Botafogo Eliminado no Mundial: Onde o Glorioso Errou Contra o Palmeiras?

O cenário do futebol de clubes brasileiro no palco global da Copa do Mundo de Clubes da FIFA? 2025 apresenta uma dualidade marcante. Enquanto Palmeiras e Fluminense avançaram para as quartas de final, demonstrando que o esporte nacional ainda possui competitividade em alto nível, a jornada de dois outros gigantes foi interrompida. O Flamengo sucumbiu ao poderio do Bayern de Munique, com uma derrota por 4 a 2, e o Botafogo, para a decepção de sua fervorosa torcida, foi superado pelo Palmeiras por um placar mínimo de 1 a 0.

A eliminação do Glorioso, em particular, exige um olhar mais atento e crítico. A expectativa em torno do confronto entre Palmeiras e Botafogo era de um embate taticamente equilibrado, dada a qualidade individual dos elencos. Contudo, o que se viu em campo foi um Palmeiras com notável organização e uma capacidade de surpreender seu adversário, neutralizando por completo qualquer tentativa de contra-ataque por parte da equipe carioca. A postura excessivamente cautelosa do Botafogo , que não conseguiu impor seu ritmo nem criar oportunidades claras, forçou o goleiro John Victor a realizar intervenções cruciais, sendo, inclusive, eleito o melhor em campo.

O Desempenho Aquém do Esperado e a Luta Tática

É inegável que se esperava uma capacidade de imposição superior do Botafogo . O elenco titular do clube é, sem dúvida, qualificado e competitivo, capaz de fazer frente a grandes equipes. Contudo, na fria comparação entre os plantéis, o Palmeiras demonstra uma vantagem significativa na profundidade de seu elenco , possuindo uma quantidade maior de atletas de alto nível. Essa versatilidade permite ao técnico Abel Ferreira executar múltiplas variações táticas, adaptando-se às nuances de cada partida, algo que pareceu faltar ao Glorioso no momento decisivo.

Acredito que as críticas direcionadas a Abel Ferreira, após o desempenho de sua equipe contra o Inter Miami ? um jogo onde o time paulista sofreu consideravelmente, apesar da presença de Messi no adversário e das falhas coletivas do time americano ? podem ter instigado uma formatação palmeirense mais agressiva e ofensiva contra o Botafogo . O Verdão exibiu um futebol com clara intenção de dominar, algo que se esperava desde o início do torneio.

A estratégia palmeirense, com Allan Elias e Estêvão atuando abertos pelas pontas e Maurício como o principal orquestrador das jogadas ofensivas, funcionou de maneira quase impecável nas duas metades do duelo contra o Botafogo . O empate sem gols no tempo regulamentar, longe de refletir um equilíbrio, pode ser creditado, em grande parte, à atuação excepcional do goleiro botafoguense. Pelo que foi apresentado em campo, a vitória do Palmeiras deveria ter sido mais confortável e com um placar mais expressivo.

Palmeiras em Ascensão e os Desafios Europeus

Para o próximo embate, nas quartas de final contra o Chelsea, se o Palmeiras conseguir replicar a intensidade e a organização tática demonstradas contra o Botafogo , as chances de um jogo competitivo são reais. O Chelsea, apesar de seu histórico e poderio, não tem desfrutado de uma temporada das mais regulares. Na Premier League, a equipe londrina encerrou sua participação na quarta posição, o que, para os padrões do clube, é considerado uma decepção. O único troféu conquistado na temporada, a Conference League, pertence ao terceiro nível das competições europeias de clubes, reunindo times que não se qualificaram para a Champions League ou Europa League.

Na Copa do Mundo de Clubes da FIFA?, o Chelsea avançou da fase de grupos em segundo lugar no grupo D e superou o Benfica por 4 a 1 nas oitavas de final. Curiosamente, o jogo contra os portugueses foi equilibrado por boa parte do tempo, com o Chelsea vencendo por 1 a 0 até os minutos finais, quando um pênalti inesperado levou a decisão para a prorrogação. Contudo, nos últimos quinze minutos do confronto, a superioridade do Chelsea foi evidente, algo explicável pela juventude e fôlego de seu elenco , que conseguiu manter o ritmo e impor sua qualidade.

O Triunfo do Tricolor Carioca e a Inversão de Favoritismos

Paralelamente, a estratégia do Fluminense de espelhar o esquema tático da Internazionale, adotando uma linha de três zagueiros, revelou-se um acerto categórico. O time carioca foi amplamente dominante na primeira etapa da partida. Embora a equipe italiana tenha melhorado seu desempenho na segunda parte, não conseguiu superar taticamente o Fluminense. Apesar de possuir um elenco teoricamente mais qualificado, a Inter sentiu de forma mais acentuada os efeitos das condições climáticas adversas.

O cansaço da equipe italiana, somado à performance quase irretocável do Fluminense, culminou na vitória brasileira por 2 a 0 e na consequente classificação para as quartas de final, um feito notável para o tricolor das Laranjeiras.

Em termos de favoritismo, a situação vista no confronto entre Manchester City e Al-Hilal guardou semelhanças com o duelo entre Fluminense e Internazionale. A principal diferença residiu no domínio tático predominantemente maior da equipe inglesa sobre o time da Arábia Saudita. Contudo, na segunda etapa do jogo, a equipe comandada por Pep Guardiola apresentou-se irreconhecível, o que permitiu ao Al-Hilal, mesmo jogando de forma reativa, demonstrar superioridade tática.

O futebol, em sua essência, é apaixonante justamente por desafiar a lógica pré-estabelecida, e nos jogos eliminatórios essa característica de inversão de favoritismo é, por vezes, surpreendente. Isso, porém, não significa que o time taticamente mais bem organizado e previamente favorito seja de qualidade inferior. Em condições normais, tanto Internazionale quanto Manchester City mantêm seu status de gigantes, apenas não seguirão adiante nesta competição. O próximo desafio do Fluminense será contra o Al-Hilal, um confronto que se desenha equilibrado, com uma leve inclinação de favoritismo para a equipe saudita, dada a globalização e o investimento em seu elenco .