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Ancelotti no Botafogo: Desafios Táticos e Montagem do Elenco
Por Redação FutFogão em 09/07/2025 08:23
A chegada de Davide Ancelotti ao Rio de Janeiro, nesta terça-feira (8), marca um ponto de virada em sua carreira. Aos 35 anos, o filho de Carlo Ancelotti, renomado treinador da Seleção Brasileira, assume o desafio de comandar o Botafogo, deixando a função de auxiliar para trilhar seu próprio caminho como técnico principal. O Glorioso, detentor de títulos expressivos como o Brasileirão e a Copa Libertadores, impõe uma pressão considerável. Contudo, Ancelotti não apenas enfrentará a expectativa inerente a um clube de tal magnitude, mas também terá de desvendar uma série de complexos enigmas e situações pendentes no plantel alvinegro antes mesmo de sua estreia oficial.
Os dias que antecederam a chegada do novo comandante foram marcados por significativas movimentações no elenco. Conforme antecipado, após a participação no Mundial de Clubes, o centroavante Igor Jesus e o zagueiro Jair concretizaram suas transferências para o Nottingham Forest, na Inglaterra. O atacante Elias, que não integrou a delegação nos Estados Unidos, está de partida para o Santa Clara, em Portugal. Além dessas baixas confirmadas, o goleiro John, o lateral-esquerdo Cuiabano, o volante Gregore e o meia-atacante Savarino permanecem alvos de constantes assédios no mercado. Soma-se a isso o interesse de clubes do mundo árabe no centroavante Rwan. Com a iminente abertura da janela de transferências na quinta-feira (10), o tempo se torna um fator crítico para Davide Ancelotti. Sua missão inicial será a de diagnosticar o grupo, identificar as carências mais urgentes, e, em conjunto com a equipe de scout, buscar os nomes que irão recompor e fortalecer o plantel.
Apesar de sua vivência em algumas das maiores ligas europeias, acompanhando o pai em clubes como Bayern de Munique, Everton, Napoli e Real Madrid, a realidade do futebol brasileiro e as particularidades do elenco do Botafogo são, para Ancelotti, um terreno ainda inexplorado. Ele necessitará de um período de adaptação, um processo que treinadores já familiarizados com o cenário nacional, como Renato Paiva, não precisariam atravessar. Adicionalmente, sua jornada no comando do Glorioso se inicia sem a presença de Igor Jesus , peça fundamental e artilheiro da equipe em 2025. A capacidade de Arthur Cabral, ex-Benfica, e Tucu Correa, de características distintas, em preencher a lacuna deixada pelo camisa 99, ainda carece de comprovação prática em campo, com a minutagem adequada para demonstrar seu potencial.
Os Primeiros Quebra-Cabeças Táticos de Ancelotti
O setor de meio-campo apresenta um dos primeiros dilemas táticos para Ancelotti. A dupla formada por Gregore e Marlon Freitas consolidou-se como "intocável" desde a vitoriosa campanha de 2024, demonstrando um entrosamento notável. A chegada de Allan, com quem Davide já trabalhou nos tempos de Napoli, e sua destacada performance no último Mundial, atuando como terceiro elemento no meio-campo, superando o rendimento de Savarino, o "10" de ofício, adiciona uma nova camada à equação. Contudo, John Textor, sócio majoritário da SAF do Botafogo , já manifestou sua preferência por um modelo de jogo que se alinha aos preceitos do "Botafogo Way", uma filosofia mais ofensiva idealizada pelo empresário norte-americano, e que, segundo ele, seria contrariada pela utilização de três volantes. Resta saber se este será o primeiro grande impasse para o treinador italiano, e como ele planeja a recuperação do venezuelano Savarino. O próprio técnico, em uma declaração que oferece um vislumbre de sua abordagem, explicou sua visão sobre a busca por um estilo ideal de praticar o esporte:
Meu pai me ensinou a ser flexível. A me adaptar, a ter ideias e maneiras diferentes de vencer. É importante para um time saber administrar as diferentes fases do jogo. Dito isso, cada um tem suas preferências. Eu prefiro um estilo de futebol um pouco mais vertical, mais ousado. Mas se eu tivesse que resumir minha ideia de futebol, diria que o importante é saber fazer muitas coisas em um nível muito alto.
A lateral esquerda, por sua vez, é outra área que demandará atenção estratégica. Renato Paiva, o antecessor de Davide Ancelotti, frequentemente realizava uma alteração padrão durante as partidas do Alvinegro: a substituição de Alex Telles, que demonstrava sinais de cansaço no segundo tempo, por um Cuiabano com maior fôlego. O treinador português, inclusive, obteve resultados positivos ao utilizar ambos em campo, deslocando Cuiabano para uma posição mais avançada, seja como ponta ou até mesmo como meia-atacante. A questão gera debate: Cuiabano , de fato, é mais incisivo no ataque, mas em certas ocasiões, precisará atuar na função defensiva principal. A menos que Marçal, com seus 36 anos, possa emergir como uma alternativa confiável e viável para o novo comandante do Fogão, a gestão dessa posição será um teste para a flexibilidade tática de Ancelotti.
Os Desafios Imediatos e o Futuro Competitivo
A partir do final do mês, Ancelotti e o Botafogo enfrentarão uma sequência de desafios em dois torneios eliminatórios cruciais. O Glorioso terá de se preparar para confrontos decisivos contra o Bragantino e a LDU (ECU), buscando uma vaga nas quartas de final. Um eventual insucesso em ambas as frentes poderia comprometer seriamente a participação na Copa do Brasil de 2026, uma vez que o clube não assegurou sua vaga através do Campeonato Estadual. Nesse cenário, o Botafogo concentraria suas esperanças no Brasileirão, onde a permanência no G6 seria fundamental para evitar prejuízos maiores. Embora este represente o cenário mais desfavorável, é importante ressaltar que não há adversários intransponíveis nas próximas fases, o que abre a possibilidade para que o novo técnico supere esses obstáculos iniciais sem maiores contratempos, pavimentando um caminho mais sereno para o restante da temporada.
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