Botafogo: A Paixão Uruguaia de Juan Vecino e a Herança de Manga e Loco Abreu

Neste sábado, no interior paulista, a 31ª rodada do Campeonato Brasileiro reserva um confronto entre Mirassol e Botafogo. Contudo, para além da disputa em campo, uma narrativa singular de devoção alvinegra se desenrolará nas arquibancadas do estádio Campos Maia. Juan Vecino, um cidadão uruguaio, personifica uma história de amor pelo Botafogo que transcende fronteiras e décadas, e estará presente para testemunhar mais um capítulo dessa paixão.

A jornada de Vecino com o Glorioso teve seu início há mais de meio século, em Montevidéu, e é intrinsecamente ligada a uma das maiores lendas do clube: o goleiro Manga. Foi a convivência familiar com o ídolo que plantou as sementes dessa afeição, que floresceria com o tempo e a distância. Embora também nutra carinho pelo Progreso, um modesto clube de Montevidéu, a paixão pelo time carioca se tornou uma força inabalável em sua vida.

A Herança de Manga: O Início de uma Paixão Botafoguense

A mudança para o Brasil em 2007, inicialmente com o propósito de atuar como correspondente de uma rádio uruguaia, não concretizou a carreira esperada, mas solidificou a ligação de Vecino com o Botafogo . Estabelecendo residência em Bálsamo, São Paulo, a menos de 15 quilômetros de Mirassol, ele encontrou um novo lar, onde a pressão para adotar um clube local foi constante, mas sua fidelidade permaneceu inabalável.

Vecino rememora com clareza o período que moldou sua escolha, destacando a figura central de Manga em sua formação como botafoguense. Sua narrativa revela a profundidade de uma amizade que transcendeu o campo e influenciou gerações:

Em 1969, o Nacional do Uruguai tinha o goleiro Manga, do Botafogo. Ele foi cinco vezes campeão uruguaio, campeão da América e do mundo pelo Nacional. O Manga fez uma grande amizade com minha mãe e meu padrasto. Então comecei a saber pelo que o Manga falava na minha casa. Eu vim para cá no final de 2007. Morando em São Paulo, todos me pressionavam para torcer por um time daqui. Tinha amigos, familiares que falavam do Santos, do Palmeiras, do Corinthians... mas já tinha essa afinidade com o Botafogo.

Loco Abreu: O Reforço de uma Devoção Duradoura

O destino, por vezes, parece alinhar-se com as paixões mais profundas. A chegada de outro compatriota e ídolo, Sebastián 'Loco' Abreu, ao Botafogo , praticamente coincidiu com a mudança de Vecino para o Brasil. Esse período marcou um capítulo vibrante na história recente do clube e serviu para cimentar ainda mais a devoção do uruguaio.

A identificação com a garra e o carisma de Loco Abreu, somada à base já estabelecida pela figura de Manga, transformou a simpatia inicial em um compromisso irrestrito. Vecino, hoje, não é apenas um espectador, mas um participante ativo na comunidade alvinegra, demonstrando a força de sua ligação:

Além disso, foi na época em que chegou o Loco Abreu e começou aquela linda história do Loco no clube. Sempre simpatizei com o Botafogo desde que estava no Uruguai e logicamente morando aqui reforcei meus laços. Sou sócio-torcedor, integro a Sampafogo (torcida organizada do estado), tenho uma história com o clube.

Fidelidade Inabalável: De Montevidéu ao Interior Paulista

Mesmo distante dos grandes centros do futebol brasileiro, Vecino mantém sua lealdade. Sua participação como sócio-torcedor e membro da Sampafogo, a torcida organizada do estado de São Paulo, são testemunhos de uma paixão que não conhece barreiras geográficas. A cada jogo, a cada vitória ou revés, a chama botafoguense arde com intensidade em seu peito.

A presença de Juan Vecino no estádio Campos Maia neste sábado não é apenas a de um torcedor comum, mas a de um guardião de uma tradição, um elo vivo entre o passado glorioso e o presente desafiador do Botafogo . Sua história é um lembrete inspirador de como o futebol pode criar laços duradouros, movidos por ídolos e por um amor que transcende o tempo e o espaço.