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Botafogo Libertadores 2024: Relatos Incríveis de Torcedores Campeões

Por Redação FutFogão em 29/11/2025 03:16

Naquele memorável 30 de novembro de 2024, um sábado que ecoa na memória alvinegra, o Botafogo alcançava o cume de sua trajetória, erguendo a taça da Libertadores após uma vitória categórica de 3 a 1 sobre o Atlético-MG. Quase um ano após aquele triunfo épico ? marcado pela expulsão precoce de Gregore, aos 40 segundos, e pelos gols decisivos de Luiz Henrique, Alex Telles e Júnior Santos ?, revisitamos as vivências mais marcantes de torcedores do Glorioso, que testemunharam a façanha no lendário Estádio Monumental.

As narrativas que emergem desse dia são tão diversas quanto apaixonadas. Houve quem optou por encerrar um relacionamento em nome da presença em Buenos Aires, enquanto outros, movidos por uma fé inabalável e superstições arraigadas, preferiram não acompanhar o jogo diretamente. Além desses extremos, surgem relatos de uma solidariedade inesperada, como a "pescaria" improvisada para resgatar um ingresso digital, demonstrando a união que transcende o mero torcer. Conheça agora algumas dessas histórias que compõem o mosaico da Glória Eterna.

O Preço da Glória: Sacrifícios Pessoais Pelo Botafogo

Lucas Paulino, um torcedor de 31 anos, compartilha uma experiência que ilustra a profundidade de sua devoção. ?Eu passava por um período turbulento no meu casamento. Crise profunda! No dia do embarque, minha agora ex-esposa pediu que ficássemos sem nos falar durante a viagem. Os dois viajaríamos: eu para a final, ela para os Estados Unidos a trabalho. Disse que, se eu realmente estivesse preocupado com o casamento, teria ido com ela. Bom? não fui. Como bom botafoguense forjado no sofrimento, eu sabia que até mesmo aquele momento de festa cobraria seu preço. E a dor da crise que enfrentávamos seria a fatura.?

Lucas prossegue, revelando a inevitabilidade de sua escolha: ?Eu a amava loucamente. Voltei correndo de Buenos Aires (depois da final) e, no Galeão mesmo, embarquei rumo a ela. Era tarde. A visita surpresa não teve o efeito esperado. Os problemas eram maiores, nos separamos. Não sei se é uma boa história, talvez seja triste para um momento de tanta felicidade. Mas, entre o divórcio e a glória eterna, eu estava lá. Atrás do gol em que Luiz Henrique e Alex Telles nos colocaram no rumo da vitória. O resto é história. O jogo final do Brasileiro, contra o São Paulo, eu assisti no aeroporto de San Francisco (Califórnia, EUA), gritando e devidamente trajado, retornando da viagem mais triste da minha vida. Relacionamentos vêm e vão. Ficam a família e o Botafogo .?

A saga de José Henrique Machado, de 39 anos, destaca a imprevisibilidade e a camaradagem que podem surgir em momentos de grande expectativa. ?Eu e meu amigo de trabalho, com sua esposa, fomos de Brasília para Buenos Aires. Quando cheguei, fui para a minha hospedagem deixar as malas e meu celular estava sem bateria. Coloquei para carregar, porque o ingresso era por QR code. Fui a um mercadinho ao lado comer algo e, quando voltei, a porta não abria por nada. Comecei a ficar preocupado.?

A situação, que se tornava tensa com o avançar das horas, encontrou uma solução surpreendente. ?Encontrei uma moradora do prédio, Eugênia; pedi auxílio e não conseguimos abrir a porta. Já passava das 16h, começou a aglomeração de gente na rua, e sentei na calçada para pensar. Até que dois jovens e seu pai buscaram um cabo de vassoura e pegaram o celular pela janela. Todos comemoramos na rua. A moça que havia encontrado disse que era torcedora do Boca Juniors e foi à final no Rio contra o Fluminense (em 2023). Não hesitou e me ofereceu carona para o jogo. Cheguei na abertura. Estava atrás do gol do Botafogo , não tinha como ver o jogo. As pessoas não deixavam passar. Até que conseguiram abrir o portão para a arquibancada lateral e assisti de lá. Não encontrei meu amigo. Quando sentei, Gregore foi expulso e o resto já sabemos.?

Jornadas Épicas e Superstições em Buenos Aires

Luana Calasara, 29 anos, personifica a persistência e a força da fé alvinegra. ?A maioria dos meus amigos decidiu que viajaria para Buenos Aires no dia de BOtafogo 5 x 0 Peñarol. Eu decidi que não iria. Estava bem conformada com isso, mas a vida começou a mandar sinais de que eu deveria ir... Estive com uma amiga flamenguista nesse meio tempo e e ela foi a maior incentivadora de que eu fosse atras de viver esse momento. Por fim, vi o anúncio de uma caravana saindo de Porto Alegre, lembrei que tenho dois primos botafoguenses que vivem no Rio Grande do Sul e poderiam me ajudar nessa missão.?

Sua jornada, marcada por desafios, culminou em uma experiência única no estádio. ?Faltando duas semanas para a final, comprei a passagem de avião ida e volta de Porto Alegre. Os outros dias foram para decidir a logística da ida. A caravana não rolou, mas um dos meus primos falou de um grupo com um pessoal se dividindo para ir de carro. No dia, viajei de carro com três pessoas que eu não conhecia, e que também não se conheciam, por 18 horas. Fui até Buenos Aires ouvindo histórias deles com o Botafogo . Fiquei doente no caminho, 39ºC de febre e uma gripe devastadora.?

Luana relata a intensidade da final, vivida sob o prisma da superstição: ?No dia seguinte, já era a final. Não dormi de tão ansiosa, doente e querendo aproveitar cada segundo. Encontrei meus amigos e fomos até o estádio, andando desde a praça onde ficaram os ônibus das caravanas, a mais de 10km do Monumental. No jogo, os primeiros 30 segundos, o medo... Tudo passou logo. O estádio tinha uma energia de fé gigantesca e me agarrei às minhas superstições. Aos 25 minutos, sentei no chão na esperança de que, não vendo o jogo, o gol viria. E veio, alguns minutos depois. Passei o resto do jogo assim, sentada sem assistir a absolutamente nada. A única vez que vi, foi o gol do Vargas no telão - o que me fez entender que eu não deveria ver nada mesmo (risos). Não vi nenhum dos gols do Botafogo .?

O retorno de Luana foi igualmente dramático: ?Voltei para Porto Alegre com as mesmas pessoas da ida, com muita febre e já no dia seguinte. Vimos a comemoração da torcida do Peñarol, que tinha acabado de ser campeão nacional, quando passamos pelo Uruguai. Pegamos uma tempestade com chuva de granizo em que eu só pensava: 'Ok, vou morrer hoje, mas pelo menos vivi o melhor dia da minha vida ontem". Faria tudo de novo e viveria esse dia da mesma forma outra vez, se fosse possível."

João Marcos Maia Soares, de 31 anos, descreve uma verdadeira epopeia para chegar ao Monumental. ?Saí de Vitória (ES) depois do expediente na sexta-feira, cansado, mas com a fé inabalável de quem quer ver seu time jogar. Montei a viagem no famoso estilo 'se vira nos 30', um trecho aqui e outro ali. Fui sozinho de Vitória para o Rio, do Rio para São Paulo. Cochilei nos bancos do aeroporto de Guarulhos como se fosse suíte de hotel cinco estrelas e, de manhã, peguei um voo para Montevidéu (Uruguai).?

A adrenalina da chegada quase comprometeu tudo: ?Chegando em Montevidéu, eu precisava pegar às 11h o ferryboat para Buenos Aires. Mas claro que o universo gosta de uma emoção. O voo atrasou, pousamos às 10h15, e era óbvio que eu não teria tempo suficiente. Dentro do avião estava todo mundo em desespero total, porque ninguém tinha outra opção de chegar a tempo do jogo. Começou a operação improviso. Organizamos dentro do voo o aluguel de uma van, todo mundo virando amigo instantâneo porque o sofrimento aproxima as pessoas. Chegamos no porto às 10h50 e graças a Deus a empresa estava nos aguardando, já que mais de 50 pessoas estavam atrasadas pelo mesmo motivo. Cheguei em Buenos Aires e consegui pegar um mototáxi, que me largou a uns 8 km do estádio. De lá fui andando mesmo, movido por adrenalina, fé e um restinho de bateria no celular. Alcancei o Monumental alguns minutos antes do jogo começar. E fomos campeões.?

A Glória Eterna: Mais Valiosa Que Qualquer Conforto

A odisseia de João Marcos não terminou com o apito final. ?Mas calma, ainda melhora. Ou piora, dependendo do ponto de vista. Eu estava num país diferente, o coração acelerado e todos os meus cartões foram bloqueados. Simplesmente bloquearam tudo. Eu não tinha dinheiro nem para comprar uma água. A única hidratação possível era a emoção da final. Acabou o jogo e fui direto para o aeroporto. A passagem mais barata saindo da Argentina era para Natal. Isso mesmo, Natal. Do outro lado do país e bem longe de qualquer planejamento sensato. Atravessei o continente de Buenos Aires até Natal. Depois, peguei outro voo de Natal para Campinas e, finalmente, de Campinas para Vitória.?

Ele conclui sua narrativa com uma reflexão sobre o valor da conquista: ?Cheguei em casa às 22h, destruído, com sede, sem dinheiro, mas com a Glória Eterna na mochila. E isso vale mais que qualquer água, mesmo eu não tendo como comprar uma."

Alexandre Menescal, de 30 anos, nos oferece um vislumbre da superstição em sua forma mais pura. ?No dia da final, tive que ir a Brasília. Estava no hotel, mas durante o ano todo usei minha superstição: em casa, eu assistia os jogos normalmente; na casa da minha namorada, não assistia. Detalhe é que ela é neta de um dos fundadores do Botafogo , o Emmanuel Sodré, irmão de Mimir Sodré.?

A decisão de Alexandre para a grande final foi um ato de fé cega. ?Estávamos juntos em Brasília. Fiquei pensando se veria o jogo ou não, justamente porque estava tudo dando certo. Vi todos os jogos da Libertadores porque eram em dia de semana, e aos fins de semana não via os jogos. No dia da final, decidi que não veria o jogo. A superstição estava dando certo o ano todo. Pois bem: não assisti. Durante as 2 horas, só fiquei rezando dentro do quarto para ganhar. Eu não me mexia e tentava só pensar em ser campeão e em coisas boas (risos).?

Cada uma dessas histórias, com suas particularidades e dramas, converge para um ponto comum: a paixão inabalável pelo Botafogo e a capacidade de seus torcedores de transcender o ordinário em busca da Glória Eterna. O título da Libertadores de 2024 não foi apenas uma vitória em campo; foi a consagração de uma fé que move montanhas, dissolve relacionamentos e inspira jornadas épicas, cimentando o lugar do Alvinegro na história e no coração de sua gente.

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