Botafogo: O Destino dos Técnicos Alvo e a Busca pelo Novo Comandante Após Saída de Paiva

O Botafogo, mais uma vez, se vê imerso na complexa tarefa de redefinir sua liderança técnica. A recente desvinculação do treinador Renato Paiva, ocorrida em menos de 48 horas após a eliminação na Copa do Mundo de Clubes, sublinha a volatilidade inerente ao cenário do futebol brasileiro, especialmente em um clube com as ambições da SAF.

A decisão de John Textor, acionista majoritário da Sociedade Anônima do Futebol, de efetuar o desligamento de Paiva, foi motivada por um profundo descontentamento com a postura da equipe em campo, particularmente no confronto contra o Palmeiras. O próprio técnico português expressou-se "chocado com a demissão", revelando o impacto da notícia no ambiente interno.

Com o elenco principal em um breve período de recesso antes da reapresentação, a máquina administrativa do Glorioso já opera a todo vapor, concentrada na identificação e contratação de um novo estrategista. Este é um momento crucial que exige não apenas agilidade, mas precisão na escolha, repetindo um ciclo que se tornou familiar na história recente do clube.

A Instabilidade no Comando Técnico Alvinegro

A saída de Artur Jorge no início de 2025 já havia impulsionado o Botafogo a explorar o mercado em busca de alternativas de alto calibre. Agora, com a vaga novamente em aberto, revisitar o paradeiro dos profissionais que já estiveram no radar do clube oferece uma perspectiva valiosa sobre as opções disponíveis e os caminhos que não foram trilhados.

O técnico brasileiro André Jardine, que declinou a oferta do Botafogo para permanecer à frente do América do México, continua em seu posto. Recentemente, a equipe mexicana teve a oportunidade de disputar uma vaga na Copa do Mundo de Clubes, mas foi superada pelo Los Angeles FC, que se juntou ao grupo do Flamengo no torneio.

O português Paulo Fonseca, ex-Milan, foi um dos nomes que John Textor trouxe para a rede multi-clubes Eagle Football, assumindo o comando do Lyon em substituição a Pierre Sage. Ele mantém-se na direção da equipe francesa, apesar de atualmente cumprir uma suspensão por comportamento inadequado com a arbitragem em uma partida da Ligue 1.

Grandes Nomes e os Caminhos Não Percorridos

O argentino Tata Martino permanece sem vínculo com qualquer clube desde sua saída do Inter Miami em dezembro de 2024. Quando seu nome foi cogitado pelo Botafogo , Martino havia expressado o desejo de um período de afastamento dos gramados, o que influenciou sua decisão de não assumir compromissos imediatos.

O experiente técnico espanhol Rafa Benítez, de 65 anos, continua sem clube, mantendo o mesmo panorama de quando foi contatado pelo Botafogo no começo de 2025. Ele chegou a ser considerado o favorito de Textor para suceder Artur Jorge, mas em janeiro declinou a proposta, sinalizando que não possuía interesse em assumir uma equipe brasileira naquele momento. Seu trabalho mais recente foi no Celta de Vigo, na Espanha, encerrado em março do ano anterior.

Roberto Mancini, cuja última experiência foi como treinador da seleção da Arábia Saudita até outubro de 2024, tem se reaproximado da Sampdoria, clube onde construiu grande parte de sua carreira como jogador, atuando nos bastidores sem um cargo formal. Houve tratativas com John Textor para que o italiano assumisse o Botafogo no início do ano, mas as conversas não resultaram em um acordo.

O Acordo Desfeito e as Escolhas Pessoais

Entre os nomes analisados, Vasco Matos foi o que chegou mais perto de concretizar um vínculo com o Botafogo . As partes haviam chegado a um entendimento, porém, o Alvinegro apontou uma omissão por parte do treinador em relação à ausência da licença UEFA Pro. Diante disso, o acerto foi desfeito na madrugada, e Matos, em seguida, renovou seu contrato com o Santa Clara até 2027, onde permanece.

O nome de Tite emergiu na mesa de John Textor como uma sugestão de membros da SAF do Botafogo . As discussões entre as partes foram consideradas construtivas, mas uma proposta formal ficou em segundo plano, uma vez que o treinador manifestava o desejo de prosseguir sua jornada profissional fora do território brasileiro. Em abril deste ano, Tite chegou a ser sondado para um retorno ao Corinthians, mas optou por recusar, priorizando sua saúde mental e interrompendo a carreira por um período indeterminado. Seu último clube foi o Flamengo.

John Textor se reuniu com Hernán Crespo na véspera da oficialização de Renato Paiva, mas as negociações não alcançaram um consenso. O treinador argentino, que já havia conquistado o Campeonato Paulista em 2021, retornou ao comando do São Paulo no final do mês de junho, e fará sua reestreia pelo Tricolor na retomada do Campeonato Brasileiro.

A busca incessante por um comandante que se alinhe à visão e aos objetivos do Botafogo persiste. A trajetória dos técnicos que estiveram no radar do clube serve como um lembrete da complexidade e dos desafios inerentes à gestão de um projeto ambicioso, onde cada decisão no banco de reservas pode moldar o futuro do Glorioso.