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Botafogo: Textor Revela Futuro da SAF, Desafios do Elenco e Bastidores
Por Redação FutFogão em 13/10/2025 13:33
Em meio a uma complexa disputa jurídica pelo controle do futebol do Botafogo, John Textor, o empresário norte-americano à frente da SAF alvinegra, voltou a se pronunciar sobre o futuro da gestão. Em entrevista concedida ao "UOL", Textor reiterou a percepção de que o clube se encontra "financeiramente saudável", mas não descartou a possibilidade de desvinculação da Eagle Holding Football, a rede multiclubes que ele próprio estabeleceu.
As declarações de Textor apontam para um panorama paradoxal: enquanto a saúde financeira da instituição é enfatizada, as tensões internas persistem. "Eu diria que as pessoas precisam entender que o Botafogo , como clube, tem tido um bom desempenho financeiro. E nossa receita aumentou de US$ 20 milhões quando começamos isso em 2022 para bem mais de US$ 200 milhões este ano. Talvez fique mais perto de US$ 240 milhões. O fluxo de caixa operacional, o lucro operacional da organização também é muito, muito alto. Mas a briga que as pessoas veem travada nos tribunais era sobre a autorização de novos métodos de entrada de dinheiro. E as pessoas ficaram confusas", detalhou o empresário, revelando a origem dos impasses.
Apesar dos números robustos apresentados, a estabilidade da estrutura acionária não é garantida. Textor expressou seu desejo de manter a Eagle unida, reconhecendo os benefícios do modelo para o Botafogo . Contudo, admitiu a existência de "dificuldades internas" entre os acionistas. "Meu objetivo é que a Eagle permaneça unida em seu ecossistema atual, porque esse relacionamento multiclubes tem funcionado muito bem para o Botafogo . (...) Temos algumas dificuldades internas dentro do nosso grupo de acionistas devido aos desafios que enfrentamos em diferentes partes do mundo. E, sim, já consideramos um cenário de divórcio, onde eu compraria o Botafogo com os sócios e o tiraria da Eagle, mas também trabalhamos muito em algumas ideias melhores para nos mantermos juntos", projetou o dirigente, sinalizando a complexidade das negociações em curso.
A Trajetória Financeira da SAF Alvinegra
A "Família Eagle" nasceu em 2022, quando a Eagle Holding Football formalizou a aquisição de 90% das ações da SAF do Botafogo , integrando o clube carioca a um conglomerado que já contava com Crystal Palace (Inglaterra), Molenbeek (Bélgica) e Lyon (França). A visão de John Textor para o grupo era de uma sinergia colaborativa, englobando desde o intercâmbio de dados e metodologias até a movimentação de atletas e a adoção de um "caixa único" entre as entidades.
Entretanto, a estrutura financeira da Eagle sofreu alterações significativas. John Textor, fundador da holding, cedeu 40% de suas ações para captar recursos destinados à aquisição do Lyon, utilizando as ações do Botafogo e do Molenbeek como garantia. Essa movimentação, embora estratégica para a expansão do grupo, adicionou camadas de complexidade à relação entre os clubes e seus acionistas.
Disputa Judicial e o Posicionamento do Clube Associativo
Apesar de John Textor declarar que a disputa pelo controle da SAF do Botafogo "está acabada", os bastidores revelam uma dinâmica diferente. João Paulo Magalhães Lins, presidente do clube associativo, tem se reunido com dirigentes da Eagle Holding Football, empresa que rompeu com Textor neste ano, em decorrência dos acontecimentos envolvendo o Lyon. Essa aproximação de João Paulo com a Eagle sugere uma reorientação na postura do clube associativo que, embora detenha apenas 10% das ações da SAF, possui o poder de veto sobre mudanças estruturais significativas. Até então, o presidente havia manifestado apoio irrestrito a Textor.
A instabilidade administrativa foi evidenciada no dia 29 de setembro, quando uma reunião do Conselho Deliberativo do Botafogo precisou ser suspensa. A interrupção ocorreu após a ausência de um representante da SAF e a falta de respostas claras aos questionamentos apresentados. Durcesio Mello, então mandatário na época da assinatura da SAF e considerado "braço-direito" de Textor no clube, também não compareceu, culminando no adiamento da reunião para o dia 14 de outubro.
A Dificultosa Busca por um Novo Comando Técnico
A turbulência no Botafogo não se limitou ao campo administrativo. Em 2025, o Glorioso não conseguiu replicar o desempenho da histórica temporada de 2024, e um dos pontos cruciais foi a escolha do substituto de Artur Jorge no comando técnico, em janeiro. O técnico, que havia conquistado a Libertadores e o Brasileirão, deixou o clube rumo ao Catar, dando início a uma complexa busca.
A definição do novo treinador se estendeu por mais de 50 dias, período em que John Textor chegou a afirmar que "não havia pressa". A escolha recaiu sobre Renato Paiva, que permaneceu no cargo por menos de quatro meses. Em sua entrevista ao "UOL", Textor revelou a extensão das recusas enfrentadas: "Não consegui persuadir ninguém sobre o projeto. Um após o outro, Tite, Tata Martino, Rafa Benítez, como você quiser. O primeiro, minha primeira escolha, só porque ele queria muito o cargo, ele aceitou. Ele é o André Jardine, no México, querendo voltar para o Brasil. Bom, aí ele diz, ?bom, eu nunca quis o emprego?. Isso porque o dono dele (do América) aparece no México, dá um monte de dinheiro e ele diz: ?Estou bem aqui no México, certo??. Não consegui ninguém para assumir o cargo", detalhou Textor, expondo a dificuldade em atrair nomes de peso.
Desmotivação e Reformulação do Elenco
As mudanças no elenco também foram um fator de impacto, com mais de 20 saídas e chegadas, resultando em uma reformulação quase completa da equipe campeã. Textor explicou a motivação por trás dessas movimentações: "Muitos dos jogadores que você ama do ano do título querem sair no ano seguinte. Porque eles dizem: ?Ei, já fiz o máximo que podia aqui no Brasil, no Botafogo . Estou no fim da minha carreira. Preciso ganhar dinheiro no Catar. Ou estou chegando à minha última oportunidade de ir para a Europa. Minha última chance de ir para a Europa. Preciso ir para a Europa. Dei tudo o que pude pelo Botafogo . Ganhei um campeonato. Preciso cuidar da minha família".
O empresário, por fim, apontou para uma "falta de motivação" no atual elenco . "E então há uma falta de motivação, uma falta de energia. Como alguns dos mesmos jogadores que ganharam aquele campeonato para nós um ano antes, se você olhar para os números deles correndo, apenas correndo, eles estão correndo a um nível de 85% do que estavam correndo apenas um ano antes, quando ganhamos o campeonato. A motivação de todos caiu", concluiu Textor, oferecendo uma análise sobre o desempenho físico e mental do grupo de atletas.
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