Botafogo: Como o Clube Está Usando a Tecnologia para Escolher Seus Próximos Técnicos

Longe de se limitar ao tradicional rastreamento de atletas no mercado, o departamento de scout do Botafogo tem expandido suas fronteiras. No final de 2024, o clube carioca inaugurou uma iniciativa audaciosa: a criação de um banco de dados minucioso, dedicado exclusivamente ao acompanhamento de treinadores e seus auxiliares. Essa medida representa um aprofundamento estratégico na gestão de talentos, agora abrangendo também aqueles que comandam à beira do gramado.

Ainda que considerada uma proposta embrionária nos bastidores do clube, a ideia possui um vasto potencial de desenvolvimento. O propósito primordial do Glorioso é centralizar informações cruciais, facilitando o mapeamento e a avaliação de profissionais que atuam no futebol mundial. O foco primordial recai sobre indicadores de performance e, sobretudo, a capacidade de implementar um estilo de jogo alinhado às diretrizes do clube.

A filosofia que norteia este trabalho diário é o tão propalado "Botafogo Way", um conceito reiteradamente defendido pelo proprietário da SAF, John Textor. Essa visão preconiza uma abordagem ofensiva e propositiva no campo, consolidando uma identidade tática clara. O banco de dados surge, portanto, como uma ferramenta essencial para identificar perfis de comandantes que ressoem com essa ideologia futebolística.

A Revolução Tática: Botafogo Amplia o Scout para a Área Técnica

Apesar de seu escopo abrangente, a ferramenta é primordialmente voltada para as necessidades do futebol profissional do Botafogo . Contudo, é fundamental ressaltar que a existência desse recurso não implica que toda e qualquer mudança no comando técnico da equipe culminará, obrigatoriamente, na contratação de um treinador previamente catalogado em seus registros. A base de dados funciona como um subsídio estratégico, não como uma lista exaustiva de candidatos exclusivos.

Um exemplo notável da complexidade desse sistema emerge ao analisar o caso da família Ancelotti. Enquanto Carlo Ancelotti, o aclamado técnico que atualmente dirige a seleção brasileira, era, de fato, um dos nomes presentes na plataforma ? sendo internamente reconhecido como uma verdadeira referência na profissão ?, seu filho, Davide Ancelotti, que assumiu o comando do Botafogo em 8 de julho, não figurava inicialmente nesse banco de dados.

A ausência de Davide é compreensível, visto que o jovem italiano de 35 anos não possuía experiências prévias como técnico principal em nível profissional. Antes de sua chegada ao Alvinegro, Davide integrava a comissão técnica de seu pai como auxiliar, papel que ele retomará na Copa do Mundo de 2026 com a Seleção. Este cenário ilustra a capacidade do clube de identificar e apostar em talentos emergentes, mesmo que não se enquadrem nos critérios convencionais de um banco de dados focado em experiência como treinador principal.

Ancelottis em Foco: Exceções e Confirmações na Nova Base de Dados

A relevância e o funcionamento dessa iniciativa foram elucidados pelo diretor de gestão esportiva, Alessandro Brito, em declarações concedidas ao documentário "L'Arrivo", recentemente lançado pelo próprio Botafogo . Brito detalhou a abordagem inovadora do clube:

? A gente vem trabalhando com a Eagle de uma maneira um pouco diferente, onde a gente vem buscando também um banco de dados de treinadores, auxiliares, visando e buscando o que tem de melhor a nível mundial. Uma das ideias que criamos há um tempo é monitorar jovens ou profissionais de boa performance ?

Ao abordar a escolha específica de Davide Ancelotti, o diretor complementou, enfatizando a prospecção de talentos promissores:

? Davide é um dos jovens treinadores promissores a nível mundial, tem seu pai como referência. Buscamos, por meio de algumas informações e até auxílio da própria CBF, alavancar ainda mais a busca desse profissional junto ao clube. ?

A Visão Estratégica: O Futuro da Gestão Técnica no Botafogo