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Botafogo SAF: O Segredo dos Empréstimos com o Lyon e a Estratégia Financeira de Thairo Arruda
Por Redação FutFogão em 27/11/2025 13:25
Em um palco onde se discute o futuro das Sociedades Anônimas do Futebol (SAFs) no Brasil, o CEO do Botafogo, Thairo Arruda, fez uma declaração que, embora proferida em tom jocoso, ressoa com as complexidades financeiras de um modelo multi-clubes. Durante sua participação no Summit Academy da CBF, realizado em São Paulo na última quarta-feira, Arruda compartilhou as vivências do Glorioso nos seus quatro anos sob o regime SAF.
Ao abordar as lições aprendidas, o dirigente não hesitou em pontuar, com um sorriso, uma instrução peculiar que revela uma camada de tensão na parceria: "Quando ouvi falar sobre o tema (SAF no Brasil) eu pensei: 'Preciso transmitir algo baseado na experiência do Botafogo '. A primeira lição é: não emprestem dinheiro ao Lyon, podem emprestar para qualquer outro clube, para o Lyon não, eles não pagam... brincadeira", afirmou Thairo. Essa "brincadeira" aponta para uma trama financeira intrincada que marcou a relação entre os dois clubes.
Ambos os clubes, Botafogo e Lyon, fazem parte da rede multi-clubes da Eagle Football, empreendimento liderado por John Textor. Ao longo dos anos, essa interconexão permitiu um intercâmbio de benefícios econômicos e a assistência mútua, tanto em termos financeiros quanto na movimentação de atletas entre o Brasil e a França. O CEO do Botafogo fez questão de sublinhar o valor inicial dessa colaboração, que se mostrou promissora em seus primeiros estágios.
A Complexa Dinâmica Financeira entre Botafogo e Lyon
Thairo Arruda explicou a premissa do modelo: "O caso do Botafogo em fazer parte de um grupo multiclubes foi especial, deu muito certo nestes primeiros anos de existência. O John (Textor) incrementou um sistema de caixa compartilhado entre os clubes, que é ótimo quando um clube precisa mais de caixa, e vice-versa. Há uma troca. Se o Lyon vende um jogador por 50 milhões de euros, e o Botafogo precisa de caixa...", ilustrando a sinergia pretendida e os benefícios mútuos esperados.
Contudo, a dinâmica financeira entre as instituições sofreu uma notável inversão. Inicialmente, o Botafogo foi o beneficiário de empréstimos do Lyon, utilizando esse suporte para suas necessidades de caixa. Com o passar do tempo, essa situação se reverteu, com o Botafogo passando a ser o credor em relação ao clube francês.
Essa alteração resultou em um imbróglio jurídico que perdura desde julho. Uma carta emitida pelo clube carioca chegou a detalhar que o Lyon havia contraído R$ 771 milhões em empréstimos e que, até agosto, um montante de R$ 286 milhões permanecia em aberto. Este cenário, evidentemente, gerou questionamentos sobre a solidez e a equidade do modelo de caixa compartilhado e a gestão das obrigações.
Ruptura Temporária e Projeções Futuras do Glorioso
Thairo Arruda reconheceu o atual estado da relação: "O que aconteceu recentemente foi que no começo nos beneficiamos disso, tinha mais empréstimos do Lyon ao Botafogo , e depois isso se inverteu." Ele prosseguiu, revelando as projeções financeiras otimistas do Botafogo : "Hoje o Botafogo vai fechar o ano de 2025 com uma receita recorde, próxima de R$ 1,5 bilhão. Boa parte deste valor reparamos o empréstimo do Lyon e também tivemos como saldo."
Apesar do atrito e da pendência financeira, o CEO do Botafogo expressou otimismo quanto à resolução do impasse: "Aconteceu essa ruptura, talvez temporária da sociedade, a gente está tentando se reestabelecer, estão tendo muitas conversas para reestabelecer a união dos clubes e dos sócios." A busca por uma reconciliação demonstra a importância estratégica que a parceria ainda representa, mesmo diante das turbulências financeiras e jurídicas.
A discussão sobre as SAFs no Brasil, suas experiências e o caminho a seguir foi o cerne do painel "SAFs no Brasil: Experiência, Lições Aprendidas e Futuro", onde Thairo Arruda apresentou a perspectiva do Botafogo . O evento contou também com a participação de Carlos Amodeo, CEO do Vasco, enriquecendo o debate sobre os desafios e oportunidades do novo formato de gestão no futebol brasileiro, sublinhando a complexidade inerente a essas novas estruturas.
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