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Botafogo 2025: Análise do Planejamento Tardo e Impacto no Elenco
Por Redação FutFogão em 23/08/2025 08:14
O Botafogo se aproxima de setembro de 2025 imerso em um processo de reconstrução que, surpreendentemente, ainda não se completou, apesar de ter sido iniciado no final da temporada anterior. Com a saída de peças fundamentais e a convicção de que a temporada só ganharia relevância a partir de abril, o clube arcou com os custos de um planejamento que se mostrou tardio. Agora, o desafio é encontrar uma consistência de desempenho inédita no ano, visando resgatar a confiança de uma torcida que esperava mais.
Após um 2024 glorioso, coroado com os títulos da Libertadores e do Campeonato Brasileiro, a expectativa era de uma continuidade vitoriosa. Contudo, o Alvinegro não conseguiu replicar em 2025 a resiliência que o levou aos troféus no ano anterior. O resultado tem sido uma sequência de atuações irregulares, marcadas por altos e baixos incessantes, e um elenco que exibe lacunas evidentes. A frase de Jéssica, ?Mais uma conta paga desde o início de 2025?, resume o sentimento após a recente eliminação.
As Consequências de um Início de Ano Posteriori
Em janeiro, antes mesmo da disputa da Supercopa, John Textor justificou a demora na contratação de um novo técnico, enfatizando a necessidade de prudência na escolha. Na ocasião, ele declarou: "Precisamos ganhar o Campeonato Brasileiro, competir na Libertadores e ir bem no Mundial. Por isso estou sendo cuidadoso de não tomar uma decisão tão rápida". Posteriormente, o dirigente reiterou em diversas ocasiões que o ano esportivo do clube só teria seu verdadeiro início em abril.
Essa perspectiva, adotada enquanto os rivais se fortaleciam no mercado de transferências, custou caro. O Alvinegro perdeu a Supercopa do Brasil para o Flamengo e foi eliminado precocemente do Campeonato Carioca, sequer alcançando a Taça Rio. As exibições sob o comando de Carlos Leiria e Cláudio Caçapa começaram a gerar desconforto, tanto no aspecto técnico quanto tático. Renato Paiva, o técnico escolhido, só foi anunciado após o vice-campeonato na Recopa Sul-Americana, decorridos 55 dias da saída oficial de Artur Jorge.
A intenção inicial era tratar os primeiros compromissos do ano como uma espécie de pré-temporada estendida. Na prática, essa estratégia não se concretizou. A ausência de uma liderança técnica definida para orientar os trabalhos gerou insatisfação no grupo de atletas e atrasou consideravelmente a assimilação das ideias do novo treinador.
O Ciclo de Mudanças e o Desgaste no Elenco
A chegada de Renato Paiva foi oficializada somente em 27 de fevereiro, após uma série de tentativas frustradas com outros nomes. Com múltiplas direções técnicas nos meses iniciais do ano, a equipe já havia perdido a coesão e os conceitos táticos da base que se sagrou campeã em 2024. Apesar de um investimento de quase R$ 500 milhões na primeira janela de transferências de 2025, o novo comandante não teve participação ativa nas escolhas dos reforços.
Desde sua chegada, Paiva enfrentou uma pressão constante e a falta de convicção vinda de todas as partes. O time seguiu para a Copa do Mundo de Clubes sem apresentar atuações convincentes e ainda com notórias lacunas no plantel. A vitória sobre o PSG serviu como um breve alívio, em um cenário de deterioração iminente. A eliminação diante do Palmeiras, contudo, representou o ponto final para sua passagem.
A reformulação do elenco foi drástica. Embora apenas Luiz Henrique e Almada, titulares nas conquistas anteriores, tenham deixado o clube de imediato, o Botafogo registrou quase 20 saídas no primeiro semestre, incluindo atletas que compunham o banco de reservas, como Tiquinho Soares e Tchê Tchê. O mercado de meio de ano era visto como uma chance para corrigir a rota, mas a situação não se alterou significativamente. Chegaram Arthur Cabral, Montoro, Kaio e Joaquín Correa, mas o volume de jogadores que deixaram a equipe foi novamente expressivo, incluindo os titulares Gregore, Igor Jesus e Jair.
Desafios Atuais e a Urgência por Soluções Defensivas
Com a súbita dispensa de Paiva, Davide Ancelotti assumiu o comando técnico. Em sua primeira experiência como treinador principal, o italiano registrou a terceira derrota em 11 jogos na eliminação para a LDU. A controversa formação com três volantes, que havia contribuído para a queda de Paiva, ressurgiu como tema de discussão após o revés em Quito.
O Botafogo continua a enfrentar problemas de composição no elenco , mesmo com a janela de transferências ainda em aberto e a temporada se aproximando da fase decisiva. Com o departamento médico sobrecarregado, a equipe carece de um zagueiro destro como alternativa: Bastos lesionou-se no início do ano, Jair foi negociado e Kaio sofreu uma lesão no começo deste mês. Na derrota contra o Palmeiras, Marlon Freitas chegou a ser improvisado no setor defensivo, enquanto o lateral Marçal foi mantido na zaga, mesmo com David Ricardo disponível no banco de reservas.
Sem Bastos por quase todo o ano e com Kaio Pantaleão também afastado por lesão, Barboza tem atuado no limite físico. Newton, que poderia ser adaptado para a posição, foi uma opção no segundo tempo na partida da eliminação. O clube insistiu na contratação de Alix Vinícius, mas o Atlético-GO recusou três propostas, e a busca por um novo defensor se arrasta desde a janela doméstica do início do ano. O mercado está em contagem regressiva para fechar, e o dia 2 de setembro é o prazo final para John Textor providenciar as alternativas que permitam ao treinador buscar um desfecho de temporada mais positivo do que o cenário atual indica.
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