Botafogo na Libertadores: Ancelotti Revela Segredos da Ascensão Alvinegra

O Botafogo assegurou sua vaga na Copa Libertadores da América pela terceira vez consecutiva, um feito sem precedentes na história do clube. A vitória por 3 a 2 sobre o Grêmio, no último sábado, no Estádio Nilton Santos, com gols de Cuiabano, Artur e Marçal, enquanto André e Carlos Vinicius descontaram para o adversário, não apenas garantiu a classificação, mas também sublinhou uma evidente fase de crescimento na reta final do Campeonato Brasileiro 2025.

A ascensão do Alvinegro nos últimos embates, com três vitórias em quatro jogos, reflete uma superação notável. A equipe, sob a orientação de Davide Ancelotti, tem demonstrado resiliência e foco, elementos cruciais para a consolidação de seus objetivos.

O Legado da Classificação Histórica e a Ambição Alvinegra

Davide Ancelotti, o comandante técnico, não hesitou em sublinhar a relevância da inédita sequência de classificações para a Libertadores. Contudo, o treinador vislumbra horizontes ainda mais amplos, projetando uma busca incessante por um posicionamento direto na fase de grupos do torneio continental, além de melhorias contínuas para o futuro do Glorioso.

É um objetivo importante pelo clube. É a primeira vez na história que conseguirmos ir a Libertadores três vezes seguidas. Temos que ser ambiciosos. Estamos contentes, mas pensamos na vaga direta. Para chegar a aqui e ter essa oportunidade, é graças a essa sequência dos últimos jogos. Preciso parabenizar os jogadores. Eles mantiveram o grupo junto, apesar de todas as dificuldades que tivemos. Tivemos jogos com 13 desfalques, tivemos jogos ruins, decepções, mas mantiveram o grupo unido. E já disse a eles que têm o meu respeito.

A declaração de Ancelotti ressalta a coesão do elenco, um fator determinante para superar as adversidades enfrentadas ao longo da temporada, incluindo um elevado número de desfalques e resultados desfavoráveis. A união do grupo, mesmo em momentos de decepção, foi a base para a recuperação e para a conquista deste marco histórico, conforme explicitado pelo técnico.

A Solidez Defensiva Como Pilar da Recuperação

Para Ancelotti, a chave para o bom desempenho recente da equipe reside na significativa melhora do setor defensivo. Embora o último confronto não tenha sido perfeito nesse aspecto, o treinador enfatiza a prioridade dada à organização tática e à disciplina na marcação, elementos que, em sua visão, são o ponto de partida para o sucesso do Botafogo em campo.

Essa sequência passa seguramente pela fase defensiva que no último jogo não foi tão boa. Não conseguimos manter o time tanto junto. Hoje trabalharam mais na fase defensiva. Esse time sabe jogar bem começando pela fase defensiva, e hoje mostrou essa força que o time tem.

A capacidade de jogar bem, iniciando pela contenção e pela proteção da própria meta, foi novamente evidenciada, demonstrando a força coletiva do time. Essa abordagem tática tem sido fundamental para a estabilidade e para a construção dos resultados positivos que impulsionaram o Alvinegro na tabela.

Ancelotti e a Nova Etapa na Carreira de Treinador

À frente do Botafogo há quatro meses, Davide Ancelotti reflete sobre sua experiência como técnico principal, após anos atuando como auxiliar na comissão de seu pai. A transição para a liderança técnica, embora desafiadora, tem sido um período de grande satisfação pessoal e profissional para o italiano.

Eu estou desfrutando. Como primeiro treinador, sei que é sempre culpa minha. Mas eu já sabia disso antes de começar. Estou vivendo disso, mas estou desfrutando. Honestamente, é um trabalho que gosto, um ambiente gosto, um time que gosto e espero seguir aqui muito tempo.

Sua fala revela a paixão pelo trabalho e o apreço pelo ambiente e pelo elenco do Botafogo, manifestando o desejo de uma longa permanência no clube. A consciência da responsabilidade inerente ao cargo, aliada ao prazer em exercê-lo, caracteriza a postura de Ancelotti.

Análises Táticas e a Autocrítica Necessária

O treinador também abordou as escolhas táticas feitas durante a partida contra o Grêmio, incluindo a entrada de Montoro e Marçal . Ancelotti explicou a demora para as substituições devido à dinâmica do jogo e à necessidade de observar o impacto das mudanças adversárias, como a entrada de Carlos Vinicius, um atacante de área perigoso.

Demorei um pouco para colocar Montoro e Marçal porque era a última janela devido à mudança do Danilo na primeira etapa. Teve que demorar um pouco. Quando vi que o Carlos Vinícius entrou, um atacante perigoso dentro da área que agora está em forma. A mudança era para perseguir um pouco mais a lateral direita deles, com Cuiabano, e manter um jogador mais dentro da área, eficaz, com o Marçal. Tivemos uma falta de atenção grave no gol deles, no 3 a 2, que não pode acontecer. A gestão do 3 a 1 não pode acontecer. Se queremos ter ambição agora e no próximo ano, temos que melhorar nesse aspecto.

Apesar da vitória, Ancelotti não se furtou a criticar a "falta de atenção grave" no gol que resultou no 3 a 2, destacando a importância de uma gestão mais eficiente do placar em momentos decisivos. Para ele, a ambição futura do clube passa obrigatoriamente pela correção desses lapsos.

O Resgate e Crescimento de Artur no Elenco

O desempenho de Artur , autor de um dos gols, foi outro ponto de destaque na coletiva. Ancelotti o descreveu como um jogador crucial, atribuindo seu bom momento à persistência e ao profissionalismo, mesmo quando não estava entre os titulares.

Artur é um jogador importante. Hoje, acho que fez seu melhor jogo. Saiu porque tinha só uma janela (de substituição), teve que sair. Ele saiu do time (titular) porque Santi Rodríguez estava jogando muito bem e não desistiu. É um profissional exemplar, uma pessoa que dentro do grupo é fundamental. É um bom jogador. Seguiu trabalhando, eu passei a minha confiança no momento mais difícil, quando ele não jogava. Seguiu treinando e se comportando de maneira exemplar. É um jogador para quem só faltava um pouco de finalização. Ultimamente, está com mais confiança. O que muitas vezes acontece com um pouco de paciência e confiança é que os jogadores desbloqueiam. Nesse momento, está acontecendo isso com ele.

A paciência e a confiança depositadas pelo treinador foram essenciais para que Artur "desbloqueasse" seu potencial, especialmente na finalização, culminando em uma fase de maior segurança e eficácia em campo.

Planejamento para 2026 e a Integração da Base

Questionado sobre o planejamento para a temporada de 2026, Ancelotti confirmou que o processo já está em andamento, em colaboração com a diretoria do clube. Ele fez questão de parabenizar a equipe sub-20 pelo título carioca, ressaltando a qualidade dos jovens talentos que já treinam com o time principal.

O planejamento já estamos começando. Temos pouco tempo, mas é uma pergunta para o clube e seguramente estamos juntos nesse processo. Temos primeiro que parabenizar o sub-20 por ter sido campeão carioca. Temos jogadores importantes que já treinaram conosco. Alguns nomes, como Marquinhos, que está treinando conosco, Cauã Zappellini, um jogador que já treinou conosco, Kadu Santos, Gabriel Abdias, tem vários garotos e tem qualidade. Então seguramente vamos começar o próximo ano com jogadores da sub-20 no elenco do time profissional.

Nomes como Marquinhos, Cauã Zappellini, Kadu Santos e Gabriel Abdias foram citados como exemplos de atletas promissores que integrarão o elenco profissional no próximo ano, demonstrando a aposta do Botafogo na formação e no aproveitamento de seus talentos.

Confiança em Meio às Contestações: Léo Linck e Arthur Cabral

Ancelotti também defendeu jogadores que têm recebido críticas, como o goleiro Léo Linck e o atacante Arthur Cabral. Sobre Linck, o treinador reiterou que se trata de uma aposta do clube em um atleta jovem, que necessita de tempo de jogo e experiência para se desenvolver, especialmente após a lesão de Neto e a saída de John.

Léo é uma aposta do clube. Um jogador jovem. Precisa de minutos, que está tendo. É um processo. É um goleiro jovem. Pode acontecer que tenha alguma indecisão, mas o clube e o treinador têm confiança nele. Sabemos que temos esse tipo de paciência porque estamos apostando em um goleiro novo, que teve que jogar porque o Neto teve uma lesão importante. Porque saiu o John, que era o melhor goleiro da competição. Sabe que tem que melhorar e vai ter tempo para melhorar. Seguramente, vai melhorar com um pouco de experiência.

Em relação a Arthur Cabral, a situação é similar. Ancelotti mantém a confiança no atacante, destacando seu profissionalismo e sacrifício em campo, mesmo diante de problemas físicos e da falta de gols. Acredita-se que um gol pode ser o "desbloqueio" necessário para que o jogador retome a confiança e a boa fase.

Com Arthur (Cabral), é igual. É a mesma situação há três semanas. Tem a confiança do treinador. É um profissional exemplar que está tendo algum problema físico, está se sacrificando pelo time. Não falta muito (para o fim do Brasileiro), tem poucos jogos. Mas é também um problema de confiança. Precisa de um gol, como todos os atacantes. Precisa marcar, depois vai dar certo.

A postura de Ancelotti reflete uma gestão que valoriza o processo de desenvolvimento e a confiança nos atletas, mesmo em momentos de menor rendimento, indicando uma visão de longo prazo para a construção de um elenco sólido.