Botafogo na FIFA: Entenda a Dívida de Almada e o Recurso no CAS – Impacto em Textor!

A gestão do Botafogo se vê novamente em meio a um intrincado imbróglio jurídico-financeiro, desta vez com a FIFA e a Corte Arbitral do Esporte (CAS) como palco principal. A questão central reside na aquisição do meio-campista Thiago Almada, uma transação que, segundo a análise de Sergio Santana, reflete um padrão preocupante:

"O modelo do Botafogo é nocivo à continuidade"

. Esta observação ganha contornos mais nítidos diante da recente decisão da entidade máxima do futebol e do subsequente recurso alvinegro.

Na última quarta-feira, o clube carioca apresentou sua defesa em uma audiência online perante o CAS, buscando reverter uma determinação da FIFA. A ordem original exigia o pagamento integral de 21 milhões de dólares ? montante equivalente a R$ 113 milhões pela cotação atual ? ao Atlanta United, da MLS, referentes à compra do jogador argentino. O processo foi iniciado pelos americanos em novembro de 2024, apenas quatro meses após a contratação de Almada, motivado pela ausência de quitação das duas primeiras parcelas do acordo, que deveriam ter sido efetuadas em julho e setembro do ano passado. O próprio Botafogo , em junho deste ano, admitiu ao ge o não cumprimento dessas obrigações.

Em fevereiro, o Botafogo já havia contestado a exigência do valor total, pleiteando que apenas os seis milhões de dólares referentes às duas parcelas iniciais fossem considerados. A audiência na Corte Arbitral do Esporte, realizada de forma remota, não estabeleceu um prazo para a divulgação da decisão final, mantendo o futuro financeiro da transação em suspenso.

As Contradições Contratuais e a Disputa pelos 10%

A complexidade da negociação se aprofunda ao analisar os termos estabelecidos. Embora a visão do Botafogo apontasse para um acordo de 21 milhões de dólares a serem quitados em um período de quatro anos, parceladamente, o documento apresentado pelo Atlanta à FIFA trazia uma condição distinta: a liquidação total dos valores até 30 de junho de 2026. Esta divergência fundamental é um dos pilares da contestação alvinegra.

Adicionalmente, um elemento peculiar quase inviabilizou a concretização do negócio na reta final. O clube americano impôs que Thiago Almada renunciasse aos 10% a que tinha direito sobre a transferência ? percentual assegurado por lei aos atletas da MLS em negociações. Com os documentos já preparados, a negativa dos advogados do jogador gerou um impasse. Para que a transação prosseguisse, a Eagle, empresa ligada a John Textor, assumiu a compra desse "crédito" de 2,1 milhões de dólares de Almada, com o compromisso de, posteriormente, buscar o ressarcimento junto à MLS.

Essa intervenção da Eagle resultou em uma situação jurídica com duas frentes distintas. Atualmente, o Botafogo , por meio da Eagle, busca na justiça americana a recuperação dos 10% devidos, enquanto o Atlanta United, paralelamente, exige na FIFA o pagamento da transferência. Um dos argumentos cruciais da defesa jurídica do Botafogo perante a FIFA é a existência de um débito do Atlanta/MLS com o Glorioso, que está sendo tratado em outra esfera judicial, sugerindo uma interligação entre as pendências.

O Contexto Financeiro do Botafogo: Desafios e Projeções

Este cenário legal e financeiro não é isolado. As finanças do Botafogo têm sido objeto de intenso escrutínio, com o clube calculando uma projeção de redução de 30% na folha salarial do elenco até 2026, indicando um esforço contínuo de readequação orçamentária. Paralelamente, John Textor, acionista majoritário da SAF, enfrentou um revés significativo na justiça inglesa, onde foi proferida uma decisão contrária a ele em uma disputa de 97 milhões de dólares com o fundo Iconic Sports. Esses eventos, embora distintos, compõem um quadro de desafios financeiros e jurídicos que demandam atenção redobrada da gestão alvinegra, ressaltando a complexidade da "continuidade" do modelo adotado.