Botafogo SAF: Textor Transfere Ativos para Ilhas Cayman e Gera Controvérsia

Uma movimentação corporativa de grande envergadura sacode os alicerces do Botafogo. John Textor, figura central na gestão do clube-empresa, efetivou a transferência de todo o patrimônio da Sociedade Anônima do Futebol (SAF) do Botafogo para uma entidade por ele constituída nas Ilhas Cayman. Esta deliberação, chancelada em reunião do Conselho Administrativo da SAF em 17 de julho, abrange desde os valiosos direitos de transmissão até contratos de patrocínio e a totalidade da arrecadação de bilheteria. No entanto, a legitimidade dessa ação é veementemente contestada pela Eagle, empresa que, até recentemente sob a liderança do próprio empresário, detinha a propriedade do Alvinegro.

A Eagle, em resposta, ingressou com um pleito judicial visando a anulação desta operação. O objetivo não se restringe a invalidar a transferência já concretizada; a ação busca também impedir que Textor execute qualquer nova transação sem a prévia ciência e aprovação da companhia. Importante ressaltar que, embora Textor mantenha sua condição de proprietário, sua capacidade de gestão da Eagle foi mitigada em decorrência de questões administrativas ligadas ao Lyon.

A complexidade da relação entre Textor e a Eagle se acentua, ecoando a máxima de que "Postura é que ninguém é insubstituível", uma citação que, embora ligada a outro contexto, ressoa na atual conjuntura. Paralelamente à contestação judicial, o Conselho da Botafogo SAF também deu aval a uma série de movimentos financeiros estratégicos. Entre eles, destaca-se a cessão de um crédito da Eagle Holding, sediada no Reino Unido, no valor de até 150 milhões de euros, em favor da recém-criada empresa estabelecida no paraíso fiscal caribenho. Para que essa transferência de crédito se concretizasse, a entidade das Ilhas Cayman necessitaria desembolsar até 100 milhões de euros, tornando-se assim a detentora desse passivo.

A Controvertida Estrutura Financeira da SAF Botafogo

Em uma etapa subsequente, o mesmo Conselho da SAF endossou a concessão de um empréstimo de até 100 milhões de euros, originado da empresa com sede nas Ilhas Cayman, diretamente para o Botafogo . A contrapartida para a obtenção deste vultoso capital foi a disponibilização de todos os ativos do clube como garantia, conforme detalhado na seguinte tabela:

O Futuro dos Ativos Alvinegros em Jogo

A totalidade das proposições foi chancelada pelo Conselho de Administração, que deliberou por unanimidade e sem quaisquer ressalvas. Compõem este conselho da SAF John Textor, Jordan Eliott Fiksenbaum ? este último, uma indicação prévia da Eagle ?, Kevin Weston e Durcesio Mello. A aprovação unânime, diante de tamanha complexidade e contestação externa, levanta questionamentos sobre a governança e os reais interesses em jogo na gestão do patrimônio botafoguense.