Botafogo em 72 Horas: Do Quase Desastre à Redenção Épica no Brasileirão

Um intervalo de apenas três dias bastou para o Botafogo transitar entre o abismo da frustração e a euforia da superação. Em um período de 72 horas, o Glorioso experimentou a sombra dos reveses de 2023 e o brilho das conquistas projetadas para 2024. Uma quase tragédia esportiva e uma notável redenção definiram os acontecimentos recentes no cenário alvinegro. Embora a análise fria aponte para quatro pontos conquistados em seis possíveis no Campeonato Brasileiro, disputados no Estádio Nilton Santos, o panorama emocional revela uma série de lembranças dolorosas e um reconfortante desfecho após as duas jornadas consecutivas no Colosso do Subúrbio.

O elenco alvinegro se viu à beira do precipício com o empate frente ao Mirassol, ocorrido na quarta-feira (17), em seu próprio reduto. É crucial ressaltar que, sob qualquer perspectiva, um confronto contra uma equipe do interior paulista não deveria resultar em igualdade para o Botafogo . Independentemente de o oponente ser um destaque nacional ou um mero figurante, tal desfecho é inaceitável. A situação se agravou exponencialmente quando uma vantagem de três gols se desfez em um empate de 3 a 3 em apenas quinze minutos. O risco de uma virada para 4 a 3 e a reabertura de uma ferida há muito cicatrizada era palpável. Somente a intervenção do VAR, que detectou um impedimento, evitou o pior. A atmosfera no bairro da Zona Norte era de profundo pesar.

A lembrança do novembro de 2023, quando o Palmeiras executou uma virada igualmente impressionante no mesmo Engenho de Dentro, pairava no ar. Contudo, naquela ocasião, tratava-se de um adversário hegemônico no futebol brasileiro, que ainda atuou com um jogador a mais durante todo o segundo tempo após a expulsão de Adryelson. Ceder uma derrota nos mesmos moldes para o Mirassol, demonstrando inércia na etapa complementar, equivaleria a convidar o fracasso a se instalar novamente no clube. Tal desfecho teria desencadeado uma instabilidade sem precedentes na gestão SAF, comprometendo seriamente a aspiração do time por uma vaga no G4, objetivo este que serve de atenuante para um ano de 2025 que se anunciava complexo.

A Sombra do Passado: Lições do Empate no Niltão

A cena mudou drasticamente no sábado seguinte (20), quando o Botafogo reencontrou o Mineiro no Monumental, em uma partida que remeteu ao memorável 30 de novembro de 2024, uma data que muitos torcedores alvinegros gravaram em suas lembranças, registros audiovisuais e até mesmo na pele. Em um lance polêmico, que evocou a agressão de Gregore em Vera, Chris Ramos, nos instantes finais do primeiro tempo, desferiu uma cotovelada em Igor Gomes, resultando em sua expulsão e deixando o Mais Tradicional com um jogador a menos no Nilton Santos. Curiosamente, a equipe visitante demonstrava superioridade até aquele momento, criando duas oportunidades claras para ir ao vestiário com a vantagem no placar.

Contrariando as expectativas, o Galo pareceu sucumbir à pressão de ter superioridade numérica. A reverberação do 3 a 1 da final da Copa Libertadores foi tão intensa que os visitantes, ao invés de capitalizarem, sofreram um gol, concederam espaços para investidas perigosas do Botafogo e acabaram derrotados por 1 a 0, um placar que gerou forte insatisfação entre sua torcida. Com a posse de bola, o Mineiro se mostrou incapaz de construir jogadas ofensivas, revelando uma notável ausência de criatividade.

Mais do que alimentar o folclore e as rivalidades futebolísticas, o Botafogo proporcionou um alívio crucial aos seus adeptos. Assim como a promessa de 2024 visa superar as amarguras de 2023, o triunfo do último fim de semana, alcançado em circunstâncias adversas, compensou o revés contra o Mirassol. Contudo, a equipe comandada por Davide Ancelotti necessita de maior consistência e regularidade, conforme salientou o capitão Marlon Freitas. Afinal, a inconstância não é um atributo compatível com um elenco que almeja a glória continental e nacional em uma mesma temporada.

A Virada Emocional: Como o Glorioso Reagiu à Adversidade