Botafogo: Epidemia de Lesões Musculares Questiona Métodos da Comissão de Davide

O cenário no Botafogo, às vésperas de seu confronto contra o Mirassol, válido pela 31ª rodada do Campeonato Brasileiro, é de profunda preocupação. A lista de atletas afastados por problemas físicos continua a crescer, com as recentes baixas de Joaquín Correa e Marçal, ambos vítimas de lesões musculares. O atacante sofreu uma lesão na panturrilha direita, enquanto o lateral-esquerdo teve o mesmo problema na panturrilha esquerda, tornando-os desfalques certos para o duelo deste sábado.

Esta situação levanta questionamentos incômodos sobre a eficácia da preparação física implementada pela comissão técnica de Davide Ancelotti, especialmente sob a liderança de Luca Guerra. O que explicaria tamanha recorrência de lesões musculares em um período tão curto?

Desde a chegada do técnico italiano, em 8 de julho, o clube carioca registrou um total de 26 lesões musculares confirmadas. Este número expressivo não engloba outras intercorrências clínicas, como os dois casos de concussão em campo (Marlon Freitas e Chris Ramos), um quadro de conjuntivite de Mastriani, e a recente alteração clínica de Savarino, que também está fora da partida contra o Mirassol.

A Preparação Física Sob Análise: Métodos de Luca Guerra em Xeque

Informações obtidas revelam um certo desconforto interno em relação aos métodos adotados por Luca Guerra. A intensidade dos exercícios, por vezes, não é considerada a mais apropriada para o contexto do futebol brasileiro, caracterizado por uma sequência exaustiva de jogos e um calendário apertado.

A percepção de um possível descompasso entre a rotina do futebol nacional e as práticas de treinamento adotadas tem resultado em sessões de trabalho excessivamente pesadas. Prova disso é que o Botafogo já perdeu jogadores como Nathan Fernandes, Marçal , Joaquín Correa e Savarino (em outra ocasião no mês anterior) devido a lesões musculares sentidas durante os próprios treinos.

Luca Guerra possui um currículo notável, tendo integrado a comissão de Carlo Ancelotti em clubes de peso como Bayern de Munique, Napoli e Everton. Ele deixou o grupo em 2022 e, antes de desembarcar no Botafogo , atuou como analista no SPAL (Itália) e Zeljeznicar (Bósnia), e como preparador físico no Sint-Truiden (Bélgica) e Istra (Croácia).

Fatores Agravantes: Mudanças e Pressão no Dia a Dia Alvinegro

Há um entendimento generalizado de que o aumento na carga de treinos, somado às frequentes trocas de técnicos ao longo do ano ? cada um com seu estilo particular de preparação ? contribuiu significativamente para a escalada dos problemas físicos. Em suma, o diagnóstico aponta para uma intensificação em diversas frentes de trabalho, seja nas atividades preventivas pré-treino ou nas sessões em campo.

É importante salientar que, no Botafogo , não houve alterações substanciais recentes na comissão médica, que engloba os profissionais responsáveis pelos processos de recuperação e prevenção de lesões. Ou seja, a estrutura e o padrão de trabalho do departamento médico permanecem os mesmos desde a conversão do clube em SAF.

Curiosamente, o período entre julho e outubro registrou um número maior de lesões do que o intervalo de janeiro a junho. A pressão por resultados imediatos também impulsiona a necessidade de contar com atletas, por vezes, antes de sua recuperação plena, elevando o risco de reincidência, como observado recentemente com o volante Danilo.

O Impacto das Trocas de Comando e a Continuidade Metodológica

A instabilidade nas comissões técnicas é vista como um fator prejudicial, pois interrompe a construção de uma metodologia de preparação física consistente. Cada novo treinador, ao trazer sua própria filosofia e preparadores específicos, adiciona uma camada de complexidade à integração com os funcionários fixos do Botafogo .

Contudo, é o trabalho da comissão de Davide Ancelotti que, no que tange à preparação física, tem gerado as maiores críticas nos bastidores alvinegros. Muitos apontam para uma intensidade excessiva nos treinos comandados pelo italiano, questionando sua efetividade e propósito.

Comparativo Inegável: Os Números da Comissão de Davide

Para ilustrar a gravidade da situação, a tabela a seguir apresenta o registro de lesões por comissão técnica no Botafogo em 2025, destacando a média de ocorrências por dia:

A performance da comissão de Davide Ancelotti salta aos olhos, com a maior média diária de lesões. Acompanhe o detalhamento semanal das lesões sob o comando do técnico italiano:

• 08/07 a 12/07 - Nenhuma
• 13/07 a 19/07 - Allan, Savarino
• 20/07 a 26/07 - Artur
• 27/07 a 02/08 - Nenhuma
• 03/08 a 09/08 - Nathan Fernandes, Cuiabano, Kaio*
• 10/08 a 16/08 - David Ricardo, Arthur Cabral, Newton
• 17/08 a 23/08 - Léo Linck
• 24/08 a 30/08 - Nenhuma*
• 31/08 a 06/09 - Nenhuma
• 07/09 a 13/09 - Arthur Cabral, Artur
• 14/09 a 20/09 - Neto, Danilo, Alex Telles
• 21/09 a 27/09 - Savarino, Joaquín Correa, Alex Telles*
• 28/09 a 04/10 - Marçal, Kaio Pantaleão
• 05/10 a 11/10 - Nenhuma
• 12/10 a 18/10 - Arthur Cabral, Nathan Fernandes, Savarino
• 19/10 a 25/10 - Matheus Martins
• 26/10 a 01/11 - Joaquín Correa, Marçal*

*O asterisco indica a semana em que houve registros de outros quadros clínicos não contabilizados como lesões musculares, como as concussões de Marlon Freitas e Chris Ramos, a conjuntivite de Mastriani e a alteração clínica de Savarino.

O Botafogo entra em campo neste sábado, às 18h (de Brasília), para enfrentar o Mirassol no estádio Maião. A equipe carioca ocupa atualmente a sétima posição na tabela do Campeonato Brasileiro, com 47 pontos. A partida será um teste não apenas para o elenco em campo, mas também para a resiliência de um clube que busca superar um desafio que transcende as quatro linhas.