- FutFogão
- Botafogo: A Batalha Oculta Pelo Poder na SAF e o Papel de Textor e Eagle
Botafogo: A Batalha Oculta Pelo Poder na SAF e o Papel de Textor e Eagle
Por Redação FutFogão em 26/09/2025 03:13
O Impasse Pelo Comando Alvinegro
A batalha pelo controle da Sociedade Anônima do Futebol (SAF) do Botafogo persiste, com John Textor e a Eagle, holding que detém a maior parte das ações, mantendo posições antagônicas. A empresa reitera que qualquer alteração estrutural e financeira só será implementada após a saída do empresário americano da liderança da SAF. Contudo, Textor, que não considera um afastamento do clube, parece buscar uma via alternativa para dirimir as tensões, aproximando-se de Christopher Mallon, um advogado britânico designado pelos acionistas da Eagle para atuar na companhia.
A chegada de Mallon à Eagle não é um fato isolado; ele já havia sido encarregado de reestruturar as finanças do Lyon quando Textor foi retirado da gestão do clube francês. Embora seja o fundador do grupo, a influência de Textor nas decisões da Eagle diminuiu consideravelmente desde abril, período em que o Lyon enfrentou um rebaixamento, posteriormente revertido, devido a problemas administrativos. A intenção da Eagle é que Mallon aplique no Botafogo a mesma estratégia utilizada no Lyon: uma revisão minuciosa de contratos, eliminação de despesas consideradas excessivas e um reequilíbrio do fluxo financeiro. Textor, inicialmente resistente à inclusão direta de uma nova figura na gestão do Alvinegro, agora explora outras vias para um possível entendimento.
Diálogo nos Bastidores: Uma Aproximação Inesperada
Apesar de a disputa ter ganhado um novo round nos tribunais, com a defesa da Eagle anexando uma petição na Justiça na última sexta-feira, os bastidores revelam uma aproximação entre Textor e Mallon nas semanas recentes. Fontes indicam que ambos trocaram mensagens em tom cordial. O americano expressou descontentamento com vazamentos para a imprensa brasileira, e o britânico, em resposta, garantiu não ser o responsável pelas informações, manifestando o desejo de preservar a unidade da Eagle.
Em 15 de setembro, a Eagle formalizou uma proposta de acordo judicial, apenas alguns dias depois de Textor ter publicamente declarado o fim do conflito. A resposta, entretanto, foi negativa. Em 12 de setembro, após um confronto contra o Vasco, o empresário americano havia se manifestado com otimismo sobre a situação:
? Até as melhores famílias brigam. No futebol, quando as famílias brigam, acontece em público. Mas a briga acabou. Estamos alinhados, vamos avançar. Eagle tem 90% das ações desse clube, não o clube social. Eagle é a dona. Adoramos o apoio que recebemos dos torcedores, adoramos o apoio que recebemos do clube social. A Eagle Football é dona desse clube, 90% dele. Eu sou o sócio majoritário da Eagle. Isso era verdadeiro há um ano, isso era verdadeiro há uma semana e será verdadeiro na próxima semana
A ideia de união foi reforçada por Textor e Mallon em uma chamada conjunta com João Paulo Magalhães, presidente do Botafogo . O objetivo era assegurar ao mandatário do clube social ? acionista minoritário da SAF, com 10% das ações ? que ambas as partes desejam um desfecho pacífico para o embate.
O Nó Jurídico e o Impasse Financeiro
A influência de Textor no Botafogo , mesmo sem o controle da Eagle, é mantida por uma ação judicial movida em julho, na qual ele solicitou o arresto das ações da holding junto à SAF. Essa medida impede qualquer mudança estrutural na gestão do Alvinegro. A Eagle, por sua vez, argumenta judicialmente que a ausência de uma representação legítima da Eagle Bidco perante a SAF Botafogo perpetua a controvérsia e pode gerar "significativos danos":
? Ou seja, enquanto não assegurada a correta e legítima representação da Eagle Bidco perante a SAF Botafogo , por meio de seu Diretor Independente, não será possível encerrar a controvérsia, sob pena de significativos danos à Eagle Bidco, à própria SAF Botafogo e ao Clube Associativo. Até porque não há garantia alguma de que novos atos nulos deixarão de ser praticados indevidamente pelo Sr. Textor. Tampouco há garantia de que não foram praticados outros atos nulos, que não são do conhecimento da Eagle Bidco ou desse MM. Juízo
A perspectiva da Eagle é que a saída de Textor é a única maneira de a empresa aportar recursos para o Botafogo . A falta de conhecimento sobre a real situação financeira do clube, incluindo seus ativos e passivos, é apontada como um obstáculo para atrair novos investidores. Textor, em contrapartida, afirma ter valores a receber de terceiros, como os mais de R$ 400 milhões cobrados do Lyon.
Embora ambos os lados declarem o desejo de resolver o imbróglio de forma amigável, a realidade indica que um acordo a curto prazo permanece distante. Enquanto a disputa se arrasta, o Botafogo não recebe os mesmos investimentos observados em fases anteriores da era SAF, especialmente para 2024, o que levanta preocupações sobre a capacidade do clube de honrar seus compromissos no próximo ano. O Alvinegro é um ativo valioso para a Eagle, mas a empresa condiciona futuros aportes à obtenção de informações financeiras detalhadas, como o tamanho atual da dívida e os valores comprometidos a curto e médio prazo, alegando ter conhecimento apenas do que é público, seja por balanços ou documentos judiciais.
Curtiu esse post?
Participe e suba no rank de membros