Botafogo e a Escassez de Gols: O Vazio Deixado por Igor Jesus - Análise

O Botafogo atravessa um período de notável dificuldade no setor ofensivo, um panorama que se tornou ainda mais evidente após a derrota por 3 a 0 para o Flamengo, em pleno Nilton Santos, pela 28ª rodada do Campeonato Brasileiro. A ausência de um artilheiro consistente desde a despedida de Igor Jesus, que deixou o clube após a Copa do Mundo de Clubes, configura um dos maiores dilemas táticos para a equipe alvinegra.

A insatisfação da torcida com a performance dos atacantes foi palpável, com Arthur Cabral sendo alvo de vaias ao ser substituído aos nove minutos do segundo tempo. A cena reflete a frustração coletiva diante da incapacidade do camisa 98 de converter oportunidades claras, como uma chance crucial desperdiçada na etapa final, quando o placar ainda registrava apenas um gol de desvantagem para o adversário.

Os números recentes corroboram essa percepção de ineficácia. Nos últimos quatro confrontos, o Botafogo permaneceu sem marcar em três deles. A única exceção foi a vitória por 2 a 1 sobre o Bahia, com gols de Santi e Jeffinho. Nos demais duelos do Brasileirão, o time amargou derrotas por 2 a 0 contra o Fluminense, 2 a 0 para o Internacional e, mais recentemente, o 3 a 0 contra o Flamengo.

O Desafio de Encontrar o Caminho das Redes

Arthur Cabral, peça central no esquema de Davide Ancelotti, ainda não conseguiu demonstrar o desempenho esperado. Seu último gol pela equipe remonta a 27 de agosto, em um confronto contra o Vasco, válido pelo jogo de ida das quartas de final da Copa do Brasil. É uma constante nas partidas a opção do técnico por iniciar com Cabral no comando do ataque, para então substituí-lo por Chris Ramos no segundo tempo, estratégia adotada inclusive no clássico contra o Flamengo.

Em coletiva de imprensa após o embate com o rubro-negro, Davide Ancelotti admitiu abertamente a carência do elenco em materializar as chances criadas. O artilheiro do Botafogo no Campeonato Brasileiro, Savarino, por exemplo, ostenta apenas quatro gols na competição, um indicativo da baixa produtividade ofensiva da equipe.

Temos dificuldade em virar jogos. É evidente. Temos dificuldade de fazer gols. Não há dificuldade de criar chances, mas há de marcar. Quando vemos que nosso artilheiro tem quatro gols significa que é um time que joga, compete, defende bem e tem problemas de gols. Vamos seguir procurando oportunidades melhores. Claro que contra o Flamengo é difícil achar oportunidades a todo o momento

Foto: (Vitor Silva/Botafogo)

A Perspectiva Tática e as Opções Ofensivas

Para a função de centroavante, Ancelotti dispõe de três alternativas no elenco : Arthur Cabral, Chris Ramos e Mastriani. Embora o treinador já tenha escalado Cabral e Ramos em uma dupla de ataque, Mastriani tem recebido pouquíssimas oportunidades. Sob a batuta do atual comandante, o jogador atuou em apenas quatro partidas, nenhuma como titular, somando um total irrisório de 31 minutos em campo.

Paradoxalmente, Igor Jesus , cuja última aparição com a camisa alvinegra foi em 28 de junho, na derrota para o Palmeiras pela Copa do Mundo de Clubes, permanece como o principal goleador da equipe no ano de 2025. Sua ausência ressalta a lacuna deixada no ataque e a urgência de encontrar soluções internas ou no mercado para reverter o cenário.

O Legado Goleador e a Necessidade de Respostas

A tabela abaixo ilustra a performance dos principais artilheiros do Botafogo em 2025, evidenciando a dependência de um jogador que já não faz parte do elenco e a necessidade premente de novos protagonistas no ataque.

* Vendido para o Nottingham Forest ** Emprestado ao Estoril, de Portugal, desde 29/7 *** Emprestado ao Fortaleza desde 29/8