Botafogo: Corte de 30% na Folha Salarial para 2026 Revela Estratégia de SAF

Em um cenário de grandes expectativas e, ao mesmo tempo, de um ano esportivo que gerou frustrações, o Botafogo adota uma postura de cautela e realismo em seu planejamento para a próxima temporada. A SAF alvinegra projeta uma diminuição de ao menos 30% na folha salarial do elenco para o ano de 2026, um indicativo claro de uma gestão que busca solidez financeira após períodos de investimentos significativos.

Essa reestruturação para 2026 está intrinsecamente ligada à incerteza sobre o orçamento disponível para a continuidade do projeto. Recentemente, o CEO do Botafogo , Thairo Arruda, sinalizou a necessidade de um aporte de R$ 350 milhões para o próximo ciclo, valor que deverá ser angariado tanto por meio da venda de atletas quanto por investimentos externos. É nesse contexto de busca por recursos e valorização de ativos que se inserem decisões como a liberação do meia argentino Álvaro Montoro e do colombiano Jordan Barrera para a disputa da Copa do Mundo sub-20, visando dar visibilidade a esses jovens talentos.

Botafogo: O Freio de Mão Financeiro para 2026

Após uma reunião do Conselho Deliberativo que gerou questionamentos internos sobre os rumos do clube, Thairo Arruda concedeu explicações ao ge sobre as discussões. Ele esclareceu a complexidade do cenário financeiro:

O caixa que a gente precisa depende do planejamento para 2026, que está sendo discutido agora. Depende do apetite do investidor. Depende de como a gente vai construir o plano do que vem que ainda está sendo discutido. É muito difícil falar qual é a dificuldade de caixa do Botafogo quando se tem essas discussões em andamento. Eu dei um número porque gosto de dar respostas precisas: "olha, algo em torno de R$ 350 milhões entre venda de atleta e dinheiro de investidor é um bom número para o ano que vem". De novo, não sou eu que decido isso.

Internamente, a percepção é de que esses ajustes são indispensáveis, especialmente considerando o montante investido em contratações que não tiveram o retorno esperado ao longo da temporada. A tendência é que o clube passe por uma profunda reformulação de perfil, evitando novos aportes vultosos até que haja uma mudança no cenário financeiro, que, nas palavras do CEO, dependerá do "apetite do investidor".

Reestruturação do Elenco: Vendas, Empréstimos e o Novo Perfil Alvinegro

Um processo similar de readequação foi observado no início do ano, logo após as conquistas da Libertadores e da Copa do Brasil. Naquela ocasião, a diretoria optou por não renovar contratos de atletas com salários elevados que não eram titulares ou tinham poucos minutos em campo. Essa estratégia resultou em um rejuvenescimento do elenco e, consequentemente, em uma redução da carga salarial mensal.

Contudo, essa reestruturação foi acompanhada pela chegada de 19 novos atletas, que se somaram a nomes importantes que permaneceram da temporada anterior. Essa movimentação acabou por gerar um novo aumento nos vencimentos mensais, demonstrando a complexidade de equilibrar competitividade e finanças. Ao longo da temporada, a venda de jogadores como o goleiro John, o zagueiro Jair, o volante Gregore e o atacante Igor Jesus? todos considerados titulares ? contribuiu para a liberação de parte do orçamento.

Na tentativa de impulsionar as receitas e valorizar jovens promessas, o clube também realizou diversas negociações envolvendo empréstimos e liberações gratuitas, sempre mantendo parte dos direitos econômicos dos atletas. Entre os jogadores que seguiram esse caminho estão Kauê, que foi para o Porto; Kayke, que seguiu para o Fortaleza; e Yarlen, que se transferiu para o Tondela. Patrick de Paula, Rwan Cruz e Elias Manoel também foram cedidos por empréstimo.

O Impacto da Libertadores no Planejamento de Longo Prazo

A incerteza quanto à participação na Copa Libertadores de 2026 adiciona uma camada de complexidade ao planejamento financeiro do Botafogo . Atualmente, o campeão ocupa a quinta posição no Campeonato Brasileiro, a seis pontos de distância do G-4, que garante vaga direta na fase de grupos da competição continental. A classificação para a Libertadores representa não apenas prestígio esportivo, mas também um aporte financeiro crucial para o orçamento do clube, impactando diretamente a capacidade de investimento e a necessidade de cortes futuros.