Botafogo x Fluminense: Relembre a Transformação Alvinegra Pós-Última Derrota no Clássico Vovô

No próximo domingo, o Maracanã será palco de um embate que transcende a simples disputa por pontos no Brasileirão. Botafogo e Fluminense se reencontram no emblemático "Clássico Vovô", e o Alvinegro ostenta uma notável invencibilidade de nove partidas contra seu histórico rival. Esta sequência, que inclui oito vitórias consecutivas, representa o mais longo período de triunfos do Glorioso no confronto direto, adicionando uma camada extra de expectativa à 25ª rodada do campeonato nacional.

Para compreender a magnitude dessa fase vitoriosa, é preciso retroceder no tempo até 26 de junho de 2022, a data da última derrota botafoguense para o Fluminense. Desde aquele revés, que ocorreu há mais de três anos, o clube de General Severiano experimentou uma profunda metamorfose. As mudanças não se restringiram apenas às peças em campo ou aos comandos técnicos; elas perpassaram a própria estrutura e ambições do Botafogo , culminando em conquistas e uma redefinição de sua identidade futebolística.

A Evolução Tática: Um Banco de Reservas Rotativo

A instabilidade no comando técnico é um dos aspectos mais marcantes desse período pós-derrota. Desde a saída do português Luís Castro, que estava à frente da equipe em 2022, o Botafogo viu uma sucessão de seis treinadores distintos ocuparem o banco de reservas. Metade desses profissionais assumiu a função de forma interina, demonstrando uma busca incessante por estabilidade e uma fórmula vitoriosa. Esta dança das cadeiras contrasta com a continuidade em outros departamentos, evidenciando a pressão inerente ao cargo.

Abaixo, detalhamos o desempenho desses comandantes nos confrontos diretos contra o Fluminense durante a sequência invicta, refletindo a pluralidade de abordagens táticas que sustentaram o sucesso alvinegro:

Transformação Alvinegra: Do Elenco de 2022 à Formação Atual

A reestruturação do Botafogo também se manifesta de forma contundente na composição de seu elenco. Dos onze atletas que iniciaram a partida de 2022, nenhum permanece em atividade no gramado com a camisa alvinegra. O outrora capitão e pilar defensivo, Joel Carli, é um exemplo notável dessa transição: embora ainda vinculado ao clube, ele trocou as chuteiras pela função de coordenador de futebol em 2023, simbolizando a renovação profunda que ocorreu no vestiário.

A escalação daquele confronto, que hoje parece distante, ilustra a dimensão das mudanças:

Gatito Fernández; Joel Carli, Kanu e Cuesta; Renzo Saravia, Tchê Tchê, Del Piage, Chay e Vinicius Lopes; Matheus Nascimento.

Em meio a essa total renovação, apenas um nome do atual plantel do Botafogo esteve presente na partida de 2022: o atacante Jeffinho. Sua ascensão, que se deu justamente naquele ano, culminou na sua aquisição definitiva junto ao Resende apenas dois meses após sua estreia. Naquela ocasião, entrou no segundo tempo, mas para o duelo deste domingo, o jovem talento tem grandes chances de figurar entre os titulares sob o comando de Davide Ancelotti, representando a ponte entre o passado e o presente alvinegro.

O Efeito Pós-Glória: Libertadores, Brasileirão e o Desafio da Continuidade

A saga por títulos continentais também marcou esse período, com ambos os rivais alcançando a glória máxima da América. O Fluminense levantou a taça da Libertadores em 2023, apenas para ver o Botafogo replicar o feito no ano seguinte, em uma conquista inédita que se somou ao histórico título do Brasileirão, culminando na que foi considerada a melhor temporada da história alvinegra. Contudo, o cenário pós-conquista revelou uma convergência curiosa e desafiadora para ambos os clubes. Assim como o Fluminense experimentou uma "ressaca" após o êxito continental, enfrentando dificuldades no campeonato nacional subsequente, o Botafogo também tem lidado com os efeitos da alta expectativa e do desgaste que acompanham o topo.

A temporada atual do Botafogo é um testemunho desse desafio. Após um ano de glórias, o clube engajou-se em diversas frentes, incluindo o Campeonato Carioca, a Supercopa do Brasil, a Recopa Sul-Americana, a Copa do Brasil, a Copa do Mundo de Clubes e a defesa de seu título na Libertadores. Apesar de um calendário tão robusto, a performance tem sido aquém do esperado: o Alvinegro não alcançou as semifinais do estadual, perdeu as finais de torneios de jogo único e teve uma eliminação precoce na Libertadores. Atualmente, a equipe concentra seus esforços na busca por uma vaga direta na principal competição continental de 2026, um objetivo que reflete a necessidade de reafirmar sua posição de destaque.