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Botafogo e Europa: A Visão de Textor por Trás das Contratações
Por Redação FutFogão em 17/10/2025 05:42
Longe de ser apenas um investidor distante, John Textor, o proprietário do Botafogo, demonstra uma imersão profunda e estratégica nas operações do clube, especialmente no que tange à aquisição de novos talentos. A percepção de que sua atuação se restringe à gestão financeira ou administrativa é equivocada; a realidade revela um envolvimento direto e pessoal que transcende as expectativas tradicionais de um dirigente.
A influência de Textor no processo de recrutamento é notável, por vezes assumindo a linha de frente na persuasão de atletas. Ele mesmo detalha a importância desse toque pessoal, que muitos no universo do futebol parecem ter negligenciado. "Às vezes eu tenho que recrutar o jogador. Às vezes eu nem escolho o jogador, mas importa quando o dono liga para a família, ou importa que eu tenha voado para a Espanha e me sentado na cozinha da casa do Luiz Henrique, como os torcedores noticiaram, importa que eu conheça a noiva do Thiago Almada. Sabe, essas coisas são importantes, e as pessoas esquecem disso no futebol. Muitos donos esqueceram disso", afirma Textor, ressaltando o valor da conexão humana no complexo tabuleiro das transferências.
Conforme revelado em uma reportagem do UOL Prime, o empresário americano participa ativamente da seleção e contratação de jogadores para o Glorioso. Em entrevista ao veículo, ele elucidou a metodologia por trás da estruturação do departamento de observação de atletas no Botafogo e a relevância de sua própria intervenção no processo.
A Estruturação de uma Rede Global de Talentos
A construção de um robusto setor de observação e recrutamento no Botafogo não foi obra do acaso, mas sim fruto de um planejamento meticuloso. Textor buscou referências e conselhos estratégicos para edificar essa área vital. "Eu ouvia os nomes de algumas pessoas, e então o Doug Friedman, diretor esportivo do Crystal Palace, me incentivou muito a falar com eles, foi assim que o relacionamento se desenvolveu", explica Textor, referindo-se à chegada de Alessandro Brito, o head scout, e do ex-diretor de futebol André Mazzuco, que posteriormente deixou o clube. A colaboração desses profissionais foi crucial para a edificação da base de talentos do Alvinegro.
O processo de avaliação de jogadores sob a ótica de Textor difere da abordagem convencional, combinando o olhar técnico do observador com uma análise quantitativa aprofundada. Enquanto um olheiro tradicional como Brito foca em aspectos visuais do jogo, como o primeiro toque, a postura corporal, a técnica de giro e a percepção de jogo, Textor busca uma camada mais profunda de dados.
"Alguém como o Brito vai observar um jogador e nota o bom primeiro toque, vê que o corpo dele está aberto, percebe que ele é tecnicamente bom ao girar, levanta a cabeça, vê os alvos, sabe onde está em campo. Já eu vejo isso como componentes de tempo. Me importa que ele receba, gire e distribua a bola em menos tempo que qualquer outro, com grande certeza estatística na conclusão da jogada e no resultado", detalha o empresário. Essa dualidade de percepção é a espinha dorsal da filosofia de recrutamento do Botafogo . "Então, talvez ele veja com os olhos e eu vejo com a matemática, e esses dois mundos se juntam ? e o mestre do tempo costuma ser o melhor meio-campista", projeta o americano, indicando uma fusão entre a intuição e a precisão dos números.
O Ecossistema Eagle: O Caminho para o Futebol Europeu
A visão de Textor se materializa em uma complexa rede de avaliações que integrava olheiros de diversos clubes sob sua influência, como Lyon (França), RWDM (Bélgica) e Florida (Estados Unidos). O Crystal Palace (Inglaterra), embora tenha feito parte inicialmente, já não integra essa estrutura. Essa interconexão global de observadores serve a um propósito estratégico: a validação multifacetada de um talento.
A lógica é simples e eficaz: "Ele pode ser bom no Brasil, mas será que seria bom na França? Ele pode ser bom no Brasil, mas será que seria bom na Inglaterra? Bom, se o cara no Brasil gosta dele, e o cara na França gosta dele, e o cara na Inglaterra gosta dele, e o cara na Bélgica gosta dele, não tem como todos os quatro estarem errados", argumenta Textor. Essa validação cruzada minimiza os riscos e aumenta a probabilidade de sucesso de uma contratação, garantindo que o jogador se adapte a diferentes contextos e níveis de exigência.
A manutenção dessa estrutura, centralizada na empresa Eagle, é inegociável para Textor, pois ela oferece vantagens competitivas cruciais. Além da rede de observação, existe uma segunda e talvez mais sedutora razão para a coesão desse ecossistema. "Olha, meu objetivo é que a Eagle continue unida em seu ecossistema atual, porque essa relação entre vários clubes funcionou muito bem para o Botafogo . Queremos conquistar um campeonato sendo capazes de prometer um caminho para a Europa a jogadores como Thiago (Almada) e Lucas Perri, Luiz Henrique e Adryelson. Por isso, eu gosto do ecossistema da Eagle", revela o proprietário. Essa promessa de uma trajetória internacional não apenas atrai grandes talentos, mas também posiciona o Botafogo como uma ponte estratégica para o futebol de elite mundial, consolidando uma proposta de valor única no cenário esportivo.
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