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Bahia de Ceni: Análise da Solidez Defensiva, Evolução e Vitória sobre Botafogo
Por Redação FutFogão em 04/05/2025 01:04
O Esporte Clube Bahia alcançou um feito notável ao conquistar sua quinta vitória consecutiva, superando o Botafogo por 1 a 0 na Casa de Apostas Arena Fonte Nova. Este triunfo, válido pela sétima rodada do Brasileirão 2025, marcou também o quinto jogo seguido em que a equipe não sofreu gols, consolidando uma fase de rara solidez defensiva.
O placar foi construído no primeiro tempo, resultado de uma jogada individual de Erick Pulga que culminou no gol decisivo de Cauly. A partida teve um sabor especial pelo reencontro com o técnico Renato Paiva, ex-comandante tricolor.
Após o confronto, o técnico Rogério Ceni compartilhou suas impressões em coletiva de imprensa, enfatizando a importância da consistência defensiva como um dos principais avanços da equipe.
A Defesa como Pilar da Evolução do Bahia
- Jogo difícil, chuva atrapalhou no sentido físico de jogo, não temos tanta força física quanto o Botafogo. Mas mais uma vez a gente lutou até o fim, jogo taticamente bom defensivamente, tivemos oportunidades para ampliar. Falta do segundo gol fez com que a gente sofresse mais defensivamente, mas trabalhamos bem o bloco defensivo. Mais importante quanto o resultado é passar tanto tempo sem sofrer gol, talvez seja a maior evolução em relação ao ano passado.
Ceni não poupou elogios ao empenho de seus comandados, ressaltando que a dedicação em campo tem sido "inegociável". Ele acredita que a seriedade com que o clube é gerido e as condições oferecidas aos atletas no dia a dia são fatores cruciais para o bom momento.
A capacidade de competir de igual para igual com equipes de ponta foi outro ponto destacado pelo treinador, mencionando o Botafogo como um exemplo de adversário de alto nível.
- Maior motivação são as condições que o clube oferece aos jogadores no dia a dia, eles reconhecem isso. Maneira séria como o clube é tratado, fator preponderante hoje no futebol. Bacana ver o Bahia crescendo desse jeito. Para se atingir o topo tem que enfrentar e jogar de igual para igual com adversários que estejam no topo. Inegável que o Botafogo alcançou a glória ano passado. Quanto mais a gente enfrentar equipes como essas em pé de igualdade, estamos perto de chegar no nível mais alto.
Está cedo, ainda não estamos no nível de alguns times, mas temos deixado tudo no campo de jogo, isso é inegociável. A única coisa que não ajustamos é vontade de vencer
Desgaste, Próximos Desafios e o Papel do Torcedor
O calendário apertado e a intensidade dos jogos impõem um desgaste considerável ao elenco. O próximo compromisso do Bahia é pela Libertadores, nesta quarta-feira, contra o Nacional-URU, novamente na Arena Fonte Nova. Uma vitória combinada com um resultado favorável em outro jogo do grupo pode selar a classificação antecipada.
O confronto continental promete ser mais um teste físico e tático, e Ceni fez um apelo à torcida para que compareça e incentive a equipe.
- Jogo pesado, atletas estão cansados. Agora, com um dia a mais, espero que eles possam descansar porque quarta voltamos ao campo de batalha novamente e esperamos o incentivo do torcedor, que ajudou muito hoje. Fazer mais um jogo físico, Nacional é time forte, alto, se defende bem, precisamos furar esse bloqueio para vencer quarta.
Análise do Sistema Defensivo e Destaques Individuais
Ao analisar a solidez defensiva, Ceni fez questão de frisar que o mérito não se restringe aos zagueiros, mas sim a um trabalho coletivo que começa na frente.
- É impossível falar dos zagueiros sem colocar o restante do time. Eles amortizam a chegada do adversário, os seis homens de frente, o serviço que fazem para que os quatro homens de trás tenham serviço facilitado ou que defendam muita bola aérea porque por dentro os adversários têm encontrado dificuldade de entrar. Rezende fez bom jogo, David também, Santi vem fazendo um bom jogo atrás do outro. Gabriel fez outro jogo seguro depois de voltar. Erick foi fundamental na bola aérea, jogou mais no ataque ao espaço, maneira que melhor encontramos para ter construção com Juba. Destacar todos, mas acho que é um sistema. Os quatro se destacam, Marcos Felipe fez grande partida também, mas pelos outros seis que ajudam.
O goleiro Marcos Felipe recebeu elogios específicos por sua atuação contra o Botafogo , destacando sua qualidade na saída de bola no primeiro tempo e as defesas realizadas na segunda etapa. Ceni notou a evolução do jogador, que tem exercido a função de capitão.
- Acho que o primeiro tempo dele foi espetacular com os pés. Homem livre era o goleiro numa marcação encaixada, tem que ter muita criatividade. Fez boas escolhas curtas e lançamentos ótimos atrás da última linha. Fez belo trabalho com os pés no primeiro tempo e, no segundo tempo, com as mãos, fez boas defesas. Tem feito bons jogos, tem crescido, tem usado a faixa de capitão. Marcos Felipe foi muito bem.
A mescla de aplicação tática, talento individual e, acima de tudo, o desejo de vencer, foram apontados como a receita para o sucesso da equipe. A confiança, segundo o técnico, é construída jogo a jogo.
- Aplicação tática ao talento individual. Grande jogada que o Pulga faz, mescla de tudo isso. Vontade de vencer, de querer melhorar a cada ano. Lances de um contra um, a gente trabalha para colocar esses jogadores assim, mas o desejo por vencer, querer mais. Confiança é um fator fundamental, e vencer jogo após jogo lhe traz confiança. Luta, posicionamento, parte tática com bloco defensivo. Pressão fazemos muitas vezes, mas, às vezes, tem que entender que o adversário tem muita força e precisa ter paciência. Faz parte de um bloco de defesa que tem sido cada vez mais sólido.
O Processo de Amadurecimento e Contratações de Impacto
Ceni refletiu sobre o amadurecimento do grupo ao enfrentar adversários de peso no cenário nacional e continental, como Palmeiras, Flamengo, Botafogo e Atlético Nacional.
- Em tese jogamos contra Palmeiras, uma das melhores equipes do Brasil, junto ao Flamengo. Enfrentamos o Botafogo, atual campeão da Libertadores. Atlético Nacional, físico, técnico. Enfrentar esses caras sem sofrer é difícil, mas fico feliz em competir contra esses times. Enfrentamos no mínimo em grau de igualdade, isso para mim é o mais prazeroso. Ganhar ou perder é detalhe. O fato de hoje ser tão diferente de 2023, que a gente possa jogar de igual para igual com um sistema de jogo e com individualidade, é bem prazeroso.
A análise da partida contra o Botafogo evidenciou a exigência física, as dificuldades impostas pela chuva no segundo tempo e a capacidade do time em "saber sofrer", defendendo-se com concentração nos momentos necessários.
- Exigiu muito da parte física. Primeiro tempo construímos muito. Segundo tempo característica mudou, choveu muito, erramos muitos passes. Campo mais pesado. Aí contra-atacamos bem, fechamos bem, era o que podia ser feito. Tivemos a possibilidade de fazer o gol e definir. Fizemos gol anulado, Jean Lucas e Willian saindo na cara do gol. A gente se ajustou bem, e vamos sofrer todo jogo. Louvável a capacidade de se concentrar e se defender em momentos que o jogo precisa.
Uma menção honrosa foi feita ao zagueiro Ramos Mingo, cuja personalidade e dedicação impressionaram Ceni desde o primeiro contato. O treinador descreveu a contratação do argentino como um dos maiores acertos do clube, destacando seu caráter e "alma" em campo.
- Em Girona, foi uma das coisas que mais fiquei impressionado, sem conhecer ninguém, falar a nossa língua, cantou o jogo, foi o que mais me encantou. Conhecia por vídeo, tínhamos dois argentinos, dois mais jovens que o Santiago, mas escolhemos ele pelo jogo aéreo melhor. Tem caráter, é o que define ele, caráter do jogo, que vive o jogo, tem alma. Bonito de ver esse cara trabalhar no dia a dia, o que ele é como ser humano, pessoa. Esse cara é nota mil, fantástico. Baita contratação que o Bahia fez. Talvez o maior acerto do Bahia nas contratações seja o ser humano. Ser humano a gente melhora quando o cara é bom e tem caráter.
Rogério Ceni enfatizou que a construção de um time é um processo contínuo, que não acontece "da noite para o dia". Ele convidou a analisar a trajetória do Bahia nos últimos 19 meses, reconhecendo a evolução louvável da equipe, apesar de resultados pontuais menos positivos, como o jogo contra o Cruzeiro.
- Se perder o próximo jogo não aprendemos mais. Acho que contra o Corinthians jogamos um primeiro tempo fantástico, tivemos a expulsão, fizemos um bom jogo defensivo e tomamos o gol. Contra o Inter fizemos um grande jogo, talvez o melhor, mas é um time experiente. Contra o Santos talvez o jogo mais fraco dos três, caímos no segundo tempo. Tudo está no pacote de um processo de jogo, construir um time não é uma coisa que se faz da noite para o dia. Analisar os últimos 19 meses, de onde o Bahia saiu para onde está hoje. Louvável isso. Resultado é o aspecto final, mas a maneira que temos chegado, com exceção do jogo contra o Cruzeiro, uma lástima.
Superando Ausências e Buscando o Segundo Gol
As lesões, especialmente na lateral direita, representam um desafio significativo para a comissão técnica, limitando as opções e o trabalho nos treinos. No entanto, Ceni reiterou o compromisso dos jogadores com a ideia de jogo.
- Acho que a peça fundamental que falta para a gente neste momento é ter dois laterais-direito lesionados. Treinei com o Fredi, tem o Kauã, treinei com o Erick. Gabriel fez isso em um jogo contra Vitória, sofremos bastante. Como vou treinar o Erick se ele só se recuperou e não foi para o campo...É muito na teoria. Dedicação de todos, os grandes responsáveis são os caras que compraram essa ideia. Podemos ainda não ser o melhor time, ter defeitos, mas os caras têm deixado tudo dentro de campo. Uma hora ou outra pode acontecer um revés mesmo jogando de forma competitiva, jogador precisa de carinho. Aplaudir, gritar. Mexe com o torcedor. Cantem o nome de cada jogador porque eles têm orgulhado muito o torcedor do Bahia.
Por fim, o técnico abordou a dificuldade em marcar o segundo gol em algumas partidas, apesar de criar oportunidades. Ele defendeu as decisões dos jogadores em lances cruciais, considerando o contexto de cansaço e as condições do campo, mas enfatizou a importância de continuar tentando.
- Nós tentamos sempre fazer o gol, esse sempre é o objetivo. Com os que estão fora trabalhamos finalização, com os que estão cansados não dá para trabalhar. Willian fez o certo a cavada, eu faria a mesma coisa, não faria na verdade porque eu tenho a capacidade dele. Campo com água, a bola escorregou. Jean Lucas poderia ter driblado o goleiro, mas aos 48 do segundo tempo, depois de correr 12 quilômetros. Não é fácil. O importante é criar situações, uma hora vamos fazer mais, outra hora menos, mas não pode deixar de tentar, isso é o mais importante.
A fase atual do Bahia, marcada pela consistência defensiva e a dedicação do elenco , sob a batuta de Rogério Ceni, indica uma equipe em clara ascensão, pronta para os desafios que se apresentam, seja no cenário nacional ou internacional.
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