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Botafogo: Entenda a Disputa de John Textor e Eagle Pela SAF

Por Redação FutFogão em 05/08/2025 05:13

Nos corredores do futebol, uma intrincada teia de interesses e desavenças se desenrola, definindo os rumos da Sociedade Anônima do Futebol (SAF) do Botafogo. O empresário John Textor, embora ainda figure como proprietário da Eagle Football, empresa que ele mesmo fundou, encontra-se em uma posição paradoxal, com pouquíssima influência nas decisões operacionais da companhia. Essa realidade, inevitavelmente, reverbera no cenário alvinegro, que se vê enredado em contendas judiciais e em um processo de potencial revenda em plena temporada.

A situação de Textor na Eagle é um reflexo direto de sua desvinculação da presidência do Lyon. A medida foi tomada após o clube francês assegurar sua permanência na elite do futebol e superar as ameaças de descenso, decorrentes de problemas financeiros. O acordo entre as partes previa o rompimento de qualquer vínculo com o empresário norte-americano, uma ideia fortemente endossada pela Ares, uma das empresas que contribuíram para o financiamento da aquisição do time na França.

Para concretizar a compra do Lyon, o executivo buscou financiamento junto à Ares, Michele Kang ? atual presidente do Lyon ? e Iconic Sports. Em contrapartida, cedeu 40% das ações da Eagle Football. As participações acionárias no Botafogo e no RWDM Brussels, antigo Molenbeek e outro integrante da rede de clubes, foram utilizadas como garantias dessa transação.

O Intrincado Cenário de Propriedade do Botafogo

Apesar de não deter mais o poder decisório central, John Textor continua a assinar documentos como o titular da Eagle e, consequentemente, do Botafogo . Há aproximadamente três semanas, a Eagle, em uma iniciativa coordenada pela Ares, propôs que o empresário readquirisse as próprias ações do Alvinegro que se encontram vinculadas ao fundo de investimento.

Para que essa recompra se concretizasse, Textor precisaria se afastar do Botafogo até a conclusão da negociação. Para o judiciário, essa movimentação seria interpretada como um conflito de interesses, dado que ele seria proprietário tanto do Alvinegro quanto da Eagle. Internamente, a diretoria alvinegra discerniu que a verdadeira intenção por trás da proposta era afastar o americano do controle, permitindo, nesse ínterim, uma alteração no conselho para a introdução de um novo representante. A ação foi frustrada pela intervenção do clube social e de seus colaboradores, que, por meio de uma correspondência à Eagle, manifestaram apoio e proteção ao atual proprietário.

João Paulo Magalhães, presidente do clube social, é um notório defensor de John Textor, posição que já expressou em contatos com representantes da Ares e da própria Eagle. A fotografia de Textor no jogo do Botafogo contra o Corinthians, no Nilton Santos, pelo Brasileirão, ilustra sua presença constante, apesar dos bastidores turbulentos.

O Dilema da Recompra e os Obstáculos Legais

A Eagle não se opõe à alienação do Botafogo , contudo, estabeleceu a condição de não negociar com Textor enquanto ele figurar como proprietário de ambas as partes envolvidas na transação. Existe a preocupação com possíveis acusações de fraude em instâncias jurídicas. Diante disso, a companhia norte-americana, em princípio, considera que a venda do Alvinegro a um investidor distinto seria a via mais prudente. É neste ponto que a influência do clube social se manifesta de forma decisiva. Conforme o estatuto do clube, qualquer alteração na SAF deve ser submetida à aprovação dos conselheiros alvinegros. A postura de João Paulo Magalhães e seus pares é de assegurar a permanência de John Textor, tornando o cenário, por ora, desfavorável a um terceiro comprador.

Uma imagem de Thiago Almada posando com a camisa do Lyon ao lado de John Textor remete à fase em que o empresário ostentava maior controle sobre suas aquisições. A Eagle, por sua vez, enxerga "medidas ilícitas" por parte de Textor e já solicitou judicialmente a suspensão de atos do americano no Botafogo .

John Textor, por sua vez, estabeleceu uma empresa nas Ilhas Cayman (Eagle Football Group) com o propósito de transferir o Botafogo para esse paraíso fiscal. A companhia já se encontra devidamente registrada, e a cessão dos direitos de uma SAF para outra já obteve a aprovação dos conselheiros. O empresário conta, inclusive, com o suporte financeiro de Evangelos Marinakis para angariar os montantes necessários. No entanto, tais preparativos se mostram insuficientes se a venda não for concretizada.

A Batalha Jurídica e o Cotidiano do Clube

Persiste um impasse fundamental: a Eagle somente concretizará a venda do Botafogo para Textor se ele se afastar do clube durante as negociações, o que gera o descontentamento do clube social. O americano, por sua vez, já realiza um meticuloso mapeamento do terreno e se prepara para uma eventual aquisição, embora um acordo esteja longe de ser alcançado.

Sem um consenso com Textor, a Eagle busca uma aproximação com o clube social, que, atualmente, é o principal pilar de sustentação da posição de "intocável" do americano no Alvinegro. A empresa iniciou conversas preliminares com representantes do Botafogo de Futebol e Regatas, em uma tentativa ainda embrionária de amenizar as tensões.

A partir deste ponto, a disputa escalou para a esfera jurídica. Na última quinta-feira, a SAF do Botafogo ingressou com uma ação judicial para congelar as ações da Eagle e assegurar a permanência de Textor no clube. A companhia contra-atacou nesta segunda-feira, exigindo a suspensão de quaisquer atos do americano que não possuam a aprovação prévia de um de seus funcionários.

Botafogo e Lyon também se veem envolvidos em questões financeiras. O clube carioca reivindica valores a receber dos franceses referentes às negociações de Luiz Henrique, Jair e Igor Jesus. O Alvinegro alega que os direitos econômicos dos três jogadores foram vendidos ao Lyon, mas, devido à impossibilidade de contratação do clube francês pelo DNCG, as transações foram realizadas por valores inferiores. A questão da possível venda de Savarino ao Lyon também se insere neste complexo cenário.

A Auditoria em Curso e o Futuro Incerto

A rotina nos corredores do Estádio Nilton Santos tem sido marcada por uma intensa movimentação, com planilhas e relatórios financeiros ditando o ritmo desde a semana passada. A Eagle enviou representantes para conduzir uma auditoria sobre o valor do Botafogo . Esses profissionais permanecem no clube diariamente, acompanhando a rotina, os procedimentos e analisando todos os registros financeiros do Botafogo desde sua transformação em SAF, no final de 2022.

O Alvinegro tem demonstrado uma postura cooperativa, respondendo prontamente às exigências e solicitações dos funcionários da Eagle no dia a dia. A diretoria do clube compreende que um bom entendimento entre as partes é crucial para que Textor consiga alcançar um acordo para a aquisição.

Paralelamente, a diretoria do Botafogo mantém um diálogo constante com Davide Ancelotti, buscando que o treinador preserve a serenidade do vestiário. Até o momento, a percepção interna é de que o italiano tem desempenhado essa função com sucesso. A imagem de Davide Ancelotti em Botafogo x Cruzeiro simboliza essa dedicação.

O impasse, contudo, persiste. Se nenhuma das partes ceder em suas posições, a tendência é que o desfecho dessa complexa situação seja determinado, em última instância, pelas vias jurídicas.

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Comentado em 05/08/2025 09:53 Confio no clube, texto ou não, bora Botafogo!
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Comentado em 05/08/2025 08:23 Se a Eagle quer a venda, mas sem conflito, temos que ficar ligados, mlk! Vai Botafogo!
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Comentado em 05/08/2025 06:52 Vamo que vamo Botafogo, isso aí é só fase!
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