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Botafogo Choca o Mundo: Davide Ancelotti Assume Após Saída Polêmica de Paiva
Por Redação FutFogão em 07/07/2025 11:33
O cenário esportivo alvinegro testemunha mais um movimento singular promovido por John Textor. Aos 35 anos, Davide Ancelotti, herdeiro de Carlo Ancelotti, foi o nome escolhido para comandar a equipe do Botafogo. Esta decisão, longe de ser convencional, alinha-se ao padrão de escolhas inusitadas que o proprietário da SAF tem imprimido ao clube ao longo do ano de 2025.
A saga para encontrar um sucessor para Artur Jorge, que se desligou do clube na virada do ano, foi marcada por uma protelação considerável. Textor, amparado na premissa (amplamente questionável) de que a temporada só ganharia relevância a partir de abril, levou dois meses para definir o novo comandante. Após um extenso processo de entrevistas com diversos profissionais, notadamente europeus, a escolha recaiu sobre um nome que já se encontrava disponível no Rio de Janeiro, aguardando uma oportunidade.
A chegada de Renato Paiva não foi recebida com entusiasmo unânime. Havia uma interrogação pairando sobre sua capacidade de reerguer um elenco que, após as expressivas conquistas do ano anterior, atravessava um período de fragilidade. Contudo, o técnico português, paulatinamente, sinalizou sua aptidão para tal empreitada. Antes mesmo do início da Copa do Mundo de Clubes, o Botafogo já esboçava uma performance mais coesa.
A Ousadia de Textor e a Nova Era Alvinegra
Essa ascendência culminaria em um capítulo inesquecível. O triunfo por 1 a 0 sobre o Paris Saint-Germain, em 19 de junho, não apenas representou o ápice da trajetória de Renato Paiva, mas também se inscreveu como uma das mais notáveis proezas na história do Botafogo . O clube francês, vale ressaltar, havia erguido a taça da Champions League menos de três semanas antes, em uma demonstração de superioridade que incluiu uma goleada de 5 a 0 sobre a Inter de Milão. Paiva, para aquela ocasião, alterou a abordagem tática, optando por três meio-campistas de marcação, e presenciou seus atletas executarem uma exibição impecável contra os franceses, elevando-o a um novo patamar.
A estratégia, de tão eficaz, foi replicada no confronto seguinte, contra o Atlético de Madrid. Embora o Botafogo não tenha repetido a performance da partida anterior, a derrota por 1 a 0 foi suficiente para assegurar o avanço às oitavas de final. O ponto de inflexão, contudo, surgiu quando a mesma tática foi mantida diante do Palmeiras.

O Contraste Tático: Do Heroísmo à Percepção de Cautela
Essa persistência tática gerou descontentamento em grande parte da torcida e, aparentemente, irritou John Textor. A atuação do Botafogo contra o Palmeiras foi, de fato, excessivamente recuada. Aquele plano que havia sido louvado como heroico contra o PSG foi interpretado como excessivamente cauteloso quando aplicado contra um adversário direto. A derrota por 1 a 0 resultou na dispensa de Paiva, apenas 11 dias após a memorável vitória sobre o Paris Saint-Germain.
A esmagadora maioria dos dirigentes jamais teria afastado Paiva; o êxito contra o PSG serviria como atenuante para o revés diante do Palmeiras. E, da mesma forma, poucos teriam optado por Davide Ancelotti como substituto. Textor, inegavelmente, assume riscos elevados, e essa postura parece angariar a aprovação de uma parcela significativa da torcida. É, para usar uma metáfora precisa, uma roleta. De inércia, o adepto botafoguense, certamente, não padece.
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Davide Ancelotti ao lado do pai no Real Madrid ? Foto: Matthew Ashton - AMA
Davide Ancelotti: Legado Familiar e o Desafio no Glorioso
Para aqueles que, como este colunista, defendem que a presença de treinadores estrangeiros eleva o padrão do futebol brasileiro, e para os que celebram a ascensão de jovens talentos na área técnica, a escolha por Davide Ancelotti merece reconhecimento. De certa forma, a ação de Textor reflete a coragem que, segundo sua ótica, faltou a Renato Paiva.
É uma vasta incógnita se o novo comandante alvinegro alcançará o sucesso. Tal incerteza pairaria sobre qualquer clube; no Botafogo , sob a égide de Textor, ela se intensifica. Contudo, Ancelotti parece portar conceitos promissores (flexibilidade, verticalidade, agressividade) e trilhou um caminho comum à formação de treinadores: iniciando como preparador físico, para então ascender a auxiliar técnico.
Existem, no entanto, duas distinções cruciais. A primeira reside no fato de sua formação ter ocorrido ao lado de seu pai, Carlo Ancelotti, que, por uma feliz coincidência, figura entre os maiores estrategistas do planeta e é o atual regente da seleção brasileira. A segunda, e não menos relevante, é que sua primeira oportunidade como treinador principal surge em um palco de imensa visibilidade: o campeão brasileiro e da Libertadores.
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