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Botafogo: A Demissão de Renato Paiva por John Textor - Análise Crítica e Impactos
Por Redação FutFogão em 01/07/2025 22:22
O cenário esportivo foi abalado pela drástica decisão de John Textor: a dispensa do treinador que conduziu o Botafogo às oitavas de final da Copa Libertadores, alcançando uma pontuação na fase de grupos superior à observada em 2024. Renato Paiva, ao confrontar a inatingível "Botafogo Way" defendida pelo sócio majoritário da SAF alvinegra, pagou um preço elevado por sua postura.
Antes de ter seu vínculo encerrado, o técnico português havia garantido a classificação do Glorioso na Copa do Brasil, posicionou a equipe às portas do G6 do Campeonato Brasileiro com um jogo a menos, e entregou um impressionante aproveitamento de 92,5% atuando em casa ? o melhor, com larga vantagem, desde que o empresário norte-americano assumiu o controle do futebol do clube carioca.
No Mundial de Clubes, o desempenho de Paiva foi notável, superando o Paris Saint-Germain, então campeão europeu, com uma verdadeira aula tática sobre como neutralizar um dos ataques mais potentes do planeta. Em contrapartida, a perda da liderança do grupo nos instantes finais, com a derrota para o Atlético de Madrid, e a eliminação diante do Palmeiras ? esta, sim, fruto de uma estratégia questionável ? maculou um percurso que, na balança geral, apresentava um saldo inequivocamente positivo.
O Legado Inesperado de Renato Paiva no Botafogo
A ruptura unilateral, portanto, soa como uma medida desproporcional e injusta. O comandante português não sofreu nenhuma derrota por mais de dois gols de diferença e demonstrou sinais claros de aprimoramento, mesmo sem adotar o estilo propositivo e ofensivo que o proprietário do clube tanto idealizava. No futebol, mais do que a beleza do jogo, a essência reside em vencer partidas e, por fim, conquistar títulos.
A delegação do Botafogo partiu rumo aos Estados Unidos sem a obrigação de avançar no que foi chamado de ?Grupo da Morte? da Copa do Mundo. A verdadeira missão era honrar a camisa e competir em alto nível. O Glorioso, contudo, foi além das expectativas, alcançando o mata-mata com uma performance que se tornou um marco para o futebol brasileiro.
Posteriormente, Paiva cometeu um equívoco ao tratar o Palmeiras como um gigante europeu, quando, na realidade, ambas as equipes possuíam condições equivalentes para um embate aberto e justo. Não era o momento de esperar o adversário para jogar no contra-ataque ou de depender exclusivamente das intervenções do goleiro John . Talvez, a decisão tenha sido tomada de forma automática, sob pressão. No entanto, uma simples chamada, um questionamento interno, ou uma conversa franca poderia ter solucionado a questão.
A Controvertida Visão de John Textor para o Glorioso
O que se viu, contudo, foi um divórcio radical, sem a oportunidade de ouvir a argumentação do treinador e com o proprietário se intrometendo diretamente nas decisões da equipe. Agora, o Mais Tradicional se encontra sem um líder técnico, com três competições cruciais pela frente e a necessidade de recomeçar do zero com a temporada em andamento. Paira no ar o receio quanto ao anúncio do novo profissional, dado o histórico de Textor de demorar um tempo considerável para fechar com novos comandantes. A saga está apenas em seu início.
Paiva, um frasista de primeira linha, mesmo sendo eliminado nas oitavas de final do Mundial, cativou outros treinadores participantes da competição ao traçar um paralelo entre o "futebol Walt Disney" e a realidade do esporte. De fato, com um desempenho que pode ser avaliado com uma nota 6 no Botafogo , ele demonstra um entendimento de futebol superior ao de Textor, cuja expertise reside no mundo dos negócios e nos bastidores, não na montagem dos 11 jogadores que devem iniciar as partidas.
O time alvinegro, nem mesmo em seu ano mais glorioso, conseguiu alcançar o utópico "Botafogo Way" do magnata. Pelo contrário, em 2024, o competente Artur Jorge também optou por jogar, em diversas ocasiões, com três volantes. Há jogos que, por sua natureza, demandam diferentes abordagens táticas. Contudo, cada vez mais centralizador, especialmente após se afastar da linha de frente do Lyon, o empresário americano enviou um recado claro ao demitir o português: "Ou joga como eu quero ou rua."
O Botafogo Diante de Um Novo Desafio Gerencial
Essa atitude se configura como um sinal teatral de força, com o claro desejo de agradar a torcida, que nunca nutriu grande simpatia pelo português. O próximo treinador do Glorioso, portanto, terá que se submeter e acatar a filosofia do "big boss". Infelizmente, essa é a dinâmica do jogo: Textor é o proprietário e sua palavra será sempre a final.
O mecenas, ao interromper um trabalho de apenas quatro meses, adota um método que remete aos antigos cartolas do futebol brasileiro, abandonando a promessa de uma gestão mais profissional e negando a própria condição de clube-empresa do Botafogo . Ele não ofereceu o respaldo a Paiva, conforme havia assegurado em fevereiro, após a recusa de outros profissionais.
Faltou pouco para que invadisse o vestiário aos gritos, com um pé na porta, para encarnar a caracterização perfeita dos velhos dirigentes. Contudo, o bilionário da Flórida preferiu terceirizar a tarefa de comunicar a dispensa do seu treinador aos diretores. A coerência, nesse episódio, passou longe.
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