Botafogo: Ancelotti Detalha Escolhas Táticas Após Derrota no Brasileirão

O Botafogo, após a recente eliminação na Copa do Brasil, voltou suas atenções para o Campeonato Brasileiro, onde enfrentou uma nova decepção. No último domingo, pela 23ª rodada, o Alvinegro foi superado pelo São Paulo por 1 a 0, em um confronto que expôs fragilidades e levantou questionamentos sobre as escolhas táticas do técnico Davide Ancelotti. A partida no Morumbi marcou a implementação de uma formação com três volantes e a surpreendente utilização de Danilo na ponta direita, gerando debate e a necessidade de explicações por parte do comando técnico.

A derrota não apenas impactou o moral da equipe, mas também trouxe uma reflexão profunda sobre o momento do clube. Ancelotti, em sua coletiva pós-jogo, detalhou os motivos por trás da configuração incomum, especialmente a ausência de Álvaro Montoro, que permaneceu no banco, e a escalação de Danilo em uma posição pouco habitual. Essas decisões, que não renderam o resultado esperado, colocaram o treinador no centro das discussões sobre o desempenho da equipe.

As Escolhas Táticas de Davide Ancelotti Sob Escrutínio

A principal justificativa de Davide Ancelotti para a formação adotada, que incluiu três volantes em campo, residiu na percepção de uma carência específica no elenco. O treinador italiano foi direto ao abordar a questão da falta de um jogador de ofício para a ponta direita, elemento que, segundo ele, influenciou diretamente a estratégia para o duelo contra o São Paulo.

Ainda sobre as escolhas, Ancelotti explicou a decisão de não utilizar Montoro desde o início. "A ideia de escalar três volantes foi primeiro pela falta de ponta direita que temos, porque Álvaro (Montoro) eu não considero que esteja preparado para jogar um jogo com a intensidade de hoje. Santi tem um processo de gripe, então precisava de um ponta jogando dentro do campo, Danilo já fez isso na Premier League com o Forest. A ideia era um ponta direita jogando por dentro, Vitinho um pouco mais no corredor lateral, como sempre fazemos", afirmou o técnico. Ele acrescentou que a condição física de Montoro não era a ideal nos dias que antecederam o jogo: "Nos últimos dois treinos, falei com ele (Montoro), não tinha muita energia. Certamente estará no jogo contra o Mirassol, vai voltar."

Desorganização em Campo e a Autocrítica do Treinador

A performance do Botafogo , especialmente na primeira etapa, foi marcada por uma evidente confusão tática. Mesmo com as alterações promovidas por Davide Ancelotti no segundo tempo, o time não conseguiu reverter o placar ou, sequer, buscar o empate. Diante do cenário de desorganização que se instalou no Morumbi, o técnico italiano não hesitou em assumir a total responsabilidade pelo resultado e pela incapacidade da equipe em encontrar um padrão de jogo.

Ancelotti expressou sua visão sobre a falha em transmitir a necessária continuidade e tranquilidade ao elenco . "Toda. Significa que não consigo transmitir neste momento essa continuidade que precisamos. Psicologicamente o time tem que estar mais tranquilo quando acontece algo negativo. Eu tenho que transmitir essa tranquilidade também. O banco tem que transmitir isso em geral, todos. Seguramente tenho toda responsabilidade. Nunca vou dar responsabilidade aos meus jogadores", declarou o treinador, reiterando seu papel central na condução da equipe e na absorção das críticas.

Repercussões na Tabela e Desafios Iminentes

Com a derrota para o São Paulo, o Botafogo manteve-se com 35 pontos na tabela de classificação do Campeonato Brasileiro. Os resultados da 23ª rodada tiveram um impacto negativo na posição do Alvinegro, que caiu da quinta para a sexta colocação. A equipe vê agora o G-4 se distanciar e as chances de título em 2025 diminuírem, tornando cada ponto conquistado fundamental para os objetivos na competição.

O próximo compromisso do Botafogo será um jogo atrasado, válido pela 12ª rodada, contra o Mirassol. A partida, agendada para a próxima quarta-feira, representa uma oportunidade crucial para a equipe reagir e buscar a recuperação no torneio, antes que a distância para os líderes se torne ainda maior.

Além das questões táticas e do desempenho em campo, Ancelotti abordou outros pontos relevantes na coletiva. Sobre a situação de Neto, que deixou o campo lesionado, o técnico informou: "Não falei com ele ainda e nem com o doutor depois do jogo. Sinto muito, não posso dar essa informação ainda. Saiu, vai ter algo, com certeza. Temos que avaliar agora com o departamento médico."

A Urgência de Reação: Organização e Mentalidade Vencedora

A falta de finalizações do Botafogo no primeiro tempo foi outro aspecto que incomodou o treinador. "Me incomoda, sim. Mas não é que não tivemos chutes, é que o Botafogo tem que jogar como uma equipe sempre. Não só botar coração, tem que jogar com organização, como um time. Podemos fazer gols só com as jogadas individuais, mas quando o jogo é assim não vamos ganhar", pontuou Ancelotti, enfatizando a necessidade de um jogo coletivo e bem estruturado.

As mudanças na equipe, como as entradas de Marlon Freitas, Barboza e Alex, também foram justificadas. O treinador explicou que Marlon Freitas não treinou por um hematoma, mas sua entrada foi motivada pela necessidade de um capitão em campo para reorganizar o time. Barboza, por sua vez, vinha de uma sequência de jogos sem estar 100% fisicamente, enquanto Alex enfrentava uma carga elevada de partidas. Finalmente, Ancelotti fez um apelo por uma mudança de mentalidade no elenco : "Temos que parar de pensar no ano passado, é um elenco diferente, é um time diferente, é uma temporada diferente. Temos um objetivo claro. Não temos que perder tempo. Hoje perdemos tempo jogando assim. No próximo jogo temos que reagir. Foi uma semana difícil não posso mentir. Uma semana difícil psicologicamente para todo o elenco , para todo o Botafogo . Mas o Botafogo tem que reagir. Reagir significa jogar melhor, com mais organização. Na adversidade, manter essa organização que perdemos hoje."