Botafogo Nas Oitavas: Paiva Detalha Desafios e Orgulho Após Duelo Europeu

A imediata aftermath do embate do Botafogo contra o Atlético de Madrid, que culminou em uma derrota por 1 a 0 nesta segunda-feira (23), trouxe à tona a análise do técnico Renato Paiva. Contudo, o revés não ofuscou o feito mais significativo: a garantia da vaga nas oitavas de final do Mundial de Clubes. O Glorioso, mesmo superado no placar, avançou, e o comandante português não hesitou em expor suas impressões, admitindo, com franqueza, que o desempenho da equipe no segundo tempo esteve aquém do esperado.

A Classificação Improvável e a Visão do Treinador

A jornada do Botafogo neste torneio global tem sido marcada por uma superação notável das projeções iniciais. Paiva fez questão de ressaltar o cenário desfavorável que acompanhava a delegação alvinegra desde sua partida do Brasil. "Quando saiu o sorteio e quando saímos do Brasil, para todo o mundo (o pensamento) era de que teríamos 10% de possibilidade de classificação. Alguns porque não conhecem o futebol brasileiro, outros porque não conhecem o Botafogo . Nosso papel era fazer o contrário, o que fizemos", declarou o técnico. Essa perspectiva de "azarão" serviu de combustível para o elenco, que, contrariando as expectativas generalizadas, assegurou sua permanência na competição.

A sensação de ter alcançado um objetivo tão ambicioso, apesar do tropeço pontual, reflete a resiliência do grupo. Paiva, apesar de não esconder a insatisfação com a performance contra os espanhóis, enfatizou a importância da classificação como um triunfo em si. "Não gostamos de perder, mas aí estamos contra a maioria das previsões do Brasil e pelo mundo afora, classificados", pontuou, evidenciando o orgulho pelo feito.

A Análise Crítica do Confronto Europeu

Ao dissecar a partida, o treinador lusitano ofereceu uma visão detalhada dos pontos que, em sua avaliação, necessitam de aprimoramento. "Sabíamos que jogaríamos contra uma grande equipe. Não nos defendemos tão bem, não por causa do gol que sofremos, mas às vezes avançávamos cedo demais, muito próximo da nossa área, mais do que eu queria na verdade. O tempo passa, e o resultado entra na cabeça, isso influencia a forma como jogam. Quero ter mais posse de bola, especialmente nos momentos de transição, decidir melhor. O Savarino teve a primeira oportunidade. Passamos, mas não foi um jogo tão bom", analisou Paiva, indicando uma busca por maior controle de jogo e assertividade nas tomadas de decisão.

A maior preocupação de Paiva recaiu sobre a etapa final. A postura mais recuada e a dificuldade em manter a posse de bola foram alvos de sua crítica. "O que não gostei foi do segundo tempo. É normal, o Atlético de Madrid buscava o resultado, só tinha 45 minutos. Normalmente, colocaria mais jogadores à frente e nossa equipe, com o cansaço e a parte mental de que só restam 45, começa a jogar com o resultado geral da classificação e diminuir um pouco mais (o ritmo), acumulando muita gente perto da área. Logicamente, quando Simeone faz as substituições, fica claro o que ele quer deixando Griezmann, Sorloth e Álvarez, e acumulando gente por fora para chegar ao meio. Sofremos mais do que eu queria, queria ter tido mais posse. Esse foi o problema do segundo tempo. Mas quando conseguimos (manter a posse de bola), fomos muito perigosos. Me lembro de duas belas defesas de Oblak", detalhou o técnico, reconhecendo a pressão adversária, mas lamentando a falta de controle de sua equipe.

O Orgulho de Representar o Futebol Brasileiro

Além das questões táticas específicas do confronto, Renato Paiva aproveitou a oportunidade para tecer considerações sobre o cenário do futebol no Brasil. Sua fala demonstrou um profundo respeito e valorização da qualidade técnica e estratégica presente no país. "O Brasil é um país imenso, com um futebol muito especial, com muitos bons jogadores. Produz jogadores talentosos para o mundo, tem excelentes técnicos. Até mesmo os técnicos estrangeiros que vão para o Brasil são bons. Estamos ajudando a mostrar o que é o Brasil. Muitos acham que o Brasil é mais fraco do que é na verdade. Temos um campeonato muito difícil e temos muito orgulho de representar o Brasil", afirmou, refutando a percepção de que o futebol nacional estaria em um patamar inferior.

Rumo às Oitavas: Planejamento e Desafios

Com a classificação assegurada, o foco do Botafogo se volta agora para a próxima fase do torneio. O time enfrentará o líder do Grupo A, que será definido pelos confrontos entre Palmeiras e Inter Miami, e Porto e Al Ahly, ambos agendados para a mesma noite. O Glorioso entrará em campo pelas oitavas de final no próximo sábado, às 13h (horário de Brasília), na cidade da Filadélfia.

A preparação para o próximo duelo exige cautela e inteligência na gestão do elenco . "Agora é descansar, viajarmos amanhã e preparar o jogo nos dias que temos. Recuperar, porque os jogos vão se amontoando nas pernas e no cérebro dos jogadores, então temos que ser muito criteriosos e sensíveis à recuperação deles. Hoje já era quase um jogo de mata-mata. De fato, preparar em função do adversário que teremos no próximo jogo", explicou Paiva, sublinhando a importância da recuperação física e mental dos atletas diante da sequência de partidas decisivas.

Um dos desafios para a próxima partida será a ausência de Gregore, que recebeu o segundo cartão amarelo e está suspenso. No entanto, o técnico demonstrou confiança na profundidade do elenco . "São só dois cartões e é muito fácil um jogador ficar fora dos jogos. É normal que os defensores e meias mais defensivos acabem somando dois cartões rapidamente, ainda que o de hoje tenha sido perfeitamente desnecessário da forma como foi. Gregore sabe da sua importância, mas também sabe do grupo que tem. O jogador que entrar vai substituí-lo muitíssimo bem, não tenho dúvidas. Digo sempre o mesmo: não choro em cima de ausências, vamos entrar com 11 jogadores e tenho muita confiança nos que aqui estão", concluiu Paiva, reforçando a mentalidade de que o coletivo prevalece e que há peças qualificadas para suprir qualquer desfalque.