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Botafogo Condenado pela FIFA: US$ 21 Milhões em Dívida com Atlanta FC por Thiago Almada
Por Redação FutFogão em 11/06/2025 05:43
O Botafogo, um dos clubes mais tradicionais do futebol brasileiro, encontra-se em uma situação delicada perante a Federação Internacional de Futebol (FIFA). O imbróglio financeiro envolve a aquisição do talentoso meio-campista argentino Thiago Almada, cuja dívida com o Atlanta United FC, dos Estados Unidos, culminou em uma condenação formal por parte da entidade máxima do futebol mundial. A Players' Status Chamber, câmara da FIFA responsável por julgar disputas relativas a jogadores, já proferiu uma sentença desfavorável ao clube carioca.
A determinação imposta ao Botafogo é o pagamento imediato de US$ 21 milhões (equivalente a R$ 117 milhões na cotação atual), acrescido de juros e uma multa de US$ 150 mil (cerca de R$ 835 mil). Se o cronograma de pagamentos originalmente acordado tivesse sido respeitado, o clube já teria liquidado um montante de US$ 10 milhões (aproximadamente R$ 55,7 milhões), evitando a atual e onerosa pendência.
A Contratação de Thiago Almada e o Início da Disputa Financeira
A decisão da FIFA, emitida em fevereiro, veio acompanhada de uma séria advertência: o não cumprimento da quitação em até 45 dias após a notificação poderia resultar em sanções severas, como a proibição de registrar novos atletas, caso o Atlanta assim solicitasse. Contudo, o Botafogo impetrou recurso, o que o manteve fora da lista de clubes sancionados pela FIFA até o momento, permitindo, inclusive, os recentes anúncios das contratações de Arthur Cabral e Joaquín Correa.
Thiago Almada, por sua vez, foi um dos pilares na notável campanha de 2024 do Botafogo , que culminou nas históricas conquistas da Copa Libertadores e do Campeonato Brasileiro. Após sua passagem bem-sucedida pelo clube, o jogador foi transferido para o Lyon, equipe que integra a rede de clubes Eagle, sob a gestão de John Textor, o mesmo proprietário da Sociedade Anônima do Futebol (SAF) alvinegra.
A negociação que trouxe Almada ao Botafogo totalizou o valor de US$ 21 milhões, estruturada em um complexo plano de pagamentos trimestrais, com previsão de término em 30 de setembro de 2026. Embora a maioria das parcelas fosse fixada em US$ 2 milhões (cerca de R$ 11 milhões), as duas primeiras foram estabelecidas em US$ 3 milhões (aproximadamente R$ 16,7 milhões). O primeiro desembolso estava programado para cinco dias úteis após a chegada do certificado de transferência internacional do atleta ao Brasil, em julho de 2024 ? um documento vital no sistema da FIFA para validar transações globais. A ausência deste pagamento inaugural marcou o ponto de partida de um intrincado impasse financeiro.
A Essência do Conflito e a Sentença Definitiva da FIFA
A controvérsia central reside na prerrogativa de jogadores da Major League Soccer (MLS) de reterem 10% de seus direitos econômicos. Nos bastidores, a versão defendida pelo Botafogo é que o Atlanta, em colaboração com a MLS, teria exercido pressão sobre Almada para que ele renunciasse a essa porcentagem. No entanto, ao concretizar sua transferência para o Brasil, o jogador reivindicou o recebimento do valor correspondente a essa fatia. Diante dessa situação, o clube alvinegro decidiu apoiar a causa do atleta argentino, pleiteando um abatimento de US$ 2,3 milhões (equivalente a R$ 12,8 milhões) da parcela inicial da transferência ? aquela que deveria ter sido paga logo após a chegada do certificado internacional.
Como o desconto solicitado não foi concedido, o Botafogo optou por não efetuar o pagamento, desencadeando uma paralisação mútua das obrigações financeiras. O caso foi formalmente levado à FIFA em novembro de 2024, após a omissão do Botafogo no pagamento da segunda parcela de US$ 3 milhões, elevando a dívida inicial para US$ 6 milhões (aproximadamente R$ 33,4 milhões).
Com o litígio já deflagrado, o Atlanta United solicitou à FIFA a quitação integral e imediata dos US$ 21 milhões, abandonando a modalidade parcelada. Esta exigência representava um desafio considerável para o fluxo de caixa do Botafogo e, por extensão, da Eagle. A FIFA, em sua decisão de fevereiro deste ano, acolheu integralmente essa demanda. O veredito estabelece que US$ 3 milhões acumularão juros de 5% ao ano a partir de 22 de julho de 2024, e os restantes US$ 18 milhões terão o mesmo percentual de juros aplicado a partir de 30 de agosto de 2024.
Estratégias Legais e Precedentes Recentes do Botafogo
Em sua defesa perante a FIFA, o Botafogo buscou a assessoria do renomado advogado catalão Joan Milà. A argumentação inicial do clube brasileiro questionou a legitimidade do Atlanta como parte no processo, sustentando que apenas a MLS possuiria prerrogativa legal para a cobrança, uma vez que os pagamentos seriam direcionados diretamente à liga, e não ao clube. Embora reconhecesse a inadimplência das duas primeiras parcelas, o Botafogo alegou que o montante a ser cobrado deveria ter sido de US$ 6 milhões, e não os US$ 21 milhões integrais.
O juiz responsável pelo caso na câmara da FIFA refutou categoricamente todas as argumentações apresentadas pelo Botafogo , proferindo a sentença que o clube mais temia. Diante do cenário, a estratégia atual do Botafogo é interpor recurso, buscando adiar a execução da cobrança e renegociar os termos. Este episódio, todavia, não é isolado na trajetória recente do clube.
Vale ressaltar que o Botafogo já havia enfrentado uma proibição de registro de atletas este ano, decorrente de uma solicitação do Guaraní-PAR, clube que negociou o jogador Segovinha e também acionou o alvinegro judicialmente por débitos. A Sociedade Anônima do Futebol (SAF) do Botafogo justificou o ocorrido como uma "falha de comunicação". Em 26 de março, coincidentemente na mesma data em que a restrição foi imposta, o Botafogo efetuou o pagamento de US$ 452 mil (aproximadamente R$ 2,6 milhões, conforme a cotação da época) ao Guaraní, evidenciando um padrão de desafios na gestão de seus compromissos financeiros internacionais.
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