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Botafogo 2025: Lesões Explicam Queda de Desempenho e Custos na SAF
Por Redação FutFogão em 23/12/2025 07:38
Após vivenciar um 2024 memorável, coroado com a inédita conquista da Libertadores e o retorno ao título brasileiro depois de 29 anos, o Botafogo enfrentou um 2025 que frustrou as expectativas de novos troféus, apesar de ter garantido sua participação na fase prévia da Libertadores de 2026. Um dos fatores cruciais para essa performance aquém do esperado foi, inegavelmente, o alarmante volume de lesões que assolou o elenco, totalizando 55 baixas ao longo do ano. Este número não apenas representa um dos maiores desafios enfrentados pela equipe, mas também a posicionou como o clube da Série A com mais problemas médicos em 2025.
A análise dos dados revela um cenário preocupante para a gestão da Sociedade Anônima do Futebol (SAF), que assumiu o comando do clube no primeiro semestre de 2022. O ano de 2025 se consolidou como a segunda temporada com o maior registro de lesões desde a implementação do novo modelo administrativo. Superado apenas por 2022, que contabilizou 66 ocorrências, o desempenho de 2025 contrasta drasticamente com o ano vitorioso de 2024, quando o Botafogo registrou apenas 36 lesões. Esse salto representa um incremento de 53% nas ocorrências de uma temporada para a outra, levantando sérias questões sobre a gestão física dos atletas.
O Crescimento Alarmante de Lesões na Era SAF
Para ilustrar a evolução dos desafios físicos enfrentados pelo elenco alvinegro sob a gestão SAF, apresentamos os dados detalhados:
| Temporada | Número de Lesões |
|---|---|
| 2022 | 66 |
| 2023 | 36 |
| 2024 | 36 |
| 2025 | 55 |
Fonte: Gato Mestre
Entre as diversas ocorrências médicas que assolaram o plantel, as lesões na coxa se destacaram como as mais frequentes, somando 18 casos. Ao todo, onze jogadores do Botafogo sentiram algum tipo de dor ou desconforto nesta região. O venezuelano Savarino foi o atleta mais afetado por este tipo de lesão, registrando três idas ao departamento médico por problemas na coxa.
No que tange aos desfalques prolongados, o zagueiro Bastos figurou como o jogador que mais ficou fora de combate por questões médicas em 2025, perdendo 61 jogos. Sua temporada foi marcada por um problema crônico no joelho esquerdo, que o permitiu disputar apenas uma partida oficial, atuando por menos de dez minutos na vitória de 1 a 0 sobre o Nova Iguaçu, pelo Campeonato Carioca, em 6 de fevereiro.
Atletas Mais Afetados e Procedimentos Cirúrgicos
Savarino, por sua vez, foi o recordista em visitas ao departamento médico do Botafogo ao longo do ano. O meia venezuelano acumulou sete lesões na temporada, sendo três na coxa e outras quatro cujas naturezas não foram detalhadas pelo clube. Em 2025, essas baixas médicas o afastaram da equipe em 13 confrontos.
A gravidade de alguns casos exigiu intervenções cirúrgicas. Quatro jogadores precisaram passar por procedimentos: o atacante Jeffinho e os zagueiros Bastos e Kaio foram submetidos a cirurgias no joelho, enquanto o goleiro Neto passou por uma operação na coxa. Este cenário de intervenções complexas reforça a intensidade dos problemas enfrentados.
A Preparação Física Sob Escrutínio e Atritos Internos
A temporada de 2025 não foi apenas desafiadora em campo, mas também gerou tensões internas significativas. A preparação física, em particular, tornou-se um ponto de atrito entre jogadores, comissão técnica e diretoria. Luca Guerra, o preparador físico, cujos métodos eram frequentemente questionados internamente, foi apontado como o pivô da saída de Davide Ancelotti. Desde a chegada de Ancelotti, o Botafogo registrava uma nova baixa médica a cada quatro dias, um dado que por si só já indicava a necessidade de revisão dos protocolos.
As apurações do ge revelaram que a intensidade dos exercícios propostos por Luca Guerra causava desconforto no ambiente interno do clube. Entendia-se que a carga de trabalho imposta não se alinhava idealmente ao contexto do futebol brasileiro, caracterizado por uma sequência intensa de jogos. A percepção de que Guerra não compreendia plenamente a rotina do calendário nacional resultava em sessões de treinamento consideradas excessivamente pesadas.
Hierarquia Ignorada e o Desfecho de Ancelotti
Prevalecia a avaliação de que houve um aumento na carga dos treinamentos, e a constante troca de técnicos ao longo do ano, cada um com seus próprios estilos de preparação, apenas corroborou para a escalada dos problemas físicos. O diagnóstico interno apontava para uma intensidade exagerada em diferentes etapas do trabalho, desde o pré-treino preventivo até as atividades em campo.
A diretoria do Botafogo havia decidido pela dispensa de Luca Guerra no início de novembro, optando por comunicar a decisão apenas após o término do Campeonato Brasileiro, por razões logísticas. O primeiro contato oficial com Davide Ancelotti sobre o tema ocorreu aproximadamente um mês antes, e, inicialmente, o técnico demonstrou compreender as preocupações da diretoria. Contudo, nos dias que antecederam sua demissão, Davide declarou ao clube que a permanência de Guerra era "imprescindível", provocando o maior atrito e, consequentemente, sua saída.
Em 18 de dezembro, o ge noticiou que Luca Guerra frequentemente "passava por cima" da hierarquia do departamento médico do Botafogo . O preparador físico tinha o hábito de desconsiderar as instruções do Núcleo de Saúde e Performance ? como informações de mapa de calor, dados de cansaço e leituras físicas da fisiologia ? elaborando os treinos da equipe carioca conforme sua própria preferência. Essa autonomia questionável, em detrimento dos protocolos estabelecidos, adicionou uma camada de complexidade aos desafios físicos enfrentados pelo clube.
Critérios e Metodologia
As informações compiladas para esta pesquisa foram obtidas a partir do site oficial do Botafogo e verificadas junto aos setoristas do ge que acompanham o dia a dia do clube.
O recorte temporal deste levantamento abrangeu o período de 01 de janeiro de 2025 até a data de publicação desta matéria, 23 de dezembro de 2025. Quaisquer baixas médicas sofridas pelos jogadores fora deste intervalo não foram incluídas na pesquisa.
O critério de inclusão de um atleta no levantamento foi o impedimento de participação em pelo menos uma partida oficial por motivo clínico, conforme veto do departamento médico. Todos os problemas de saúde que impossibilitaram a escalação do jogador para o jogo seguinte foram considerados. Jogadores poupados, com desgaste físico ou problemas fisiológicos que não resultaram em veto médico não foram contabilizados.
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