a rede global de clubes da qual o Glorioso faz parte.
Em comunicado divulgado na noite da última segunda-feira, a Sociedade Anônima do Futebol do Botafogo confirmou as reivindicações financeiras, optando por não mencionar os jogadores nominalmente. A justificativa para a falha na operação de caixa integrado foi atribuída à Direção Nacional de Controle de Gestão (DNCG), órgão que impôs restrições ao Lyon devido a problemas de ordem financeira, chegando a ameaçar o clube com sanções.
Tornou-se necessário formalizar, por vias legais, que o atual desequilíbrio financeiro entre as entidades aponta para a necessidade de reembolso à SAF Botafogo por valores anteriormente emprestados.
A nota oficial ainda expressa uma compreensão inicial da necessidade de suporte mútuo entre as equipes do mesmo conglomerado, especialmente antes que o Lyon recorresse a um investidor externo. Contudo, a SAF do Botafogo salienta que "tais investimentos não seriam necessários caso o OL (Olympique Lyonnais) consiga honrar com os reembolsos devidos."
A Disputa Financeira Bilionária no Grupo Eagle
A notificação enviada à agremiação francesa argumenta que o Botafogo havia planejado a venda dos atletas mencionados ao Lyon. No entanto, a conclusão desses negócios foi inviabilizada pela proibição de registro de novos jogadores imposta ao clube francês, decorrente de suas dívidas. Diante desse cenário, outras transações foram concretizadas, mas por valores inferiores aos que seriam destinados ao Botafogo , e as cifras resultantes foram direcionadas diretamente ao caixa dos franceses.
Conforme apuração do jornal O Globo, os valores envolvidos nessas negociações frustradas são expressivos. Thiago Almada teria sido negociado com o Lyon por 27 milhões de euros (aproximadamente R$ 171 milhões), Igor Jesus por US$ 43 milhões (cerca de R$ 236 milhões) e Jair por 20,9 milhões de euros (equivalente a R$ 132,8 milhões). É notável que estas cifras superam o que o Atlético de Madrid desembolsou pelo argentino e o Nottingham Forest pelos atletas brasileiros, evidenciando o potencial financeiro que o Botafogo deixou de auferir.
Para melhor visualização dos valores em questão, apresentamos a tabela abaixo:
Jogador | Valor Acordado com Lyon (Est.) | Valor em R$ (Aprox.) |
---|---|---|
Thiago Almada | ? 27 milhões | R$ 171 milhões |
Igor Jesus | US$ 43 milhões | R$ 236 milhões |
Jair | ? 20,9 milhões | R$ 132,8 milhões |
Total Estimado | R$ 539,8 milhões |
*Os valores em Reais são aproximados e baseados nas cotações da época das negociações. O valor total cobrado pelo Botafogo é de R$ 410 milhões, o que pode indicar outros ajustes ou negociações não detalhadas.
O Movimento de John Textor e a Recomposição Estratégica
John Textor assumiu o controle majoritário da SAF do Botafogo em abril de 2022, não apenas absorvendo a dívida do clube associativo, mas também se comprometendo a injetar capital na equipe carioca para impulsionar o empreendimento. Além do Botafogo , o empresário americano detém o RWDM Brussels, da Bélgica, e recentemente desfez-se de suas participações no Crystal Palace, da Inglaterra, onde era acionista minoritário.
Atualmente, Textor está empenhado em um processo de "recompra" do Botafogo , visando desvinculá-lo da Eagle Football, movimento similar ao que busca para o RWDM Brussels. Seu discernimento aponta que o clube carioca se encontraria em uma condição financeira mais robusta fora do grupo. No entanto, o Grupo Eagle resiste à venda da SAF ao próprio Textor, argumentando que ele estaria atuando simultaneamente como "o vendedor e o comprador" na transação.
O Grupo Eagle, por sua vez, reportou um déficit de 90 milhões de euros (aproximadamente R$ 587,9 milhões) e projeta um prejuízo financeiro considerável em seu balanço, divulgado em 28 de julho. Essa situação financeira do conglomerado adiciona uma camada de complexidade à disputa.
Desafios Financeiros do Lyon e a Transparência Alvinegra
No caso específico do Olympique Lyonnais, um dos obstáculos reside na acentuada redução da receita proveniente dos direitos de transmissão, que caiu de 95,4 milhões de euros em 2022/23 para 45,7 milhões de euros em 2023/24. O novo acordo da Ligue 1 com DAZN e BeIN Sports ? que prevê cerca de R$ 3 bilhões anuais por cinco temporadas ? ficou aquém das expectativas. A desvalorização da liga francesa após a saída de estrelas como Messi, Neymar e Mbappé é um fator preponderante para essa queda.
No contexto brasileiro, outra questão que gera incertezas sobre o porvir do Botafogo diz respeito à ausência de transparência em 2025. Apesar de o clube ser o atual campeão da Libertadores e do Brasileirão, a SAF alvinegra ainda não divulgou seu balanço financeiro, cujo prazo legal expirou em abril. Durante a apresentação do técnico Davide Ancelotti, Textor justificou a não publicação, afirmando que documentos confidenciais da SAF estavam sob escrutínio para a abertura de uma IPO (Oferta Pública Inicial) na Bolsa de Valores de Nova York. Com o processo de "recompra" do Botafogo em andamento, a expectativa é que a divulgação seja ainda mais postergada.
A Posição Oficial da SAF Botafogo: Diálogo e Esclarecimentos
A SAF Botafogo , em sua manifestação oficial, esclarece que sempre valorizou a cooperação dentro do ecossistema da Eagle Football e mantém o desejo de que essa parceria prossiga, em benefício de todas as entidades que compõem o grupo. Infelizmente, as medidas implementadas por órgãos reguladores na França comprometeram o funcionamento dessa integração, resultando na interrupção dos acordos de cash pooling que, anteriormente, eram benéficos para todas as partes envolvidas. Diante deste cenário, a formalização por vias legais do atual desequilíbrio financeiro entre as entidades tornou-se imperativa, apontando para a necessidade de reembolso à SAF Botafogo por valores previamente emprestados.
Adicionalmente, algumas ações corporativas foram implementadas, com o devido alinhamento junto ao parceiro acionista, o Botafogo de Futebol e Regatas (BFR). Tais medidas visam possibilitar a entrada de novos aportes de capital no Clube, caso os reembolsos por parte da Eagle ou do Olympique Lyonnais (OL) não se concretizem de imediato. A SAF assegura que tais ações não tiveram caráter provocativo e reconhece integralmente o direito de seu acionista majoritário de ter prioridade em qualquer oportunidade de investimento no Clube, antes que se cogite a participação de investidores externos. No entanto, reitera-se que "tais investimentos não seriam necessários caso o OL consiga honrar com os reembolsos devidos."
Para fins de elucidação, a SAF Botafogo destaca que as ações societárias tomadas até o momento consistem apenas em autorizações legais e que não existe, neste momento, qualquer plano que vise à diluição da participação acionária do sócio majoritário. Pelo contrário, tais medidas seriam necessárias para viabilizar que o próprio acionista majoritário possa realizar novos investimentos.
Por fim, a SAF Botafogo reitera que qualquer eventual negociação envolvendo a alienação de participação majoritária na sociedade, seja ela conduzida por John Textor ou por terceiros, deverá, por premissa, passar por um processo de diálogo e negociação amigável com o atual sócio majoritário. Embora medidas judiciais e societárias possam ser interpretadas de maneira equivocada por parte da imprensa, é fundamental que os torcedores alvinegros tenham plena consciência de que a SAF Botafogo segue tendo a Eagle Football como sua acionista controladora, e que esta, por sua vez, é majoritariamente controlada por John Textor. O compromisso é para que todas as discussões envolvendo o futuro da SAF ocorram de forma transparente, responsável e respeitosa.
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