Botafogo: Ancelotti Aponta Falhas e Necessidade de Gols Pós-Empate

Após um domínio inicial promissor sobre o Corinthians, o Botafogo viu a vantagem esvair-se na segunda metade da partida, resultando em um empate por 1 a 1 em casa, pelo Brasileirão. A performance, que oscilou entre a imposição e a passividade, foi minuciosamente avaliada pelo técnico Davide Ancelotti.

O comandante italiano iniciou sua análise destacando o período de superioridade da equipe alvinegra. "A primeira meia hora foi muito boa. Jogamos um bom futebol, acho que também gastamos muita energia e não conseguimos o resultado que merecíamos. Com o volume que fizemos, temos que fazer mais gols."

Ancelotti complementou sua avaliação sobre o confronto, pontuando que a etapa final se mostrou consideravelmente mais desafiadora. As alterações promovidas pelo adversário injetaram vigor no Corinthians, exigindo uma postura defensiva mais acentuada do Glorioso. Para o treinador, a igualdade no placar reflete o equilíbrio final do embate: "A segunda foi mais difícil, as trocas deles colocaram muita energia e precisávamos defender mais. Acho que o resultado foi o correto."

A Lógica do Jogo e a Busca por Efetividade

Este foi o terceiro desafio de Davide Ancelotti à frente do Botafogo , marcando sua estreia como técnico principal após uma longa trajetória como auxiliar de seu pai, Carlo Ancelotti, no Real Madrid. Em meio ao processo de adaptação ao novo posto e à chegada de reforços, o treinador busca implantar sua metodologia, o que ele denomina de "Ancelotti Way".

O italiano reconhece que esse modelo de jogo demanda um dispêndio energético considerável, o que exige maior aproveitamento das oportunidades criadas. "Gostei da primeira parte, temos que jogar assim. Jogamos com bom ritmo, criamos boas combinações nos corredores laterais, tratamos de acreditar, recuperamos a bola rápido."

Apesar da insatisfação com o desfecho do jogo, Ancelotti não manifesta preocupação, mas sim um senso de inconformismo que visa impulsionar a melhoria contínua da equipe. "Claro, é uma maneira de jogar que custa muita energia, então temos que aproveitar mais disso. Preocupação não tenho. Tenho a sensação de insatisfação por esse jogo, tenho que abraçar porque a equipe tem que melhorar. Temos que trabalhar para fazer isso em muitos aspectos. Manter a equipe mais compacta na segunda parte porque vai ajudar mais quando defendermos, depois contra-atacar bem."

Foto: (André Durão)

Gestão de Elenco e a Confiança nos Talentos

Ainda sobre a composição do elenco e as escolhas táticas, Ancelotti dedicou atenção especial ao jovem Montoro. O técnico deposita grandes expectativas no atleta, reconhecendo seu elevado potencial técnico, mas sublinhando a necessidade de paciência devido à sua pouca idade. "Espero muito porque sendo um garoto de 17 anos tem qualidade muito alta. Mas tenho que saber que é muito jovem e está em um processo de melhora com a gente. Tem que manter essa mentalidade de aspirante, que não tem que perder nunca, e seguir como está fazendo. Hoje jogou pela direita e o fez muito bem, jogadores bons podem jogar em qualquer lugar. Tem que seguir assim."

O técnico também abordou a dinâmica da segunda etapa, reconhecendo a superioridade do Corinthians e a influência das ausências no meio-campo alvinegro. A falta de jogadores como o capitão Marlon Freitas e Danilo foi sentida, pois eles seriam opções cruciais para renovar a energia do setor. "Acho que Corinthians na segunda parte foi melhor e mereceu o empate. Hoje faltou um jogador muito importante para a gente que é o capitão (Marlon Freitas), e Danilo também. São dois jogadores que podem ajudar quando tenho que refrescar a energia no meio."

Questionado sobre a fase de Savarino, Ancelotti reforçou a importância do atacante para o grupo, enfatizando que ele precisa buscar seu espaço como qualquer outro jogador em um elenco competitivo e equilibrado. A crença na sua capacidade de recuperação é evidente. "É um jogador muito importante para esse elenco . Vai seguir sendo importante e tenha competitividade como todos porque temos um elenco equilibrado. Ele tem que trabalhar como todos para merecer jogar. Acredito que vai seguir sendo muito importante para o Botafogo ."

O Desafio da Consistência e o Próximo Confronto

Ao final de sua explanação, Ancelotti sintetizou o que, em sua visão, ainda falta ao Botafogo para consolidar seu modelo de jogo. Ele almeja uma equipe que combine a solidez defensiva com a capacidade de dominar as ações ofensivas, recuperando a bola rapidamente e gerando múltiplas chances de gol. "Uma maneira de jogar exigente, porque somos uma equipe que fecha muito bem o meio, defende a área muito bem, que sabe jogar um futebol especulativo, que pode contra-atacar. Quero que o time seja dominador na primeira parte do jogo, que recupera a bola rápido e pode sempre atacar duas vezes. E creio que nos primeiros 30 minutos fizemos isso. Mas é uma maneira de jogar cansativa, temos que aproveitar mais desse domínio, ser mais perigoso e gerar mais situações."

O Botafogo agora direciona seu foco para o próximo compromisso, que será na terça-feira, no jogo de ida das oitavas de final da Copa do Brasil, diante do Bragantino. A partida representa uma nova oportunidade para a equipe aplicar os ajustes necessários e demonstrar a consistência buscada por seu treinador.