1. FutFogão

Botafogo e Lyon: Entenda a Dívida de R$ 678 Milhões e o Mistério Savarino

Por Redação FutFogão em 29/11/2025 09:14

A recente divulgação do balanço financeiro da temporada 2024/25 pelo Olympique Lyonnais trouxe à tona uma série de questionamentos sobre a intrincada relação entre os clubes que compõem a Eagle Football, de John Textor. O documento francês, que aponta um prejuízo considerável de 201,2 milhões de euros (equivalente a R$ 1,2 bilhão na atual cotação), revela uma cifra ainda mais alarmante para os torcedores alvinegros: a suposta existência de 109,6 milhões de euros (cerca de R$ 678,4 milhões) a serem recebidos do Botafogo.

Essa expressiva soma, categorizada sob o item "non-current receivables" (contas a receber não circulantes) e associada a transferências de direitos econômicos de atletas, ressoa com as alegações previamente formuladas pelo clube social carioca. O presidente João Paulo Magalhães, em comunicação divulgada na última sexta-feira, havia apontado que o Botafogo teria direcionado R$ 628 milhões à equipe francesa, delineando um cenário de profunda divergência contábil e estratégica.

As Cifras Enigmáticas das Transferências de Jogadores

Embora o balanço do Lyon não especifique nominalmente os atletas envolvidos nessas operações, um trecho específico do relatório lança luz sobre uma transação em particular que conecta diretamente o Botafogo a um de seus jogadores. O documento menciona que "Outros ativos fixos, totalizando 10,7 milhões de euros, incluem os direitos econômicos de um jogador adquirido durante o primeiro trimestre de 2025 do Botafogo por 7,6 milhões de euros".

Apesar de não haver menção explícita ao nome do jogador, o valor e o período da aquisição alinham-se precisamente com os dados da transferência de Savarino para o Olympique Lyonnais. Documentos que vieram a público em agosto do ano anterior indicavam que o clube carioca havia negociado os direitos econômicos do meio-campista venezuelano com a agremiação francesa exatamente por 7,6 milhões de euros no início da temporada.

É crucial discernir que o atleta em questão não se refere a Thiago Almada, que se juntou ao Lyon em janeiro por meio de um empréstimo sem custos entre as instituições. A situação de Savarino, por sua vez, era singular: havia um entendimento inicial entre Textor e o jogador para que o camisa 10 se transferisse para o Lyon após a Copa do Mundo de Clubes. Contudo, devido a um "transferban" imposto ao clube francês, as partes tentaram antecipar a movimentação. A decisão do venezuelano de não prosseguir com a mudança, influenciada por conversas familiares, alterou o panorama.

O Conceito da 'Família Eagle' e Seus Desafios

Além de Savarino, outros nomes como Igor Jesus, Jair Cunha e o já mencionado Almada figuraram em negociações com o Lyon. Naquele momento, o clube francês enfrentava não apenas dificuldades na Ligue 1, mas também severas restrições financeiras impostas pelo DNCG, o órgão regulador dos cofres das equipes no país.

A versão do Botafogo , conforme expressa em uma carta enviada em julho por Thairo Arruda, CEO da SAF, ao Lyon, é de que o clube carioca aceitou propostas abaixo do valor de mercado para fortalecer o elenco francês. Essa estratégia estava embasada na visão de uma "Família Eagle", onde os clubes da companhia operariam como uma única entidade.

Botafogo decide ajudar o Lyon baseado na visão, objetivos e estrutura criado no conceito da "Família Eagle", afirmando que todos os clubes da companhia toquem negócios como uma empresa única. (...) Porém, esses esforços representaram perda de material humano: (i) depois da decisão do DNCG de 15 de novembro de 2024, Botafogo transferiu Almada, um dos principais jogadores do time, sem cobrar qualquer taxa de salários ou transferência; (ii) Botafogo foi "forçado" a aceitar taxas de descontos altas em vendas para receber valores a curto prazo em vendas para ajudar o Lyon com fundos; (iii) na decisão do DNCG de 15 de novembro de 2024 que proibiu o Lyon de inscrever jogadores, Botafogo foi recorrido para negociar com terceiros certos jogadores que poderiam se transferir ao Lyon, como Luiz Henrique, Igor Jesus e Jair em condições desfavoráveis, aceitando taxas de transferências bem menores do que o valor de mercado desses jogadores.

Transações Frustradas e o Conflito de Interesses

Contrariando as expectativas da "Família Eagle", os problemas entre John Textor e o Lyon se agravaram meses após a formalização dos acordos de venda, culminando na remoção do empresário americano do comando do clube francês. O que era para ser uma parceria estratégica transformou-se em uma relação tensa e distante, e, consequentemente, as transferências dos jogadores não se concretizaram como planejado.

O Botafogo sustenta que, em virtude dessas circunstâncias e da aceitação de valores abaixo do mercado para auxiliar o Lyon, deveria ter recebido quantias substancialmente maiores pelos atletas. Essa perspectiva é reforçada pela declaração do próprio John Textor ao ge, onde ele afirma que o Olympique Lyonnais tem uma dívida de US$ 160 milhões (equivalente a R$ 853 milhões) com o clube carioca.

A seguir, uma tabela resume os valores de negociação dos jogadores mencionados na carta do Botafogo , evidenciando as cifras que, na visão do clube brasileiro, representariam um desequilíbrio:

Jogador Valor de Negociação (Botafogo) Destino Original Planejado Destino Final (se diferente)
Almada 27.075.000 euros Lyon Lyon (empréstimo)
Igor Jesus US$ 43.134.297 Lyon Nottingham Forest
Jair Cunha 20.900.000 euros Lyon Nottingham Forest
Savarino 7.600.000 euros Lyon Botafogo

A situação atual expõe uma complexa teia de interesses financeiros e esportivos, onde a transparência e a alocação de responsabilidades se tornam pontos cruciais. A contenda entre Botafogo e Lyon, sob a égide da Eagle Football, permanece como um capítulo aberto que exige clareza e resolução para ambas as partes.

Curtiu esse post?

Participe e suba no rank de membros

Comentários:
Ranking Membros em destaque
Rank Nome pontos